Um dos carros mais sensacionais da história |
O ano de 1991 foi
incrível para os entusiastas da marca BMW. Desde 1978 sem colocarem os olhos em
um esportivo ou supercarro da marca, a Italdesign, empresa de Giorgetto
Giugiaro, mostrou o Nazca, uma criação que só pode ser classificada como
fabulosa, ainda hoje. O esportivo anterior havia sido o M1, outro grande
projeto.
A Italdesign nunca
deu ponto sem nó, e fez um carro totalmente funcional, já que é uma empresa
também de engenharia, capaz de conceber veículos e outros tipos de produtos visando
a fabricação industrial, desde os primeiros rascunhos dos estilistas até a
construção de protótipos totalmente funcionais. Muito mais que apenas uma casa ou estúdio de estilo.
Esse carro é sem
dúvida um dos conceitos mais legais de todos os tempos. Pelas especificações,
fotos e filme, ele é incrível, para dizer pouco, e foi sempre bem divulgado pela
marca, o que faz mais fácil a vida de quem tem interesse nesse tipo de pesquisa
sobre história dos automóveis.
M12: já imaginaram isso sendo produzido em série? |
O motor do M12, a
primeira forma do Nazca, é o V-12 de 5 litros do BMW 750, o maior do fabricante na época, aqui com 304 cv. Chegava a pouco mais de 280
km/h e foram construídos apenas três carros.
O criador dessa
maravilha de carroceria para acomodar uma mecânica de nobreza comprovada foi o
filho de Giorgetto, Fabrizio, que desenhou o Nazca aos 26 anos de idade, a partir de rascunhos que seu pai fizera,
mostrando a idéia para o carro. O quanto o carro tem dele ou de seu pai, só
eles sabem, mas o resultado foi ótimo de qualquer forma.
Giugiaro é terrível, no bom sentido.
O artista desenhou o primeiro Golf, o primeiro Passat, o Lancia Delta, o Lotus
Esprit, o Uno original, e por aí vai. Deve ser o estilista/estúdio, de maior
aprovação pelos trabalhos realizados, e não teve muitas obras onde tenha se
perdido. Alguns de seus antigos clientes é que se perderam, como a Lancia, que
resolveu fazer carros grandes e gordos depois do sucesso do Delta, ou a
Volkswagen, que tem todos os carros iguais hoje, em tamanhos P, M , G e GG. O mundo ficou mais chato
mesmo....Mas desde o final de 2011 a Italdesign é 80% da Volkswagen e Fabrizio, o executivo que toca o dia a dia lá.
Para transformar
idéias em realidade, porém, são necessários engenheiros, e Marco Mantovani,
filho de Aldo, o sócio de Giorgetto, foi a mão com a calculadora nesse
impressionante automóvel.
Diferente do anterior
M1 e suas linhas quase retas e cheias de vincos, as curvaturas generosas do
Nazca levaram a uma cobertura transparente, de vidro reflexivo, para evitar o cozimento dos ocupantes, fato
que ocorre mesmo com um bom ar-condicionado, já que o calor por radiação solar
nada tem a ver com o de transmissão pelo ar interno à cabine. Insolação pode
ocorrer também em temperaturas baixas, basta ver as agruras de alpinistas de
grandes altitudes.
A visibilidade é muito boa para fora, parecendo que o carro é aberto, mas pouco se vê do interior para quem está de fora.
A visibilidade é muito boa para fora, parecendo que o carro é aberto, mas pouco se vê do interior para quem está de fora.
A bela e aerodinâmica
carroceria é de compósito de fibra de carbono, com um coeficente de arrasto
divulgado pela BMW de 0,26 no M12.
O Sultão de Brunei,
notório colecionador (ou acumulador, dada a extrema intoxicação financeira),
pediu um carro para ele, e a Italdesign o fez, dessa vez com motor alterado pela
Alpina, o S70B56, com 355 cv, com limite de rotações subindo de 6.200 para 7.000
rpm. Esse carro é o azul das fotos abaixo.
Em 1992, algumas
alterações no projeto original resultaram no C2, que teve versão fechada e sem
capota, este último com o motor do 850 CSi, de 5,7 litros e 385 cv, que além da
maior potência tinha 100 kg a menos que o M12.
C2: não é fácil encontrar defeitos num desenho desses |
Forma pura e que parece cada dia mais atual |
Os bancos são
assimétricos, com os apoios laterais menores do lado de fora, para facilitar aos ocupantes entrar e sair. Instrumentos, volante e comandos elétricos são todos de produção
normal da BMW, garantia de funcionalidade e de qualidade.
Suspensões muito
próximas de carros de corrida do Grupo C fazem o carro bastante duro, mas a
estabilidade está na mesma medida. Nâo havia sub ou sobreesterço, o carro era
colado ao solo, tirando de letra estradas de serra com curvas fechadas. O
curso, porém, é muito pequeno, e o conforto, limitado.
A direção é rápida
demais, e mesmo pequenos movimentos das mãos e desvios para comandar algo como
os espelhos, por exemplo, fazem o carro se mover. Ponto que deveria ser
corrigido numa eventual produção em maior quantidade.
O C2 era muito rápido
para 1992, e ainda é atualmente. De zero a 100 km/h em 4,2 segundos e 297 km/h são muito respeitáveis.
Em viagem feita por
jornalista da revista Autocar, o carro marcou 11 km/l andando a média de 150
km/h. Mesmo com o aumento do coeficiente de arrasto (Cx) para 0,295.
Se fosse produzido, o
Nazca teria algumas alterações para ser mais fácil de ser dirigido e atender
às normas legais de vários países. Para isso, os faróis passariam a ser
escamoteáveis, já que eram muito próximos do solo, pneus e rodas teriam que ser
um pouco mais estreitos para diminui as caixas de rodas e a largura total do
carro, que chegava a 1.990 mm, praticamente um Landau ! O painel e alavanca de câmbio
iriam 50 mm para frente, trazendo mais espaço, assistência de direção teria que ser
adicionada, bem como isoladores de ruídos e vibrações no assoalho e caixas de
rodas, local notório na geração do ruído de rolagem de pneus, um problema de
muitos carros até hoje. O teto seria mais alto 25 mm para afastar as cabeças,
sempre ótimo do ponto de vista de segurança e acesso ao interior. Isso não
seria problema para o estilo do carro, pois era realmente muito baixo, com 1.105
mm, apenas 3,5 polegadas acima das 40 do famoso GT40, uma referência quando se
fala de carro esportivo baixo de verdade.
No ano de 1992, a
Italdesign queria anunciar no salão de Turim que o carro seria produzido a um
ritmo de cinquenta unidades por ano, Com preço entre 185 e 225 mil libras
esterlinas, mais ou menos a metade do McLaren F1, mas ficou apenas em poucas
unidades.
Dada a raridade e as
ótimas características, além de um estilo autêntico, quando aparece algum sendo
negociado, os preços giram ao redor de um milhão de dólares.
Um modelo M12 na exposição e concurso de Pebble Beach |
O C2 na frente, com o M12 ao fundo |
Os faróis eram escamoteáveis por causa de alguma lei que determinava sua altura em ralação ao chão?
ResponderExcluirOs faróis provavelmente seriam escamoteáveis, caso o carro entrassem em produção.
ExcluirCitação do texto do JJ:
"Se fosse produzido, o Nazca teria algumas alterações para ser mais fácil de ser dirigido e atender às normas legais de vários países. Para isso, os faróis passariam a ser escamoteáveis, já que eram muito próximos do solo ..."
Perguntando de outra forma: A lei que obrigaria o farol ser escamoteável? As Ferraris tinham escamoteáveis por causa de alguma lei?
ExcluirA lei específica eu não sei, mas farós muito baixos deviam ser escamoteáveis pela altura relativa ao solo.
ExcluirAbaixo segue um texto traduzido da wikipédia sobre o tema:
"Numerosos fabricantes de automóveis usavam faróis escamoteáveis para contornar a regulagem de altura dos faróis. Nos Estados Unidos, por exemplo, a Toyota exportou sua versão de farol retrátil do AE86, conhecido como Sprinter Tureno, no lugar do Corolla Levin. Como o primeiro teve maior altura dos faróis, suficiente para satisfazer as regulamentações dos EUA, em vez de elevar a altura do corpo que afetaria o manuseio do carro.
Leis norte-americanas permitem agora faróis aerodinâmicos, em detrimento aos faróis escamoteáveis, que representam custo adicional, peso e complexidade, bem como preocupações com a confiabilidade com a idade dos carros.
Normas internacionais de segurança automotiva, como a ECE, também têm incorporado recentemente proteção aos pedestres restringindo protuberâncias de carrocerias de automóveis, tornando-se mais difícil e caro para projetar tais faróis.
A última vez que faróis escamoteáveis apareceram em um carro de produção foi em 2004, quando o Lotus Esprit e o Corvette C5 terminaram sua produção. Desenvolvimento de eficientes e brilhantes faróis de LED, de tamanho pequeno, provavelmente evitaria a necessidade de faróis escamoteáveis completamente".
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Hidden_headlamps
Alguns dos problemas com os farós escamoteáveis: no inverno as tampas dos farós se congelam quando fechada, além de normalmente não se lavar um farol deste tipo. Como o mecanismo escamoteável do farol falha, os proprietários iriam deixá-las abertas o tempo todo, o que não é uma boa ideia. Alguém atingido por um carro com faróis escamoteváveis abertos pode ficar gravemente ferido. Para os padrões globais de segurança isso não é nada bom.
Quando vejo esses projetos, de mais que 20 anos e ainda tão atuais, me pergunto o que aconteceu, para piorarmos tanto...
ResponderExcluirAri Rocha
Professor Ari Rocha,
Excluirmuito fácil responder, e o senhor sabe a resposta: projetam-se carros para agradar à maioria e vender. Carro para quem gosta de carro de verdade é cada vez mais raro.
Um grande abraço !
Falou tudo, JJ!
ExcluirAurélio.
Simplesmente um dos carros com o desenho mais incrível já criado.
ResponderExcluirÉ impressionante que mesmo com a atual mania de se fazer carros com cada vez mais vincos, o M12 e os C2 conseguem parecer cada vez mais belos e atuais. É um desenho atemporal, assim como um ótimo exemplo que beleza e funcionalidade podem andar juntos.
ResponderExcluirMas queria mesmo saber era se alguém muito endinheirado poderia encomendar um novo em folha para a Italdesign, mesmo que com outros componetes mecânicos, como o V10 que equipava o M5.
Fabio, Os Porsche/Dauer de rua tinham os faróis mais altos por força de lei na Alemanha. SNME existe lei pra este item em quase todos os países.
ResponderExcluirEu tenho um Poster de uma Quatro Rodas com o C2, um belíssimo carro.
Excelente post, mas poderia ter sido dito algo sobre outro filho do mesmo projeto, o Volkswagen Nardo.
ResponderExcluirMe fez lembrar o poster que eu tinha no meu quarto... veio na "Quatro Rodas", acho que a maioria sabe do que estou dizendo.
ResponderExcluirEu tenho o poster e a miniatura montada da Revell , na qual eu modifiquei a grade para o modelo BMW. escala 1:24.
ResponderExcluirNão sei quem copiou de quem mas a GM tinha um protótipo muito parecido em 1990 chamado CERV III. Me lembrei por causa de um joguinho de PC antigo que eu jogava...
ResponderExcluirNão era tão parecido, não, as proporções eram bem diferentes, principalmente na metade posterior.
Excluirhttp://www.supercars.net/Pics?v=y&s=c&id=316&p=1990_Chevrolet_CorvetteCERVIIIConcept2.jpg
Need for Speed II SE - Eu tenho original até hoje guardado...kkk
ExcluirGrande sultão do Brunei: pediu o carro como eu pediria, ou seja, com um interior que não o feio, soturno, e claustrofóbico pretinho básico. Ô praga dos infernos! Viva os interiores claros!
ResponderExcluirEstava esperando por esse post...
ResponderExcluirO motor S70 da M12 do Sultão não é o mesmo utilizado na MacLaren F1?
Essa traseira lembra bastante a do Acura NSX - outro carro que merece um post.
Lorenzo Frigerio,
Excluirquando você pediu, eu anotei, por isso está aqui. O Cizeta Moroder ainda vai demorar um pouquinho, aguente aí.
O motor do F1 era o S70/2, com o duplo VANOS, diferente desse do Nazca.
... e para quem é fã do Giugiaro, vai haver uma exposição dedicada a ele, no Museu da Casa Brasileira, aqui em São Paulo, a partir de 07/02.
ResponderExcluirwww.mcb.org.br
Que carro lindo!
ResponderExcluirÉ o carro mais lindo que já vi. O Sultão tem muito bom gosto.
Muito louca essa matéria! Seria interesante ver uma matéria sobre o Italdesign (ou Lamborghini) Calà, sou muito fã deste carro. Aproveitando, gostaria de parabenizar-lhes pelo ótimo conteudo do site!
ResponderExcluirTambém gosto do Nazca C2, mas o Calà é incrível, realmente seria legal uma matéria sobre ele. Ótimo site!
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