“Hoje, um Hemi `Cuda conversível 1970 vale literalmente milhões, mas numa manhã fria de outono em 1970, era apenas mais um carro novo vazando fluido de transmissão por toda a pista de arrancada.”
Todo mundo conhece os muscle-cars americanos dos anos 60. Mas na verdade, vistos dos olhos de hoje, poucos conseguem diferenciá-los de maneira correta. Na cabeça de todos nós existe uma imagem meio coletiva: grandes barcas de acabamento simples, com enormes motores, potência descomunal, e não muito além disso.
Mesmo os estudiosos, aqueles que chegam a declamar com proficiência datas, motores, carburação, opcionais e quantidades produzidas, em grande parte os julgam pelo motor e performance, e as vezes aparência. Pouca gente explica realmente como eram em seu próprio tempo, sem as lentes róseas e acolhedoras do tempo.
Mas meu amigo Egan resolveu este problema, me trazendo de sua última viagem a Califórnia este livro acima como presente de aniversário (thanks again, old friend!). A frase acima é tirada de sua contra-capa, e resume todo o espírito da coisa.
O livro é escrito por John Oldham, um jornalista automotivo de Nova Iorque que viveu a época de ouro desse gênero em primeiríssima mão: testou todos eles. Além disso, Oldham era parte ativa da cena de corridas de rua em sua terra natal, movimento que era o real combustível da febre dos Muscle cars.
O livro é simplesmente sensacional. Sem preconceitos ou pós conceitos a não ser sua declarada paixão por Pontiacs, Oldham nos conta tudo: de como um 440 six Pack era mais respeitado que um Hemi nas ruas, até como era o acabamento interno e o comportamento em curvas, passando pela qualidade de construção de todos estes monstros sagrados. Conheço alguns amigos meus que ficarão ofendidíssimos com várias passagens, mas minha impressão é que este livro tem o peso da verdade. Algumas coisas não gostamos de ouvir, mas precisam ser ditas.
No livro são contadas as histórias dos testes de 20 carros no total, e a lista parece um sonho, vista de hoje: vai do Pontiac Catalina Super Duty de 1962 até o Trans Am 455 de 1976, passando por todos os monstros sagrados do gênero, entre eles Mustang Boss 429, Camaro Baldwin-Motion 427, sem contar vários Mopar Hemi e 440.Para mim é uma obra definitiva, que me fez entender completamente todos estes carros e sua época, mesmo depois de uma vida inteira de estudo. Como já disse, este livro tem cheiro de verdade nua e crua em toda página.
E é leve e engraçado, também, nos levando a uma época em que todos, indústria e imprensa, se levavam menos a sério, e não tinham medo de se divertir, ou de falar o que viesse na telha. Ao ler hoje, em nosso mundo politicamente correto, parece coisa de outro planeta, e não apenas de outra época.
Uma leitura indispensável para quem gosta de carro, e não somente aos devotos do gênero. Aconselho que visitem imediatamente uma livraria virtual de sua preferência, e comprem suas cópias. Garanto que não se arrependerão.
MAO
Pela natureza do livro(o que realmente um tester iria dizer sobre carros) fiquei MUITO interessado.
ResponderExcluirAquisição CERTA! Vou procurar o meu já!
PS: Espero que existam mais publicações do tipo!
A "paixão" atual que contaminou sobretudo os mais jovens nestes carros foi fabricada pelos enlatados da TV a cabo. Uma imagem mais de masculinidade do que esportividade para aquilo que só é apto a uma reta infinita (sic).
ResponderExcluirAcabei de me dar um desses de aniversário. Aguardarei ansioso...
ResponderExcluirem 1970, era apenas mais um carro novo vazando fluido de transmissão por toda a pista de arrancada.”
ResponderExcluirNão entendi? Esses carros antigamente tinham problema de vazamento do fluido da transmissão?
Correndo grande risco de ser chamado de pedante, mas ainda assim acho que livros assim são muito úteis para vermos que as coisas nunca são boas demais ou ruins em excesso...
ResponderExcluirNa verdade, nunca fui muito interessado nessa época dos muscles cars, porquê na minha cabeça, o fato dos valores de potência sempre para lá de exagerados - serem sempre fornecidos de forma bruta - tornava a coisa meio irreal ou falsa.
Talvez seja algum tipo de inveja reprimida minha pois cada dona de casa dos USA sempre tinha uma usina de mais de 250 cavalos para levar os projetos de obeso para a escola. Aqui tínhamos que nos contentar com poucas opções de potência a mais que o chassis ou as condições de tração pudessem lidar.
Potências de mais de 300 cavalos era algo tão corriqueiro nos heavy duty americanos que chegava a ser irritante. Cilindradas de mais de sete litros, 350, 390...mais de 400 cavalos eram o prato normal dos motoristas mais entusiastas ou nem tanto.
Potências que fariam uma Ferrari da época parecer um consumidor de produtos dietéticos....
Mas a verdade é que a farsa das potências em sua cifra bruta não eram as reais de fato, não era a mesma medida universal adotada, e a luz da razão, essas centenas tão vulgares de cavalos decaíam bastante, mesmo que o haras continuasse muito respeitável e os desempenhos em arracadas eram sempre fabulosos.
Sei lá, até respeito esses carros e como ainda não pude passar minhas mãozinhas felizes em um, fico sempre um pouco desconfiado nas lendas que giram em torno deles. Quem sabe um dia...para detonar um pouco as fundações da minha escola européia.
Grande dica MAO!!!!
Mister finesse,
ResponderExcluirNão entenda mal, em matéria de potência as ferraris contemporâneas eram mesmo fichinha perto desses dragões cuspidores de fogo e enxofre.
Aquelas banheiras gigantescas fazendo quarto de milha em 12,13 ou mesmo 14 segundos é de impressionar. Se poder te corrompe, estes sào os maiores corruptores já criados.
Mas são automóveis, e como tais tem várias outras coisas que hoje não se fala. E como eles eram vistos aos olhos de seu tempo? Aí é que o livro ajuda.
MAO
Anonimo,
ResponderExcluirNem todos, só alguns...e outros problemas muito piores aconteciam, em carros zero km. Nos faz lembrar que realmente evoluiu a indústria e seus produtos...
MAO
É verdade MAO, uma GTO italiana ao lado do seu "primo" (de nome, apenas de nome...)americano, só inverteria as coisas acima dos 200 km/h quando a predileção por giros mais altos do V12 e a melhor aerodinâmica fariam a sua função...como bem JLV comentou ao testar o Hurts, relembrando dos tempos em que os gigantes americanos pisavam sobre a Terra.
ResponderExcluirImagine, duas toneladas aniquilando o quarto de milha com aquelas suspensões e aqueles pneus que não tinham o componente chiclete de hoje em dia, fabuloso, torque encima de torque, cifras e sensações irreais que nunca serão sentidas pela imensa maioria dos condutores.
Outro modo de vida em relação aos lépidos e obedientes europeus, mas tudo é bom em suas características.
MAO esse livro tem em portugues ???
ResponderExcluirÉ q eu infelizmente naum sei ler ingles
O que o Mister Formula Finese escreveu sobre os europeus terem maior vantagem em altas velocidades com seus motores menores e mais giradores, sem falar de fazer curva muito melhor, me faz pensar como devem ser legais os poucos carros europeus de época com mecânica americana. Iso Grifo, De tomasos, Bizzarrini etc.
ResponderExcluirEu sou um fã incondicional dos muscle cars, com todos os seus defeitos e limitações (por acaso minha id não é somente em alusão ao simpático pássaro que sempre judiava do pobre coiote...)
ResponderExcluirUm carro com torque pra lá de Deus me livre, como eram os grandes V8 que equipavam os muscle cars, são muito prazerosos para se dirigir de forma tranquila, sem estresse. E os brutamontes também não eram assim um perigo constante em curvas... Claro que frente aos europeus a comparação é covardia, mas sabendo-se das limitações e reações dos carros dá para fazer miséria, mesmo nos dias de hoje.
Esse livro me deixou com água na boca...
Mister Fórmula Finesse
ResponderExcluir"cada dona de casa dos USA sempre tinha uma usina de mais de 250 cavalos para levar os projetos de obeso para a escola. Aqui tínhamos que nos contentar com poucas opções de potência a mais que o chassis ou as condições de tração pudessem lidar.
Potências de mais de 300 cavalos era algo tão corriqueiro nos heavy duty americanos que chegava a ser irritante. Cilindradas de mais de sete litros, 350, 390...mais de 400 cavalos eram o prato normal dos motoristas mais entusiastas ou nem tanto.
Potências que fariam uma Ferrari da época parecer um consumidor de produtos dietéticos...."
Belo comentário. Tá inspirado hein???
FB
Rapaz, me interessei por esse livro !! Mas como meu inglês não é lá essas coisas, eu tava pensando numa tradução da obra...sem dúvidas merece ser traduzida =D
ResponderExcluirFB, claro amigo....carros são a minha inspiração divina! Não importa a marca ou estilo!
ResponderExcluirTambém existe a influência dos textos tão bem escritos por você, pelo MAO, pelo PK, AK, Juvenal e por tantos outros especialistas do blog - e os sempre precisos comentaristas - que automaticamente elevam o nível do entusiasmo ao escrever.
Desse modo passa a se escrever um pouco mais com o coração, e o que é escrito sob a influência dele, "flui" melhor...
Abraço
belo livro amigo!
ResponderExcluirEsse livro faz todo o sentido do mundo a quem teve/tem esses carros e enxerga com clareza suas delicias e defeitos. Quem nunca teve nem nunca andou em carros americanos com motores de verdade, nunca os entenderão, simples desse jeito. Esse gosto eu tenho, felizmente ao inves de me limitar a copiar o que a inteligentzia tupiniquim alardeava como verdade, a cretinice antiamericana e o endeusamento do que vem da europa, não importando o quão falso e ruim seja explica muito do que se ve por aqui. Me alegro em ter o que gosto e conhecer de carro europeu o suficiente - isso como usuário e reparador o suficiente para dizer que em sua grande maioria não merecem nem um décimo do que lhes é creditado.
ResponderExcluirE, claro, um milhão de vezes tirando vazamento de atf em um TF727 num Hemicuda que trocando embreagens de porcelana e cambios de vidro, e motores de meia tigela em alfas, jaguares e ferraris. Ou de outros carros que se dizem modernos porque tem comando no cabeçote, mas tem 6 em linha com eixo apoiado em 4 mancais apenas. Coisa que nos eua foi abandonado nos anos 50. Mercedes anos 70 eram assim. Poderia continuar, mas assim eu mato alguns amigos queridos, do coração.
O mais legal é que tudo que é dito e falado nesse livro é verdade verdadeira. Um bom documento de época.
Alexandre Garcia,
ResponderExcluirComo vc lida diariamente com diversos veículos, é interessante que comente detalhes construtivos e certas "verdades" sobre eles. Vi na TV sobre o novo Ford GT em confronto com o Ferrari F430 em autódromo e passadas algumas voltas de pé em baixo o motor do Ferrari estava soltando fumaça azulada, com algum dano interno. Sobre os carros italianos(Alfa, Ferrari)vc tem subsídios para falar da qualidade dos motores? Se tiver diga mais sobre a diferenciação entre o mito e o real...Abraço
Thiago,
ResponderExcluirJá fiz motor de jaguar, jpa tive minha cota de alfas, fiats até em porsche 911 já meti as patas - mas verdade seja dita, 911 tem nada a ver com os outros citaods, por favor - e entendo poerfeitamente porque o jag mais comum nos eua, dos modelos anos 70 é o XJ8, que nunca existiu, todos com 350 chevy...
Não tiro a sua razão,Garcia,o M180 das MB (2.3/6) é 4 mancais, já o M114(250) é 7 mancais, mas o 230 aguenta cacete severo sem chiar, 6l de óleo e uma bomba nervosa lá dentro , eu abro esses motores rodados pra kct e mantenho as bombas de óleo com mais de 30 anos de funcionamento, tá boa,vou trocar pra que? Abri um motor travado de uma Ponton 1958 que estava jogado no ferro velho,o sacana era std, só troquei anéis e juntas, tá funcionando diretinho,os alemães são impressionantes nessa área tb...
ResponderExcluirA maioria absoluta dos motores de 6 cilindros americanos usava somente 4 mancais; uma exceção notável era o Nash que surgiu nos anos 30 e desapareceu em 1956. Até mesmo o poderoso Hudson Hornet usava 4 apoios. O uso de 7 bancadas tornou-se corriqueiro a partir de 1960 quando foi desenvolvida a fundição de blocos com parede delgada ("thinwall casting") e foram aposentados os velhos engenhos (Chevrolet "Cast Iron Wonder", Dodge-Plymouth 230 etc). AGB
ResponderExcluirOs americanos são admiráveis porque fizeram tudo a seu modo, ao invés de baixarem a cabeça para os lordes apavoados e de nariz empinado da Europa.
ResponderExcluirPor isso que lá se criaram os motores grandes e o futebol americano.
Os brasileiros, com o complexo de vira-latas que reinou por aqui até recentemente, sempre olharam a Europa como se olhassem para o paraíso.
E aí criou-se esse cultura tosca de anti-americanismo idiota no Brasil, e um endeusamento de tudo que vem da Europa.
E isso se aplica ao gosto por carros.
Aqui no AE tem muito comentário de gente que endeusa carro europeu e mete o pau no carro americano, e nem sabe bem ao certo o porquê disso.
Anderson Arara, disse:
ResponderExcluirFiquei maravilhado com os comentários a favor dos Muscle cars, e morri de rir com o comentário de Filipe Pinhati, ele esta certo, Aprenderam, os brasileiros na maioria, menos eu e alguns, a gostar de Carrinhos de autorama Europeus e suas trações dianteiras, para esses simplórios eu jogo a praga Japosesa e Coreana, e para nós aficionados :QUE VENHAM OS MUSCLE CARS !!
Por favor, poderia me indicar materias tecnicas que falem sobre a abertura no Capô dos Muscle Cars ? Aquelas "Entradas de Ar", que ja li que eram apenas estéticas, e vi também um documentário ( se não me engano, no Discovery Chanel, mas não a acho), apostei que eram apenas esteticas e agora tenho dificuldade de provar tal fato. sei sobre aerodinamica, mas preciso de uma referencia tecnica, até mesmo dos especialistas desse Blog. Obrigado, Anderson "Arara".
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