A mais ou menos um ano atrás, estava o MAO com um par de colegas em viagem de trabalho ao interior da Argentina. Numa agradável noite de verão dessas, sentamo-nos os três em um restaurante com mesinhas para fora, e relaxei profundamente na confortável cadeira, sorvendo lentamente um belo copo de Quilmes bem gelada. Poucas coisas são melhores do que isso na vida: depois de um dia de trabalho intenso e tenso, a sensação gostosa de que a missão foi cumprida até ali, que o dia seguinte ainda teria mais trabalho duro, mas que ele seria bem-vindo. Tem gente que sonha com a rede e a praia; eu sonho com dias assim.
Pouco tempo depois chegava à mesa uma bela salada de rúcula, parmesão ralado e azeitonas pretas, acompanhando um enorme bife ancho grelhado à argentina, numa grelha bem próxima a um braseiro. Ancho significa largo, grosso, e é exatamente isso que ele é: um pedaço de espessura generosa de contra-filé de gado Angus, bem mais macio e suculento que nossos Zebus. Poucas coisas fazem tão bem a alma e tão mal ao corpo quanto um bife desses.
Mas estava eu lá calmamente digerindo aquele imenso pedaço de boi grelhado, olhando o céu e jogando papo fora com os amigos, quando ele estaciona bem na esquina, bem na minha frente. A rua estava completamente deserta fora o movimento do restaurante, e ninguém, muito menos eu, se incomodou com o fato de que o carro parou em um lugar claramente proibido. Está aí um dos motivos porque adoro o interior da Argentina: tenho a clara sensação de viver o Brasil do início dos anos 80, onde existiam poucos radares nas estradas, e tudo tinha um ar palpável de "viva e deixe viver" inexistente hoje em meu querido país. Uma calma e liberdade que é embriagante. Fora o fato de que o povo é magro, bonito e bem educado, se um pouco relaxado nos hábitos higiênicos.
Mas voltando ao tema aqui, do carro desceu um elegante casal já de alguma idade, que entrou no restaurante. O carro ficou lá parado, sob a luz do luar, refletindo a pouca luz de formas variadas e incomuns, e foi ali, naquele instante, naquele exato momento, que eu fiquei totalmente, perdidamente, absolutamente apaixonado pelo Audi A5.
Pouco tempo depois chegava à mesa uma bela salada de rúcula, parmesão ralado e azeitonas pretas, acompanhando um enorme bife ancho grelhado à argentina, numa grelha bem próxima a um braseiro. Ancho significa largo, grosso, e é exatamente isso que ele é: um pedaço de espessura generosa de contra-filé de gado Angus, bem mais macio e suculento que nossos Zebus. Poucas coisas fazem tão bem a alma e tão mal ao corpo quanto um bife desses.
Mas estava eu lá calmamente digerindo aquele imenso pedaço de boi grelhado, olhando o céu e jogando papo fora com os amigos, quando ele estaciona bem na esquina, bem na minha frente. A rua estava completamente deserta fora o movimento do restaurante, e ninguém, muito menos eu, se incomodou com o fato de que o carro parou em um lugar claramente proibido. Está aí um dos motivos porque adoro o interior da Argentina: tenho a clara sensação de viver o Brasil do início dos anos 80, onde existiam poucos radares nas estradas, e tudo tinha um ar palpável de "viva e deixe viver" inexistente hoje em meu querido país. Uma calma e liberdade que é embriagante. Fora o fato de que o povo é magro, bonito e bem educado, se um pouco relaxado nos hábitos higiênicos.
Mas voltando ao tema aqui, do carro desceu um elegante casal já de alguma idade, que entrou no restaurante. O carro ficou lá parado, sob a luz do luar, refletindo a pouca luz de formas variadas e incomuns, e foi ali, naquele instante, naquele exato momento, que eu fiquei totalmente, perdidamente, absolutamente apaixonado pelo Audi A5.
Não sou uma pessoa que gosta de carros pela aparência. Na verdade, se fosse ditador do mundo, os designers estariam em maus lençóis. Nem muito menos sou fã incondicional de Audis. Mas o A5 mexeu comigo como nenhum carro o fez desde que tinha 12 anos de idade e vi um Lamborghini Miura ao vivo pela primeira vez.
E é fácil entender porquê. Os Audi, como os VW, já a algum tempo tem as mais bem feitas e perfeitas superfícies externas já criadas num tubo de computador. Colocando um foco imenso na qualidade do tratamento das superfícies em seus softwares de CAD antes de se tornarem metal, e tendo a precisão como objetivo final na execução, a Audi de Piëch é vanguarda da indústria nisso. Some-se a isto um incrível cuidado dimensional, e no projeto da carroceria, e se tem veículos sobre os quais todo engenheiro alemão de casaco branco pode falar com admiração. Mesmo antes do A5, eles eram, para todos efeitos, perfeitos externamente.
Mas os carros permaneciam técnicos e rígidos na aparência, seguindo escola alemã, e talvez por isso não chegassem nunca a real perfeição, aquela que faz homens crescidos bambearem os joelhos. Faltava uma pitada de latinidade, uma curva bem colocada. Faltavam voluptuosos quadris.
E foi isso que Walter da Silva, vindo da Fiat, trouxe à Audi, e especialmente, a este magnífico cupê. Como àquele Miura de minha infância, o A5 tem curvas, longas, discretas, mas deliciosas curvas! Olhem a suave cintura, que de todo lado que se olhe é como uma dessas beldades que aparecem em capas de revistas: perfeita, suave, voluptuosa. Nos sugere o que é capaz, nos faz hipnotizados pela beleza, e nos faz limpar o canto da boca para não molhar a gola da camisa. Tudo neste carro é impecavelmente integrado, todo canto se une ao próximo suave e perfeitamente, tudo é bem pensado e maravilhoso. Proporção perfeita, linha perfeita. E o interior? Outra festa completa, do som magnífico aos materiais usados, da ergonomia aos bancos belíssimos, nada menos que perfeição pode ser esperada do interior de um Audi moderno.
E sendo um Audi atual, sei o que me espera atrás do volante. Mais perfeição técnica e cuidado extremo com o mais mínimo dos detalhes construtivos. Uma máquina que qualquer pessoa teria o maior orgulho de possuir. Não importa o motor, porque mesmo o mais lento deles chega a 226 km/h e acelera até 100 ao redor de 8 segundos, ou seja, mais velocidade e estabilidade do que jamais poderia usar no meu dia a dia. E imaginem como seria em uma viagem pelas estradas desertas do interior daquele país maravilhoso em que estava... Ah, que maravilla!
Se você nunca viu um ao vivo digo que vá já procurar um; fotos não fazem justiça a este carro.
Quando finalmente levantamos para ir embora, pude ver os emblemas atrás do carro: TDI. Eu, que como Setright sempre desprezei o fétido óleo combustível usado por caminhões, apaixonando-me desesperadamente por um cupê DIESEL!
Ó admirável mundo novo!
MAO
Quando finalmente levantamos para ir embora, pude ver os emblemas atrás do carro: TDI. Eu, que como Setright sempre desprezei o fétido óleo combustível usado por caminhões, apaixonando-me desesperadamente por um cupê DIESEL!
Ó admirável mundo novo!
MAO
MAO
ResponderExcluirPassei a pé por um prata, estacionado, e a vontade que deu é de ficar ali, admirando as belas formas.
Gustavo
MAO
ResponderExcluirNão seria excesso de bife com Quilmes? Hehehe
Falando sério, esse coupé é explêndido... e ainda não tive a chance de vê-lo na rua, pra mim ele botou o CLK e o 3e3 no chinelo.
MAO,
ResponderExcluirCuriosamente hoje pela manhã me deparei com um A6 Sedan preto FSI. A semelhança da carroceria com esse A5 é bem grande, embora este seja um Coupé.
Ainda não achei o A5, mas o A6 já funcionou muito bem aos meus humildes olhos.
Grande abraço!
MRA
Méritos do sr Silva, é bonito mesmo!
ResponderExcluirabs,
Sex on Wheels... tanto q comoveu até o linha-dura do MAO. Acabei de reservar um S5 pra minhas férias na Suiça daqui a um mês. Mal posso esperar. Conto pra vcs na volta. Abraço
ResponderExcluirFelipe Reis (felipfab@uol.com.br)
MAO,
ResponderExcluirAgradeça aos designers pela confortável cadeira em que relaxou no restaurante e pelo conforto e qualidade dos materiais do interior do Audi, assim como o tratamento de superfície que mencionou, antes de colocá-los em maus lençóis.
Esse carro é resultado de muito refinamento em clay/argila depois do CAD... que sozinho não faz o milagre completo.
Também não tenho muita certeza se Audi/VW têm as melhores superfícies...hmmmm, talvez falou aí o gosto pessoal e não o técnico.
O A5 é o mais belo Audi atual, sem dúvida, mas sempre, sempre que vejo me vem um série 3 coupé na cabeça...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMAO,
ResponderExcluirSeria um bife de chouriço?
huuummm... bateu uma saudade da Argentina! Eu curto bastante o ojo de bife tambien... hehehe
Muito bom o texto!
Às vezes bate um orgulho, que eu não sei de onde vem... acho que eu sou mais alemão do que eu imagino... que lindo este cupê!!!
Felipe, vc trabalha na IBM?
Abs
A algum tempo, assisti num canal a cabo a fabricação do R8 e os cuidados inacreditáveis em sua fabricação.
ResponderExcluirCom isso na memória, entendi pq vc ficou hummm,.. bucólico e emotivo.
O Audi é realmente um carro bem tratado desde o primeiro parafuso.
Mas, acho que vc não contou toda a história; foi só um copo de quilmes?
PS. eu aprecio o cheiro de diesel, desde que a bomba esteja perfeitamente regulada.
A algum tempo, assisti num canal a cabo a fabricação do R8 e os cuidados inacreditáveis em sua fabricação.
ResponderExcluirCom isso na memória, entendi pq vc ficou hummm,.. bucólico e emotivo.
O Audi é realmente um carro bem tratado desde o primeiro parafuso.
Mas, acho que vc não contou toda a história; foi só um copo de quilmes?
PS. eu aprecio o cheiro de diesel, desde que a bomba esteja perfeitamente regulada.
A audi não é algo que fala muito ao meu coração, reconheço sua extrema capacidade de fazer grandes carros desde os lendários quattro, mas sempre considerei a marca um tanto pausterizada em demasia.
ResponderExcluirCulpa talvez da avalanche de A3 e dos constantes elogios em relação a parte técnica, tudo muito certinho, muito "prata", muito bem desenvolvido e produzido.
Da atitude as vezes arrogante dos novos ricos de Audi, apesar que sei que é um erro crasso julgar um carro pelos seus donos...
Já tive minhas parcas experiências com Audi, e aquele viés esportivo está todo lá, mau escondido sob as costuras corretas do couro e dos encaixes perfeitos do painel. Você provoca e ele responde, te faz sorrir mas não chega a apaixonar (meu caso evidentemente)...
Talvez eu esperasse mais algum defeitinho, uma cor mais sanguínea, um interior que não fosse tão similar no arco que compreende o A3 até o A8; sei lá.
Essa nova versão não tem nada de errado, é realmente bonita e proporcional; mas chapada em páginas e em sites, ainda não consigo ficar muito sensível a ela.
Talvez eu só me cure dessa leve aversão se tiver um S5 banhando em vermelho letal à minha disposição.
Até esse improvável dia, vou continuar com meu preconceito tolo em relação a quase todos os Audis e as revistas vip's que eles fazem questão de patrocinar...
Sou fã de BMW. Nova, velha, antiga, grande, pequena, seja lá qual for. Audi... nem tanto. Mas quando vi um S5, preto, brilhando debaixo de um céu de brigadeiro, parado na minha frente, ao vivo...
ResponderExcluirSenhores, foi como se meus dois pés tivessem freio a disco com pinças de seis pistões. Parei e fiquei olhando, apreciando, e porque não dizer, degustando as linhas dessa quase obra de arte.
Aí a dona chegou, sei lá se já tinha me visto babando no carro e ficou me olhando como quem vai chamar a polícia. Fui embora com gosto de quero mais.
Marco Antonio, tem um monte de coisas importantes nesse post, o que dá outro post.
ResponderExcluirMas por hora:
1 - o carro é bonito, independente de gosto pessoal, pois é harmônico.
2 - a diferença dele para um sedan da mesma marca são as duas portas a menos e vidro traseiro, além das colunas B, e claro, tudo que vem com isso.
3 - o estilo não é tudo, mas é 100%. Desde um rolo de papel higiênico até uma nave espacial. Podem nos fazer sentir bem ou extremamente mal. Acredite.
Belo texto, como sempre. Parabéns.
JJ,
ResponderExcluirMuito bom seu comentário 3!
MFF,
vc já andou numa RS2 (de preferência azul)???
Abs
Fabio: quem me dera, não sou um habituê de bons carros de verdade, ainda mais de algo tão exótico e especial quanto uma RS2.
ResponderExcluirMas essa é um Audi que me deixa bem impressionado, pois faz coisas incríveis e TÊM aquele visual intimidador de quem faz coisas incríveis...
Agressiva mesmo, fácil de distinguir mesmo entre os premiuns.
Só andei no "andar de baixo": vários A3, um A4 turbo e nada mais de Audi. São ótimos de dirigir e conectam o motorista, mas eu nunca fui muito fan da marca apesar de reconhecer que produzem máquinas excelentes.
Fez bem para a Audi a plataforma MLP. Jogando o eixo dianteiro mais para frente e o distanciando da parede corta-fogo, conseguiram o equilíbrio que faltava ao estilo da marca, que sofria com balanços dianteiros excessivamente longos.
ResponderExcluirJá sobre diesel, adoraria que os tivéssemos aqui. Quem sabe em um futuro próximo, uma vez que temos pesquisas avançadas com biodiesel e o chamado diesel de cana.
Também nunca fui fã de Audi, mas esse A5, assim como o A6, são simplesmente maravilhosos. Conseguiram fazer algo do qual eu não acreditava, que é um Audi dar um banho num BMW em relaçaõ à beleza.
ResponderExcluirAh seu eu tivesse dinheiro... (e se carro não fosse tão caro "neste país")
O designer é italiano, ex- Alfa Romeo, acho que isso explica a súbita beleza dos Audi.
ResponderExcluirO A5 sedan também é lindo, apenas overpriced na minha opinião (190 mil e 210cv, acho que prefiro um Challenger R/T V8 6 marchas).
McQueen
MFF,
ResponderExcluirEu tb não dirigi, mas um conhecido tinha uma, duro era bancar a manutenção com suspensão, sem dúvida não é carro pro dia a dia brasileiro.
Ele acabou passando pra frente em pouco tempo, mas o carro é uma monstruosidade!
Quanto ao A3, na época do 180, eu gostava mais do Golf GTI, cheguei a comentar isso com um frequentador do AE, que tem um Golf deste.
Ahhh... McQueen... Entrou designer italiano na jogada? Com tempo as coisas vão se esclarecendo... hehehe
Abs
Interessante observação do MFF a respeito da atitude às vezes arrogante dos novos ricos de Audi. Pensando bem acho que, meio inconscientemente, isso sempre limitou um pouco a minha simpatia pela marca.
ResponderExcluirVoltando ao A5, em uma viagem à Europa há dois anos, duas coisas nele me chamaram a atenção: a beleza das linhas externas e a grande quantidade deles nas ruas, ainda que fosse lançamento bem recente. Aliás, cupês são muito comuns por lá e outra figurinha fácil nas ruas europeias que me fez babar foi o Peugeot 407 cupê. Um "plebeu" se comparado ao A5, mas tão belo quanto, e que me fez lamentar que não seja vendido do lado de cá do Atlântico. Ainda que fosse caro demais para o meu bolso, eu ficaria satisfeito em poder vê-lo eventualmente na rua.
MFF e FCardoso,
ResponderExcluirVcs têm razão, agora lembrei de umas das razões que me levaram a ter um carro turbo... rs*
Na época que o A3 (150~180cv) era "carro de novo rico" realmente tinha muito cara babaca que azucrinava...
Bom... se o golzinho não tomava calor nem de S3 (pelo menos na reta), não era de A3 que ía tomar né... hahaha
Mas eu não julguei o carro pelos seus donos, como já falei em outro post, tive várias oportunidades de diversão com estas versões na época que estagiava na VW.
Abs
Fabio,
ResponderExcluirNão, não trabalho na IBM.
Abraço
felipfab@uol.com.br
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ResponderExcluirEsse carro é realmente belíssimo, ainda mais pessoalmente!
ResponderExcluirAcho que a única vantagem em se morar na maior metrópole brasileira e trabalhar próximo à Av. Paulista, é poder encontrar essas feras soltas, no meio do rebanho cinza e preto que se arrasta pelas ruas sempre congestionadas.
E o texto do MAO, perfeito como sempre!
AB
o A5 é realmente lindo. a Audi bem que podia trazer a versão 2-litros para o Brasil, que se beneficiaria de um IPI bem menor.
ResponderExcluirmas já que um dos assuntos é o desenho dos carros da marca, preciso dizer: acho o A4 anterior (B7, de 2006 a 2008) muito, mas MUITO mais bonito que o atual A4. a nova geração cresceu demais, e ainda ficou sem graça. sorte que o A5 Sportback faz as vezes dele...
Na rua paralela a minha, acredito que mora o apresentador de um programa regional aqui na Bahia, chamado TV Auto, que estava testando um A5 prata. Noooossa, realmente a coisa mais linda, feita pela engenharia. Sem dúvida, deslumbrante. Essa semana ele ta com um Audi TTS Vermelho, outra beldade.
ResponderExcluirAbraços
MAO,
ResponderExcluirA situação de momento era tão prazeirosa que podia estacionar ali a fumarenta Wemaguete do FG que vc ia achar o máximo...
Abraço, excelente texto
Alexei
MAO
ResponderExcluirVc escreve os melhores posts deste blog. Obrigado!
MAO
ResponderExcluirVc escreve os melhores posts deste blog. Obrigado!
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ResponderExcluirTenho visto por aqui um A5 Sportback (!) e babo cada vez que o vejo. A hora que ver um coupé sou outro que fico ancorado no chão pra ver passar.
ResponderExcluirEu sempre falo que nenhum carro atual da Audi eh feio, pelo contrario, todos sao bonitos, ates os Qs.
ResponderExcluirMas meu coracao eh BMW.