O recente post "À prova de..." terminou com a chamada: "Será que daria para inventar um jeito de dirigir à prova de incompetentes?"
Pois não é que já tem gente pensando nisso? E não é de hoje! O Sr. Masuyuki Narusi, um inventor japonês de 74 anos, fabrica artesanalmente um sistema especial de pedais acelerador/freio há mais de 20 anos. Ele acredita que as pessoas têm uma tendência natural de pressionar algum pedal, qualquer que seja, num momento de pânico. E com alguma chance de apertar o pedal errado. Segundo ele, os fabricantes de automóveis dizem que isso é um erro do motorista. Mas ele questiona se o sistema atual, de dois pedais, não é um projeto ruim. E eu concordo com ele que há margem para melhorias.
Em 2009, só no Japão houve 6.700 acidentes de trânsito onde se acredita que tenha havido erro dos motoristas ao pressionarem o pedal do acelerador em vez do pedal do freio. E por mais que possamos achar que isso se trate de incompetência ou inabilidade dos motoristas, o fato é que acidentes desse tipo acontecem. E se acontecem, o sistema de pedais acelerador/freio pode ser melhorado para evitá-los.
O Sr. Narusi, depois de passar por dois episódios onde ele mesmo se atrapalhou com os pedais, projetou um sistema conjugado à prova de erros, ou melhor, à prova da tendência natural dos motoristas. No seu sistema, o pé direito aciona o pedal do freio da maneira tradicional como conhecemos. Mas o acelerador é acionado com um movimento do pé, apoiado no calcanhar, para a lateral. O contato com o pedal é feito pela lateral externa do pé. Em caso de pânico não há como errar o pedal, o pedal do freio será sempre acionado e do acelerador, aliviado.
Fonte: The New York Times
O novo sistema, embora simples, esbarra no nosso condicionamento e costume com o sistema atual. Seria necessário que os motoristas se adaptassem a operá-lo, o que não deve ser muito fácil para todos e pode haver alguma resistência. Imagine se algum fabricante se habilitaria a ser o primeiro a correr o risco de rejeição ao lançar o novo sistema no mercado. Mas mesmo assim eu admiro o Sr. Naruse por mostrar que há outras soluções possíveis. Basta alguém comprar a briga.
Uma indicação de que o condicionamento com o sistema atual pode ser vencido é que ele mesmo não foi sempre assim. Eu nunca tive motivação para dirigir um Ford modelo T. O seu acelerador é em uma alavanca no volante, com pedais para troca de marchas, marcha à ré e freios. Confuso para todos nós que dirigimos com total automatismo. Tenho a impressão que esse automatismo me levaria a cometer um erro e não gostaria de danificar nada em um carro de coleção.
Apesar do vídeo abaixo estar em inglês - me desculpem por isso - ele mostra o acionamento do novo sistema.
Parabéns, Sr. Naruse!
PK
Paulo: por falar em danificar algo em um carro de coleção, dias atrás estava eu no estacionamento da Clínica São Vicente, na Gávea, quando me chega um camarada com um Rolls Royce Corniche 1974, impecável. Fiquei admirando o "bicho" e ao mesmo tempo pensando na coragem de se circular com um antigo (ainda mais um antigo destes) no trânsito louco do Rio de Janeiro, e em dia útil e horário de grande movimento. Imediatamente me lembrei daquele (ótimo, por sinal) comercial de seguros do Bradesco: vai que você está dirigindo seu antigo tranqüilamente, vem um louco com uma lata velha e...BUM!
ResponderExcluirMr. Car.
A proposta desse inventor japonês é muito legal; mas provavelmente ficará em segundo plano por duas razões muito simples:
ResponderExcluir1 - conservadorismo das fabricantes de automóveis
2 - esse movimento lateral do pé não é natural, jamais será empregado em larga escala sem estudo psico-motores aprofundados.
Infelizmente nem sempre uma idéia que parece muito boa quando aparece bem "emoldurada" é realmente interessante.
Mas destaco que indendente das montadoras adotarem ou não, espero que o inventor comercialize o seu invento.
Quanto mais opções tivermos melhor, especialmente para os deficientes com movimentos limitados a apenas 1 das pernas; embora mesmo estes possam utilizar um veículo com caixa de câmbio automática sem problemas..
Abraçõs.
PK
ResponderExcluirO movimento lateral é possível, haja vista o sistema de troca manual dos câmbios Autostick da Chrysler, reduzir para a esquerda, subir para a direita. No começo estranha-se, mas logo fica natural. Como já comentei aqui, acho troca de marcha em esquema diferente do tradicional padrão "H" muito atraente (embora o Autostick seja câmbio automático com conversor de torque). Outra coisa que me chamou a atenção nesse invento incrível é que o acionamento do pedal do acelerador é muito parecido com o punta-tacco, em que se torce o pé estando a ponta apoiada na sapata do pedal de freio para alcançar o acelerador com a lateral externa do pé (do sapato) também. Finalmente, carro com esse sistema que não tenha bate-pé, ferrou, o carpete fura em menos de 1.000 quilômetros...[:-)
Não fica muito curto o curso do acelerador?
ResponderExcluirAcho que é a idéia pode vingar nos EUA, onde realmente se respeita o direito à mobilidade do cidadão seja qual for sua condição física e mental.
ResponderExcluirdesculpe mas nao consigo ver nenhuma vantagem.parece que os japas estao imitando os ingleses.lembram dos morris com uma bomba eletrica e uma mecanica?pra complicar aquilo que e simples
ResponderExcluirPK,
ResponderExcluirAntigamente se dizia, em programação de computadores, o seguinte: "faça um programa completamente a prova de idiotas e somente um idiota irá utilizá-lo".
Acredito que o mesmo acontece com carros. É muito mais vantajoso investimento maciço em educação automobilística (incluindo mecânica e pilotagem) do que nesses sistemas "a prova de idiotas".
Imagine que voce precise fazer uma arrancada rápida num semáforo com um carro equipado com cambio automático. O procedimento voce conhece: mantenha o freio pressionado e acelere um pouco o motor, com o cambio em drive. Isso faz o conversor de torque ficar completamente em carga, obtendo resposta instantânea ao se liberar o freio. Com o pedal sugerido por este sujeito, isso fica impossível.
Ou seja, completamente anti-entusiasta.
alguns especialistas dizem , que o ideal seria o pedal de freio um pouco abaixo do acelerador, alguns citroen sairam dessa forma , mas os propietarios reclamaram, vai saber?
ResponderExcluirEu não vejo necessidade de fazer stall em caixa automática. Todo dia eu saiu na frente das lesmas (incluindo moto-boys) ao meu lado nos semáforos. As vezes faço de propósito, principalmente com quem tem carro mais potente, esta queimando a faixa de pedestre e fazendo meia embreagem. E eu com um Fitzinho 1,4 de 5 marchas A/T...
ResponderExcluirQuem tem cambio auto-5 em carro leve talvez não precise fazer.
ResponderExcluirQuem tem cambio auto-4 em carro pesado, apesar de ter mais motor, pode precisar.
Na duvida, quando quero ter certeza de sair na frente, eu utilizo este recurso.
Bem, necessário ou não, é um recurso a mais. Então, porque abrir mão dele?
Aqui no Brasil existem/existiam alguns ônibus que utilizavam um pedal semelhante mas para o freio o do acelerador era bem pequeno e parecido com o do freio dos scoters apenas com um curso maior.
ResponderExcluirSei não...
ResponderExcluirAcho um tanto perigoso se utilizado por pés errados...
Ha ha ha ha...
Também tenho outro:
ResponderExcluirPara o mau motorista até o volante atrapalha...
Nesse caso, até os pedais atrapalham...
Ha ha ha
"Acredito que o mesmo acontece com carros. É muito mais vantajoso investimento maciço em educação automobilística (incluindo mecânica e pilotagem) do que nesses sistemas "a prova de idiotas".
ResponderExcluirConcordo plenamente com o Bussoranga,e tbm esse sistema acaba com o meu joelho(já é bixado),por causa do movimento lateral.
É como eu vi no blog do mulssane:
"Estão querendo reinventar a roda"
Esse sistema é ótimo na teoria, mas faça esse movimento lateral por 2h e veja como ficará o seu joelho.
ResponderExcluirMultiplique isso por uma utilização diária do trânsito e você terá provavelmente um problema sério nas articulações do joelho em pouco tempo. Não precisa ter nenhum problema no joelho, mesmo um joelho saudável estaria sujeito ao desgaste e a problemas em curto prazo.
Talvez seja possível melhorar a situação dos pedais, mas essa solução definitivamente não é boa.