Coluna 0314
15.jan.2014 jrnasser@autoentusiastas.com.br
NAIAS. Os
carros dos EUA renascem
25ª
edição do NAIAS, o Salão do Automóvel de Detroit, a sempre identificada cidade
do automóvel. Não o é mais, embora ainda tenha em suas beiradas Ford, GM e
Chrysler. A abrasão entre capital e mão de obra, o abrutalhamento da cidade,
atrativos de outros estados, pulverizaram a outros estados a instalação de
fabricantes e suas plantas de fornecimento de auto partes ou de montagem.
Detroit, exceto o centro, o bairro rico, Grosse Point, é punida pelo
esvaziamento, pela população encolhida à metade — crêem-se atualmente 700 mil
moradores —, pela queda de qualidade de vida, desemprego, e incapacidade dos
gestores em mantê-la com respeito operacional e aos impostos recolhidos.
A
cidade é inexeqüível, e a queda da atividade econômica tem más conseqüências:
prédios, galpões, espaços industriais abandonados há décadas, ruas e estradas
esburacadas, exceção ao padrão estadunidense de resposta pública aos impostos
arrecadados. Chocante no compará-la com a vizinha canadense, ao outro lado do
Rio Windsor, que lhe dá nome.
No
usual o Salão recebe 500 mil visitantes entre os dias de imprensa, convidados e
caridades, e semana com público. Neste 2014, entretanto, as perspectivas
menores pelo tempo polar, nevascas, previsões de aeroportos fechados a pouso e
decolagem, estradas de ferro bloqueadas, rodovias geladas e perigosas.
E daí?
O
25° Salão de Detroit deixará marcas importantes. Em primeiro lugar, surpreende
favoravelmente. Sofreu vales de esvaziamento e cinco anos após a crise
atordoando a indústria automobilística, volta, qual Fênix, a patamar de festa
bem produzida, sem economia, com imponentes estandes. Nos largos corredores as
passadeiras baratas deram lugar a tapetes com 1 cm de espessura. Similar,
porém com menos impacto — em 2009, durante a apresentação de novos modelos da
GM, funcionários faziam passeata no estande pedindo garantia de emprego. Neste,
grupo da Nissan tentava apoio popular para filiação a sindicato — vedada pela fabricante
nipo-francesa.
A
edição tem novos produtos, novas tecnologias, novo enfoque quanto a veículos,
factibilidade nos caminhos de uso de energia renovável, cuidado em valorizar
conteúdo dos carros de menores medidas e preços, em constante adesão pelos
antigos usuários de carros maiores. Conseqüência, carros melhor equipados,
decorados, com enorme leque de facilidades eletrônicas, mais seguros e
econômicos, menos poluentes.
Novidades
Importante, novo
picape Ford F-150, veículo mais vendido nos EUA, utiliza motor pequeno, V-6,
2.700 cm³ de cilindrada, coisa epicurista, 4 comandos de válvulas nos
cabeçotes, injeção direta e um turbo. Potência não declarada, pois será lançado
no segundo semestre, em modelo 2015. O motor evolui do anterior 3,5 V-6 turbo,
e seus testes foram de carga máxima, exigências militares. É nova geração dos
EcoBoost, e a tendência é fazer dupla com o V-6 3,5, tirando da produção os
aspirados V-8 5,0 e 6,2. Não virá ao Brasil. Porém novidade mundial é o intenso
uso de liga de alumínio da carroceria — quase 70 % — no reduzir peso. Idem,
mescla de aços especiais reduz peso, aumenta resistência estrutural. Interessa
ao Brasil, pois a tecnologia do líder será copiada pelos concorrentes e, como
novo caminho, permeará a outras marcas e veículos.
Ford F-150, alumínio |
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Chrysler 200
Impactante. Feito
sobre plataforma Fiat, motor de quatro cilindros transversal, 2,4, 16V, 184 cv
de potência ou V-6 Pentastar 3,.6 e 295 cv. Acerto de suspensão e direção em
padrão europeu, e a novidade da caixa automática com 9 marchas, tração
dianteira ou nas quatro rodas.
Refinado em
construção, decoração e conteúdo de confortos, segurança e eletrônica, quer
concorrer com Mercedes C, BMW 3, Audi A3, Honda Accord, Toyota Camry, Nissan
Altima, coreanos no segmento, e Ford Fusion. Parece um Audi A7 em escala. O 200
enfatizará o bom slogan praticado
pela Chrysler na concorrência com os produtos de origem estrangeira — Importado de Detroit.
Interessa ao Brasil,
onde a aplicação desta plataforma aguarda as definições pós-união Fiat-Chrysler,
e a apresentação do novo plano trienal incluindo produto comum Alfa
Romeo-Fiat-Dodge/Chrysler na nova fábrica pernambucana.
Chrysler 200 |
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Chrysler trará ao
Brasil os produtos da linha Jeep, Grand Cherokee, em pré-venda, o Durango feito
sobre sua plataforma, e Cherokee, reformulado, mais leve e com câmbio de nove
marchas.
Do grupo, a Fiat
importará a versão Abarth para seu modelo 500. Um pequeno foguete, com 160 cv
de potência.
Possibilidade
Projeto corajoso, tipo
exibição explícita de tecnologia factível e produto quase imediato, a Audi
apresentou o “Audi Allroad Shooting Brake
Show Car” — na prática um protótipo de camioneta. Como peculiaridades, duas
portas, uso em estrada e fora, e valer-se prioritariamente de tração híbrida. O
gerador é motor 2,0 TSI, turbo, injeção direta, dois tipos de injeção, direta e
indireta, 292 cv, câmbio de seis marchas com tração dianteira. Motor elétrico
com 40 kW — 54 cv – e cerca de 27 m·kgf de torque. Bandeira respeitável, a combinação
é capaz de andar 100 km
com menos de dois litros de gasolina!
No eixo traseiro,
outro motor elétrico, 85 kW — 115 cv — operando por demanda eletrônica, criando
a tração total. Motores somam convincentes 408 cv de potência permitindo acelerar
de O a 100 km/h
em 4,6s.
Carro de sonho —
regulagens dos pedais avança e recua o console —, quatro lugares espaçosos,
duas portas como elemento de esportividade, soluções factíveis para levá-lo à
produção bem aproximado do conceito mostrado, e tecnologia a ser aplicada aos
demais carros de linha, incluindo os Audi a ser feitos no Brasil, sedã A3 e
utilitário esportivo Q3.
Audi Shooting Brake, conceitos a serem realidade |
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Três interessantes BMW estarão no
Brasil antes da produção local, prevista para 2014. São o Série 2, o M4 e o i3,
elétrico. A BMW realiza esforço paralelo aos da Anfavea, associação de marca,
para que os elétricos tenham impostos menores aos carros com motores
convencionais.
BMW Série 2 |
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Líder do mercado Premium nos EUA,
parte das ações para retomar a liderança na categoria, a Mercedes apresentou
versão GLA pela AMG — o pequeno utilitário esportivo a ser produzido no Brasil
em 2015 —, mostrou o belíssimo Coupé S, o modelo topo da marca, o S 600, com
motor V-12, e rotulou mais importante o novo Classe C — a ser produzido nos EUA
e no Brasil
Pequenos
Aguardavam-se novidades dos pequenos
fabricantes de carros elétricos. A Fisker, em situação falimentar, teve negada
por um juiz de falências oferta de compra por empresa chinesa — acusada de
inviabilizá-la por cessar fornecer baterias. No caso da Tesla, em estande
mostrando carro pronto e chassi bem desenvolvido e sólido em alumínio, a crença
era de anúncio de venda à GM, mas não se deu.
Curioso, independente como sempre
foi, Bob Lutz, suíço que movimentou os EUA com suas criações — Chrysler Viper,
PT Cruiser, Pontiac Sundance, ex-vice presidente da GM, em época de
combustíveis alternativos, foi claro:“As
pessoas querem carros bons”. E criou uma empresa, a VL, e um produto: de um
Karma da Fisker, removeu motores elétricos e baterias, e colocou motor GM
Corvette, a gasolina, V-8 de 6.2
litros. Fez conversível hot rod de fábrica, o Destino. Lutz tem unidades compradas e quer
vender a US$ 200 mil — quase R$ 500 mil.
Sempre surpreendente, aliou-se à
Wanxiang, chinesa de autopeças para comprar a Fisker.
Karma elétrico virou VL Destino |
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Roda-a-Roda
Crescimento – Luca De Meo, membro do Conselho
de vendas da Audi, disse-me sorridente ter novo recorde de vendas para a
marca: 1.575.500 veículos no mundo, 8,3% de crescimento sobre 2012.
Mais - Metas
foram superadas dois anos antes. Sorriu mais: a marca teve recordes em 40
mercados, incluindo ser, pela primeira vez, a Premium mais vendida na
Inglaterra.
Engano – Luca é
ex-Fiat, estrela ascendente, morou no Brasil na juventude, simpático, de passe
comprado pela VW. Pensei tê-lo visto e saudei-o ao se aproximar. Não era ele,
mas Giovanni Perosino, também italiano, também da Audi, chefe da comunicação de
marketing. Enquanto ríamos da confusão pela semelhança, Vicente Alessi, editor
de Autodata, aproximou-se e também
chamou-o de Luca. São muito parecidos.
.....
2 – À noite, idem. Passei pelo Perosino e novamente achei ser o Luca.
Dividimos umas batatas fritas em torno da confusão.
.... 3 – Manhã, segunda, entrevista da
Volkswagen, Gilberto dos Santos, da VW, arranjou-me lugar privilegiado,
superior, no balcão da cafeteria da empresa. Perosino se aproxima e o chamo
para abrir espaço para melhor visualização. Não era mas, finalmente, o Luca. Os
caras são iguais.
Decisão
– Como as outras alemãs a Volkswagen cresceu em vendas nos EUA – no caso 13,5% —
e, para aumentar sua participação no segundo maior mercado do mundo, visando
liderar vendas mundiais em 2018, deu ênfase à marca.
Leque
– Faz o novo Golf em Puebla, México anunciou investimentos de 7 bilhões de
dólares nos próximos 5 anos, e a produção de utilitário esportivo médio —quer
dizer porte do Touareg. Colocou um carimbo no projeto: em 2018 quer vender um
milhão de Volkswagens e outro de Audis nos EUA.
Triunfo
– Mary Barra, 52, nova presidente da GM mundial, fez entrada
triunfal no NAIAS. Seguranças, executivos, todos papagaios de pirata disputando
invulgar número de foco em câmeras, fotos por máquinas e celulares. Pop Star.
Bem
– Começou bem. A GM, iniciando sair do guarda-chuva salvador
do estado americano, teve picape Silverado e Corvette escolhidos como Carro do Ano. E distribuirá dividendos
após seis anos de jejum.
Brasil
– Mark Hogan, ex-presidente da GM no Brasil e ex-vice da matriz, me chama.
Feliz em ver velhos amigos e falar língua brasileira. Foi o primeiro não
japonês a integrar o conselho diretor da Toyota e hoje é diretor tendo foco na
operação latino-americana. Foi seu dedo quem mandou melhorar o Etios.
Mais
– Diz, nova ação corrigirá painel e outros itens, outro motor. Estranha o fato
de a Toyota ter pouca divulgação. Não sabe, mas as marcas japonesas dão as
costas no relacionamento com a imprensa e público externo.
Mudança
– Aliás, Coluna informou, a Honda
quer quebrar a acomodação, mostrar o que faz. Contrata Marcel Dellabarba, exVW
e na Mercedes, para gerir comunicação da marca, hoje entregue a assessorias
externas.
Aditivo
– Não pelo fato de ser profissional correto, ascendente, mas os previstos
resultados devem sacudir a acomodação sem resultados resultado da ociosidade
das outras japonesas. Possíveis substituições serão boas para o mercado.
Efeito
– Hyundai esperou a Volkswagen anunciar o up! para divulgar mudanças 2014 no
HB20. O up!, mais moderno, será concorrente frontal. Cassio Pagliarini, diretor
de marketing, diz mudanças vieram de pesquisa durante o ano.
Opção
– Maior diferença é opcional, motor 1.6 e caixa automática no HB20. O up! por
enquanto terá motor 1.0 aspirado. Restante é tópico: detalhes cromados na
bolota do câmbio, retrovisores na cor da carroceria, tampa de porta luvas ...,
e opção de tela com navegação, encosto bipartido no banco posterior.
Choque
– O HB20, queridinho do mercado em 2013, terá no up! — vendas em 10 de
fevereiro —, concorrente de maior instigação, atualização e, dado insuperável,
rede de distribuição maior, e formidável máquina promocional.
Mundial – Pessoal da Ford Brasil, em especial
o designer chefe João Marcos Ramos,
rindo à toa. No balanço da empresa, comando maior apresentou bons resultados,
citando dois produtos mundiais nascidos no Brasil: utilitário EcoSport e
caminhões Cargo.
Mercado – Finda a fase do consumo
incentivado, a besta da inflação ensaia galope, tomar o freio nos dentes — e se
tornar inadministrável; aumento dos juros; dificuldades em financiamentos;
efeitos de Copa e eleições no consumo.
Mais - Decisão do governo em iniciar
volta ao elevado IPI, permitindo a venda com alíquotas incentivadas aos carros
faturados até 31 de dezembro, fez revendedores comprar muito, formando estoque.
Têm mais de mês de vendas no pátio — e continuam recebendo os novos veículos.
Ocasião – É o seguinte: se queres carro novo, compra agora. Facilidades,
algum agrado na negociação e o IPI menor. Resultado da conta favorável a você.
Conselho – Não se meta a comprar carros sem
ABS ou almofadas de ar. Nestas horas pensar com o bolso pode trazer maus
resultados para o resto do corpo.
Outro lado – Se num extremo existem carros
como Fiat Mille e Kombi, já descontinuados — as últimas Kombi não são apenas as
bicolores Last Edition. Há as
normais. A 180 graus os novos Mercedes CLA, pequeno sedã da marca.
Novidade – Não conhece? Estás certo. Ainda não foi lançado no Brasil. Porém,
nas emoções do período, a Mercedes antecipou-se enviando aos revendedores a New Edition, com teto solar e
acessórios. Razão? Aproveitar o IPI menor.
Quantum - Se afim, mexa-se. Quase todos
estão pré-vendidos a clientes da marca. E no mundo há inacreditável déficit de
encomendas de 60 mil unidades. Tremendo sucesso. Nos EUA, US$ 29.900 — uns R$
73.000. Aqui revendedores pedem R$ 160 mil por série especial de entrada.
Mercedes CLA, venda antes do lançamento. IPI menor |
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Auditoria – Leitores liderados por Alain
Tissier, vice-presidente da Renault, corrigem Coluna passada, quando informou aumento da garantia dos VW para 3.000 km. Nada disto. Três
anos. Estão certos.
Gente – Ana Carolina Costa, jornalista, assessora de imprensa na Mercedes,
mudança. OOOO Irá para a Samsung de
eletrônica. OOOO Chery do Brasil nova direção. OOOO Roger Peng, físico, experiência em autopeças
no CAIP Group e na Visteon. OOOO Sergio Marchionne, 61, contrato renovado para mais três anos à
frente da Fiat e Chrysler. OOOO Maio apresentará e administrará o
próximo plano trienal. OOOO
RN
A coluna "De carro por aí" é de total responsabilidade do seu autor e não reflete necessariamente a opinião do AUTOentusiastas.
"Foi seu dedo quem mandou melhorar o Etios.
ResponderExcluirDiz, nova ação corrigirá painel e outros itens, outro motor."
Dedo fraco, pois as melhoras, até agora, são pífias.
Corrigir painel entendo, mas... Outro motor?? Ou vão aplicar de volta as tecnologias que tinham tirado do motor atual?
E por favor, Toyota, coloque um ajuste de altura do banco, eu que sou baixote fiquei até curvado para não bater a cabeça no teto.
Às vezes essa tecnologia toda me assusta.
ResponderExcluirSerá que daqui algum tempo não veremos mais outras cidades ao estilo de Detroit?
Eu sinto que o Corsário teve uma decepção muito grande com o Etios.
ResponderExcluirSerá que ele esperava comprar um como eu e teve que desistir devido a babaquice da Toyota?
CCN, nunca simpatizei com a Toyota, e quando lançaram o Etios achei tudo horrível.
ExcluirMAs, pesquisando uma possível troca, a Toyota ganha de lavada em um item: custo de manutenção. É realmente muito mais barata que seus concorrentes. Para mim, que rodo bastante e fico uns cinco anos com carro, é algo muito importante!
Mas daí pra frente...
O motor e comportamento não me empolgou, não vi grandes pretensões entusiásticas como alguns dizem, o painel não é tão ruim como lembrava mas ainda assim é ruim demais, o acabamento é fraco e tudo parece faltar, não regula cinto, não regula espelho, o banco não tem regulagem. Eu que tenho 1,71 tinha que ficar curvado e sentia que seria jogado pela janela numa curva um pouco mais rápida.
Seria o carro certinho para mim, racional, compacto, bom resultado no latincap, baixo custo de manutenção, mas algumas bolas fora cortaram qualquer possibilidade. COmo diz o AK, tem erro que a gente convive, e tem erro que corta o barato.
Parece esta coluna ter sido transmitida de Detroit por telegrama 0000 Sensação de ter lido um tenho agora 0000
ResponderExcluirParece, não, foi, mas não por telegrama, obviamente...
ExcluirO que seria 0000?
ExcluirBoa 0000 pergunta.
ExcluirMelhorar o Etios? Tarefa das mais simples. Yaris.
ResponderExcluir0000 - recurso estilístico literário. Usa-se tb os asteriscos (****) como forma de separar os temas, ou encadeá-los de uma forma 'concretista'. Muito usado por James Joyce e Edgar Allan Poe.
ResponderExcluirQuanto ao Etios, só um painel novo resolve. E algumas pequenas guloseimas para agradar o consumidor. Como dizia Napoleão, 'com quinquilharias é que se conduzem os homens'.