Outro dia estava mexendo em papéis e documentos guardados e achei a minha primeira carteira de habilitação. Muitos leitores não têm ideia de como era o cobiçado documento, portanto aí está.
Vejam a data do exame prestado: 17 de dezembro de 1960. Isso quer dizer que daqui a quatro meses completo 50 anos de habilitado. Dificil acreditar.
Como faço 68 anos em novembro, estou me aproximando dos 70 anos, quando começarão dificuldades burrocráticas (com dois "r" mesmo), como algumas locadoras se recusarem ou fazerem cara feia para me alugar automóvel ou conseguir sem dificuldade segurar carro meu se eu for relacionado como motorista.
É, passa rápido demais tudo, mas ainda tenho muito chão pela frente. É o que eu sinto e é o que o espelho me diz todo dia....
BS
Épico!
ResponderExcluirIsso é muito legal Bob! As sombrancelhas continuam iguais!
ResponderExcluirGrande abraço.
Naquela época tinha gente usando película e dirigindo com as mãos ocupadas?
ResponderExcluirAliás, seria interessante falar a respeito da discriminação que motoristas de mais idade sofrem, seja das locadoras, seja da própria família. Em muitos casos, parente e serpente e põe tanta minhoca na cabeça dos mais velhos da família que eles começam a acreditar que são realmente incapazes de fazer aquilo que sempre fizeram em suas vidas.
ResponderExcluirPorém, o mais engraçado é que em geral pessoas de mais idade não se envolvem em acidentes na quantidade em que se envolvem os mais jovens.
Exemplos interessantes de pessoas que dirigiram até altas idades estão:
1) No avô da política Patrícia Saboya (ex-esposa de Ciro Gomes), do qual ela fala com ternura e lembra que aos 100 anos de idade ainda dirigia. Esse senhor faleceu aos 103 anos e imagino eu que ainda dirigisse;
2) Anna Variani, falecida aos 98 anos e figura conhecidíssima em Bento Gonçalves. Ela trabalhava no Lar do Ancião e na Sociedade Beneficente Santo Antônio do referido município. Dirigiu seu Fusca 1974 até os 97 anos e parou a pedido dos parentes (ainda que, pelo que se falasse, pediram para que ela não mais dirigisse na cidade, ao que ela teria respondido dirigindo só na estrada). Como ela dizia, se tirassem o jogo de baralho com as amigas e o "Fuca", ela morria;
3) Vicente Cândido da Silva, com 96 anos e que nunca levou uma multa na vida.
Aliás, a questão dos motoristas mais velhos é um importante termômetro de como uma sociedade trata seus idosos. Quando ficam com muitas ressalvas àquilo que eles fazem sem problemas, é sinal de um alto grau de ignorância, da qual decorre o preconceito.
Certa vez, li que um senhor saudável de 80 anos consegue manter os mesmos reflexos que tinha aos 30. Portanto, é muito capaz de ter idoso por aí que frearia um carro em emergência mais rápido do que eu freio.
Muito legal Bob, obrigado por dividir esse momento com a gente...vindo de quem é, é um documento quase histórico para quem conhece o seu trabalho e gosta de carros.
ResponderExcluirPassou cinquenta anos, e aposto que lembra cada momento do teste definitivo de direção, como a maioria de nós que deixaram a "linha de montagem" bem mais tarde.
Têm ainda muita estrada pela frente sim, na verdade todos temos, e no momento em que pensamos que ela acaba...é que na verdade começa uma outra estrada muito mais comprida, bastante percorrida em outras vivências e sem nenhum indicativo de final!
saudações;
Anônimo,
ResponderExcluirNaquela época não havia película e ocupar uma das mãos, só com cigarro ou charuto. Não tinha lombada também e os semáforos davam amarelo depois do vermelho e antes do verde. Mas dez anos depois apareceu a onde do rádio faixa do cidadão e segurava-se o microfone com uma das mãos.
Mister Fórmula Finesse
ResponderExcluirSim, você acertou, lembro-me de todos os detalhes. Como alugar uma gravata ali mesmo, era obrigatório fazer o exame prático com essa peça do vestuário masculino e havia um sujeito por ali que vivia disso. Depois, me condicionando a não usar o espelho interno e nem o externo esquerdo (acessório)do DKW, era proibido. Por fim, quase ter sido reprovado por "falta de controle do veículo na curva": era um "S" suave e eu o semi-tangenciei...Ah, e ter dirigido como um autômato (como se chamavam os robôs de então), duro, movimentos retilíneos, para NÃO demonstrar prática...
Anônimo,
ResponderExcluirTeve o Paul Frère, engenheiro, piloto (ganhou Le Mans de 1960) e jornalista belga, viveu até os 91 anos trabalhando e testando carros. Sua morte foi consequência de acidente feio três anos anos, em que se machucou muito. Que belos casos de longevidade ao volante você relatou!
Carlos Scheidecker.
ResponderExcluirIguaizinhas!
Dificuldades a parte sei que você ainda vai acelerar muito por aí!
ResponderExcluirBob,parábens pelos seus 50 anos de habilitação,e gostaria muito de reler a história de sua primeira habilitação,muito engraçada por sinal.
ResponderExcluirUm dia vou ser que nem o senhor =)
ResponderExcluirQue bacana!
ResponderExcluirBob, essa da gravata acho que tu comentaste ainda no BCWS. Hoje em dia pode parecer uma bobagem, mas isso demonstra como "tirar carta" era algo mais sério.
Uma pena que nunca poderei ter a minha.
Se uma foto vale por mil palavras, andar de carro com o Bob guiando vale por mil aulas de direção.
ResponderExcluirUm dia ainda precisamos fazer um Bob-day, com ele levando o pessoal pra umas voltinhas na pista.
Gostosas e instrutivas lições para usar a vida toda.
É isso aí, Bob, vida longa ao mestre! Concordo com o Arnaldo Keller, poderia haver o "Bob-day".
ResponderExcluirBob,
ResponderExcluirO tempo passa, mas é sempre presente. Você já reparou? Na delicadeza e complexidade disso que atravessamos - e que chamamos existência - a burrocracia funciona como um marcador de época; não de alma, não de coração, não de capacidade de ser tocado pela perplexidade da vida e de transformar perplexidade em criação apaixonada. Porque, nesses quesitos, você está além do tempo.
Beijo, Dri.
É tão comum a dificuldade em se conseguir continuar dirigindo após certa idade quanto a dificuldade em conseguir aval da família (hoje) para dirigir quando recém-habilitado, além das dificuldades impostas pelas seguradoras. Parece-me que quem está fora da faixa dos 35-50 anos é "criminoso".
ResponderExcluirMas independente dessas adversidades admiro-me muito pela sua persistência, carreira e exemplo. Continue dirigindo, quebrando mitos e dando bom exemplo.
Abraços.
Bob Sharp é o cara!
ResponderExcluirInfelizmente meu avô não guardou isso. Seria uma lembrança homérica. Ele tinha uma caixinha com uma pilha enorme de multas "tomadas" ao longo da vida. Infelizmente minha avó não consegue localizar tal caixinha.
Ei Bob, voce também tem ou tinha uma coleção de multas?
Esse post foi formidável.
Bussoranga,
ResponderExcluirNão, não tenho coleção de multas. E obrigado pelo comentário.
Anônimo,
ResponderExcluirVocê tem razão, parece haver mesmo uma "faixa do bem"...
Obrigado, Dri, outro.
ResponderExcluirJoel Gayeski,
ResponderExcluirIsso, já falei sobre a gravata no BCWS. Pena???
Roberto Costa,
ResponderExcluirVontade, amigo, é que não falta!
Paulo Mopar,
ResponderExcluirObrigado pelas palavras!
Coincidentemente há uma materia interessante no blog do Sr. José Luiz Vieira, a respeito dos motoristas mais velhos. Vale a pena ler.
ResponderExcluirAD
Pois é meu caro. vc completando 50 e eu me aproximando dos 45 de habilitação.
ResponderExcluirPoucas multas, bem poucas mesmo. 2 ridículos acidentes sem dramas e certamente mais de um milhão de quilometros rodados.
Parece que começou ontem.
E jamais se tirava um documento (qualquer um) sem gravata. Até da caderneta escolar do ginásio a gravata era obrigatória.
Os meus dessa época viraram pó faz tempo, menos a de habilitação com a fotinha 2 x 2, guardada em algum canto perdido.
Acho que ainda vou queimar muito óleo 40.
Bob,
ResponderExcluirmuito bacana ver seu documento !
Concordo com o Bob-day. Isso seria mesmo bom de ver e participar. Daria um super-post para nosso blog.
Obrigado por compartilhar a imagem de sua habilitação. Lembrou-me a de meu pai, que eu pegava às vezes e me fazia sonhar.
Bob,
ResponderExcluirÉ claro que passou rápido, vc é o Bob Sharp, mais rápido, mesmo quando fizer 70, que a grande maioria dos mortais!
MAO
Muito legal sua carteira e seu relato, Bob. Espero um dia chegar aos 50 anos de habilitado como você. Se bem que como as coisas vão indo, da maneira que eles inventam coisas pra tomar nosso dinheiro na hora de renovar, pode ser que daqui a pouco tenhamos que vender o carro pra pagar a renovação!
ResponderExcluirE acredito eu, que com a idade e com a persepção de suas próprias limitações, o risco de acidente não aumenta. Vejo como exemplo meu avô, que irá completar 80 anos em outubro. Dirige todos os dias, pega estrada, sem nunca ter se envolvido em qualquer acidente. E não dirige "igual velho", não. Segue o fluxo, sem fazer barbeiragem. Lembro que quando ele estava próximo de 70 anos, a família conversou com ele a respeito de vender a moto. Não por medo dele fazer alguma coisa perigosa, e sim pelo fato de andar de moto estar cada vez mais perigoso, levando fechada e não sendo respeitado pelos carros. Ele que não estava mais tão interessado em pilotar, aceitou de boa. A moto vivia encostada.
Mas é isso. Parabéns pelos 50 anos de habilitação, Bob! E continue compartilhando com a gente suas experiências e passando um pouco de seus ensinamentos pra gente, que pode ter certeza, a gente aproveita cada linha de seus textos!
Um grande abraço
César Dias
Bob, parabéns pelo marco!
ResponderExcluirEstive conversando com meu amigo Marcelo Ramos outro dia, em um evento vocês que estiveram juntos, acho que no Chery Face, e ele me contou de um papo que tiveram justamente sobre o seu tempo de habilitação!
Se me permite chatear: Espero que não tenha se esquecido sobre escrever a respeito do motor 4.100 em sua adaptação ao cofre do Omega!
Caro Bob Sharp, parabéns pelo post! Infelizmente meu pai não guardou a carteira dele, devia ser igual à sua, já que ele a tirou em 1960 também.
ResponderExcluirEu vou ter de renovar a minha esse ano (peguei o último ano em que a carteira valia até o motorista completar 40 anos) e já estou pensando em como guardá-la para a posteridade.
Bob,
ResponderExcluirOs anos podem até enrugar a pele - mas abrir mão do entusiasmo enruga a alma.
Parabéns pelos cinquentinha, e muitos anos de pilotagem pra você!
Bussoranga: seu avô não guardou, mas o meu guardou, he, he! E hoje tenho a primeira carteira de habilitação dele, que a tirou tarde (com 29 anos, em 1938) além da carteira de reservista dos meus dois avós, ambas de 1927, e o salvo-conduto que o materno usava para viajar durante a Revolução de 1932. Tenho até um talão de cheques dele inteirinho, da Caixa Econômica Federal (de 1936, se não me engano), convite de formatura de meu pai, certidão de batismo do meu bisavô italiano, etc... Entre outros documentos, tenho um assinado por Getúlio Vargas. Também tenho revistas "Seleções do Reader's Digest" das décadas de 40, 50, 60, e 70. Sou absolutamente fascinado por estas coisas. Máquina que é bom (um carro antigo), ainda não tenho, mas tenho a batedeira de bolo e o liquidificador Walita que meus pais ganharam quando se casaram, em 1962. Detalhe: funcionando perfeitamente. Não deixam se ser máquinas, he, he!
ResponderExcluirMr. Car.
Parabéns Bob!
ResponderExcluirAs pessoas ditas "normais" talvez não tenham a real dimensão do que significa a primeira habilitação para nós entusiastas. Eu também tenho a minha primeira habilitação bem guardada!
abraço
Pois é Bob, sou hipermétrope (15° OE e OD) e minha visão não distingue além da 3ª linha do cartaz.
ResponderExcluirMas de todos os males o menor, afinal, existe kart, trilha, track day...
P.S.: Reli teu teste com a Ferrari F40 no acervo online da QR. Fantástico!
Bodas de Ouro! Parabéns Bob! Bob-day quando? hehehe...
ResponderExcluirUma pergunta, com quantos anos você começou a dirigir?
De CNH tenho 14, aliás tirei no tempo mínimo ao completar 18 anos.
Lembro que no teste, eu tive que fazer algo contra a minha vontade, de acordo com as orientações passadas pelo instrutor da auto-escola, onde fui obrigado a cumprir 1 aula obrigatória, ao parar no aclive eu deveria arrancar com o auxílio do "freio-de-mão" para que o carro não descesse.
"Mas o carro não desce desde os 12 anos de idade?"
"Faça assim ou será reprovado"
Fazer o que né?
Parabéns, Bob! O mínimo que desejo a você são bodas de diamante ao volante (75 anos de direção). Espero chegar aos 68 mandando bem como você.
ResponderExcluirUma dúvida: você faz algum controle de quilometragem? Tem alguma idéia aproximada de quantos km rodou nesse tempo?
Abs, Ricardo Montero
E assim que se fala, Bob. Parabéns.
ResponderExcluirMuito bacana!!! E ainda descobri que nascemos no mesmo dia!!!
ResponderExcluirPARABÉNS Á SUA "HABILITAÇÃO CINQUENTONA"!!!!
ResponderExcluirAbraço Bob!!!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBoa idéia Arnaldo!!!
ResponderExcluirBob,
eu que tive o prazer de andar de carona com você sei muito bem o quanto valeria a pena um Bob day!
Boa idéia Arnaldo!!!
ResponderExcluirBob,
eu que tive o prazer de andar de carona com você sei muito bem o quanto valeria a pena um Bob day!
Bob Day,em Interlagos.
ResponderExcluirPs:Bob vc poderia postar o link da materia em que vc fala sobre sua primeira habilitação,não me lembro se foi aqui no AE ou no BCWS,grato Paulo Mopar
Bob,
ResponderExcluirSe as seguradoras tivessem um pingo de bom senso, independente de idade, a tarifa pra você deveria ser no máximo metade do perfil de menor risco. Parabéns por tantos anos atrás do volante!
Obrigado pelas gentis palavras, Paulo Ferreira.
ResponderExcluirPaulo Mopar,
ResponderExcluirPois não, eis o link: http://www2.uol.com.br/bestcars/colunas3/b270a.htm
Aproveito para informá-lo e aos demais leitores que todas as minhas colunas "Do banco do motorista", quase sete anos de material, estão disponíveis em http://www2.uol.com.br/bestcars/colunas-3.htm
Ricardo Montero,
ResponderExcluirDeve ser algo muito próximo a 1 milhão de quilômetros, tipo 20 mil km por ano na média.
Francisco V,G., Mauricio França e Thiago Santarosa
ResponderExcluirObrigado!
Você é de que ano, Maurício?
Legal Roberto,
ResponderExcluirQuando se quer sempre se aprende com outros dirigindo. Eu tive essa oportunidade com o grande amigo, já falecido, Jorge Lettry, gerente de competição da Vemag e depois diretor técnico da Puma. Guiava o carro com os dedos, era impressionante.
Fabio,
ResponderExcluirLembro dos meus primeiros quilômetros ao volante do Citrën 11 L ano 1947 do meu tio Paulo Amaral (1924-2008) no começo de 1953, nas férias grandes. Portanto, eu tinha 10 anos. Ter que dirigir que nem um neófito no exame prático é de doer, não? No meu não se podia consultar o espelho! Que absurdo!
César,
ResponderExcluirQue coisa boa o seu avô estar com plena capacidade para dirigir aos 80 anos. Que felicidade! Dê-lhe os meus parabéns, por favor.
Parabéns pelo quase meio século de habillitação!
ResponderExcluirQuase pegou uma de "chauffer"!
MH
Engraçado. Quando fiz exame prático (1958), o candidato devia parar numa rua em aclive e desligar o motor. A seguir, ligar novamente, soltar o freio de mão, segurar no freio de serviço, debrear, engatar a marcha e partir. Se o auto recuasse um centímetro, era reprovado. Não se aceitava carro automático ("hidramático"). AGB
ResponderExcluirLembro bem até hoje quando o Bob saiu do BCWS.
ResponderExcluirPensei comigo mesmo: putz, o BCWS nunca mais será o mesmo.
Dito e feito! Isso só vem a comprovar que absolutamente ninguém é substituível, todos somos diferentes.
PREZADO BOB!
ResponderExcluirFoi com grata surpresa que encontrei o seu blog Auto Entusiastas!
Sou o idealizador do Blog dos Anos 60, Revivendo os anos Dourados.
http://revi-vendo.blogspot.com/
Achei fantástica a sua Primeira Carteira de Habilitação - Anos 60,
Ficaria imensamente grato, se o Senhor permitisse autorização para, com muita honra, postar sua CNH no nosso blog.
Um forte abraço
Nilson de Oliveira