google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 MIRROR LAKE CLASSIC 2011 - PARTE 1 - AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

MIRROR LAKE CLASSIC 2011 - PARTE 1



Dificilmente uma exposição de carros antigos é algo enfadonho. Mas é difícil um evento onde nada, ou quase nada, seja desagradável.

O Lake Mirror Classic 2011, em Lakeland, na Flórida, é um desses eventos de tranquilidade absoluta.

Um encontro que ocorre todo ano, junto ao lago localizado no centro de uma bela cidade que tem o nome de "terra dos lagos". É praticamente a perfeição para esse tipo de atividade, ao menos na categoria dos eventos grátis, os meus preferidos.




Estacionamento em edifício-garagem, de onde tomei as imagens acima, exatamente no meio do encontro, entre o lago e as ruas e praças ao redor, obviamente também franqueado, sem despesas para o visitante da simpática cidade,  que também sedia todo mês de abril o segundo maior encontro de aviação dos Estados Unidos, o Sun'n'Fun.

Organizado pela EAA, a mesma associação de aviação experimental que é  "dona" de Oshkosh, lota a cidade durante uma semana, e requer pelo menos uns dois dias inteiros para ver todos os aviões.

Estive lá há muitos anos, e recomendo para qualquer um que tenha um mínimo de atração por aeronáutica.

Lakeland é um nome que se serviria para várias cidades da Flórida. Não é para menos, há água para todo lado, laguinhos, lagos e lagões. E o lago espelho (mirror), é de tamanho razoável, onde até barcos a motor estavam expostos.



Havia visto no site do evento  que seriam cerca de 500 carros nesse ano, mas durante o sábado, dia 15 de outubro, foi divulgado o número de 600. Não contei, mas comparando com o costume que temos de visitar Águas de Lindóia, não era chute alto. Aliás, o lago no centro faz lembrar a agradável cidade paulista, guardadas as devidas diferenças.

Como são mais carros do que espaço ao redor da água, as ruas próximas, estacionamentos e praças também servem de área útil.

Calor floridiano, mesmo com céu parcialmente encoberto, aliviado pelas várias opções de refrescos. Podia-se escolher entre pagos, disponíveis em trêileres e barracas de vendedores ou pela ótima surpresa encontrada no quartel dos bombeiros.

Os caminhões estavam todos fora da garagem, avermelhando o pátio do quartel, e, na garagem vazia  haviam disponíveis,  água, refrigerante e raspadinha grátis, além de pipoca para tapear a fome.

Brindes para crianças e visitas guiadas pelo quartel e pelos caminhões da corporação faziam parte das ofertas à população que paga impostos. Uma demonstração de respeito para quem mantém o sistema todo funcionando. Exemplar.

O Lake Mirror Classic também compreende um concurso de elegância, e aí é que a coisa pega de verdade para quem se liga no assunto troféus e medalhas, que não é meu caso. Para mim, o que mais interessa são as raridades.

Haviam carros que estavam "de castigo" e não concorriam esse ano, de tantos prêmios que já tinham ganho anteriormente. Imaginem a qualidade!

Pela primeira vez vi alguns carros ao vivo, como um Tucker Torpedo 1948 perfeitamente funcional, que reunia o maior grupo ao redor de um único carro. É uma raridade mesmo na nação mais motorizada do planeta. O motor era o original Franklin boxer, que foi modificado pela equipe de Preston Tucker, passando a refrigeração de ar para água.  Esse carro é algo notável, assim como toda a história de seu desenvolvimento.








Numa outra área, carros europeus raros, onde tínhamos várias curiosidades, como o Tracta E de propriedade do Tampa Bay Auto Museum, que o Paulo Keller já mostrou anteriormente.




Além dele, havia Lea-Francis com motor Coventry-Climax, um dos 30 que restam dos 77 produzidos, Matra D'Jet, com motor  Renault de 1.108 cm³ em posição central-traseira e carroceria de compósito de fibra de vidro, um Sunbeam Talbot Alpine Mk1 de 1953 há mais de cinco décadas com a mesma família e outras marcas de pequena produção, além de um protótipo único no mundo, o Vauxhall-Zimerlli.

Lea Francis de 1950


Matra D'jet

Sunbeam Talbot Alpine Mk 1, desenho de Raymond Loewy

Esse carro com carroceria de alumínio foi construído pelos irmãos Zimerlli, encarroçadores da Suíça, para  exibição no Salão de Londres de 1948. É um carro-conceito que nunca entrou em produção.

A raridade é de um colecionador de Miami, e foi transportado em um caminhão que também fotografei, quando o carro estava sendo guardado. Não é coisa de amador, é de colecionador profissional mesmo. Vejam a foto que mostra a lista dos carros desse proprietário, pintada na lateral traseira da carroceria.









Vejam a lista de carros desse colecionador

Nos alto-falantes que funcionavam por toda a área ao redor do lago, ouvia-se música de cordas, desde o gênero clássico até rock do Metallica, e, depois de mais de uma hora, descobri que não era gravação, mas sim um grupo que tocava ao vivo. Música de qualidade, a volume humano, sem agredir os ouvidos, e que permite conversação civilizada. Exatamente como tem que ser.


A separação pré e pós-guerra ajudava a dar uma visão mais didática, longe de qualquer tipo de mistura que só confunde quem não se sintoniza com a história automobilística.

Um dos mais impressionantes do pós-guerra era o Oldsmobile Ninety-Eight de 1959, que, se não é nenhuma raridade, paralisava visitantes pelo estado de perfeição.







Uma parte pequena da mostra tinha carros modernos, que são considerados clássicos do futuro, e aí tínhamos um Rolls-Royce Phantom de 2010, um magnífico exemplo de imponência e acabamento caprichado.

Apesar de ter sido muito modernizada nos últimos anos, a marca ainda tem boa parte da construção dos modelos feita por artistas, em processos completamente antiquados para os padrões das fábricas grandes. Vejam o filme curtinho,  da fábrica de Goodwood.

Se alguém disser que é uma montadora, pode mandar internar no hospício.




Havia Ferraris bem novos, até mesmo um 458 Italia branco, que fotografei mesmo não sendo um fã absoluto.


Apesar de um maravilhoso 348 estar lá, lembrando os tempos em que Ferraris não eram tão comuns como ferramenta de status, faltou um F40 para discursar sobre o silêncio dos moderninhos, e mostrar que Ferrari era carro de corrida para andar na rua, coisa que nunca deveria ter deixado de ser.


Próximo a Ferrari e apenas um Porsche moderno, cujas rodas não originais não valiam a foto,  haviam vários DeTomaso Pantera e três De Loreans, um deles com a carroceria de aço inoxidável em vermelho, e com um boletim de serviço da fábrica, explicando que três unidades haviam sido pintadas para testes, que não estavam concluídos na data do boletim, primeiro de fevereiro de 1982, e por isso, garantias não seriam dadas por ela.

Fileira de Panteras. Cadê a jaula?






À direita, o boletim da fábrica irlandesa do De Lorean


A barra é apenas para segurar o aviso, não faz parte do carro.

Aparentava uma grande qualidade na pintura. Gostaria de saber quanto tempo e dinheiro foi investido para remover o principal ponto da originalidade desse carro, algo que para mim é muito atrativo, já que o aço que não oxida é bonito até dentro de máquina de lavar. Mas é a velha máxima: o dono faz o que quer com seu carro.


O acabamento original, em aço escovado, para não atrapalhar outros motoristas

Como nada é perfeito, fiquei chateado de não ver nenhum Bentley, nem antigo nem novo.

Um pátio de estacionamento abrigava carros à venda, onde  também pela  primeira vez vi um  Rambler da American Motors, com um interior muito chamativo devido a um esquema de cores e de padrão muito diferentes.




Sobre American Motors, o mais chocante foi ver três modelos de um mesmo colecionador. Um Marlin, um AMX e um  Rebel Machine. Não há muito o que dizer aqui dessa marca já falecida, mas o mais raro aqui é o Rebel Machine, completamente fora de padrão de nome de muscle car, e que eu nunca tinha visto pessoalmente. O desenho do painel de instrumentos mostra o quanto a AMC mantinha  uma relativa independência do convencional. Notem o mostrador do rádio, à direita dos instrumentos, colocado na posição vertical.

Mais sobre a American Motors está nesse texto.







Um Triumph TR3, perfeito, exemplo de overestoration, melhor do que quando era zero-km, estava a venda por 24 mil dolares, um preço baixíssimo pelos padrões brasileiros, onde se cobra alto por qualquer escombro ou estrupício.




Os Amphicar, anfíbios como motorização Triumph Herald inglesa, que parece um motor de Corcel, eram em número de três, o que achei bastante. Pudera, pesquisando, descobri que dos 3.878 carros produzidos na Alemanha, 3.046 foram exportados para os EUA.





Quem gosta de Jaguar estava sujeito a palpitações da bomba de sangue, já que um gramado circular abrigava vários exemplares, inclusive um SS II Tourer, de 1935, carro de antes da marca ser batizada com o nome do felino. A  Swallow Sidecar mudou de nome também devido à famigerada SS nazista. Vejam o post do MAO para entender melhor essa curiosa estória.

Esse modelo teve 186 exemplares fabricados, e tinha apenas 13 cv para animar o baixo peso do carrinho. Com a placa de veículo histórico, na categoria carruagem sem cavalo, é totalmente charmoso, apesar do estilo comum de carros esportivos da época, como os MG.







Até o XK8 do Austin Powers estava lá, com ele dentro. Cômico.


Já os Sunbeam Tiger não trouxeram Maxwell Smart, o agente 86, mas não faz mal, os carros já bastam, principalmente com rodas Minilite.




O Beetle abaixo tem uma história ótima. Foi prêmio de um concurso pré-inauguração do primeiro parque da Disney na Florida, o Magic Kingdom, e foi ganho por um cidadão de Michigan, juntamente com uma viagem para a  inauguração do parque, em outubro de 1971.

Desse proprietário, o carro foi passado ao casal atualmente dono do mesmo. Ou seja, segundo dono, sem restaurações, e com histórico autêntico da empresa que criou a estória do Fusca que falava. Incrível.


Havia uma pequena área com os survivors, os sobreviventes, categoria de carros nunca restaurados, que tinha um MG muito estragado, um caminhão Ford T inacreditável, com vários objetos da época em que o carro era novo na caçamba , um Hudson Hornet absolutamente perfeito e um Chrysler 300 de 1956 que me deu trabalho, pois tive que "rebocar" a patroa, que gastou vários minutos ao redor dele.









Pontiacs sempre dão saudades, e os dois Bonneville 1961, cupê sem coluna, é dos mais maravilhosos.
As rodas 8-lug  já foram explicadas aqui.




Esse teto e vidros são os mesmos do Impala de mesmo ano, vejam a foto abaixo. Usar componentes comuns em carros diferentes não é mesmo novidade.


A quantidade de modelos comuns por lá, como Corvette, Mustang e Camaro era bastante grande. Chamava atenção esse Corvette quase réplica de competição,  categoria GT1 da American LeMans Series.



Perto dos Corvette estava dos carros mais aloprados já fabricados pela General Motors, o Buick Grand National, esse de 1987, com motor V-6 turbocomprimido alimentado por injeção eletrônica de gasolina. Completamente sinistro e perfeito, é muito mais bonito de verdade do que em fotos. Um carro plenamente desejável para qualquer entusiasta de carros diferentes.










Da Chrysler, exemplares espalhados pela mostra, já que não havia nenhuma grande quantidade de nenhum deles, apesar de que presenciar seis Vipers juntos não é comum.



Um Charger "General Lee" estava lá, esplêndido. Este é um dos carros mais belos de todos os tempos, sem nenhuma dúvida, aparecendo até numa lista publicada pela revista Autocar há alguns anos. Um absoluto preferido deste que vos escreve.




Mesmo carros fora de exposição podem ser curiosos nesses eventos. Na foto abaixo, um Ford Crown Victoria com jeitão de Police Interceptor, um exemplo de "encarroçamento do mal" muito invocado. Atrás dele, uma gaiola com motor VW a ar. Notem o escapamento! Contrastes interessantes.



Daqui a alguns dias  a segunda parte no AUTOentusiastas.

JJ

14 comentários :

  1. Fiquei abobado! Que coisas mais lindas!

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  2. Fiquei sem palavras para o Corvette GT1...

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  3. òtimos carros, o General Lee é marcante...tremenda discriminação: nenhum Camaro !

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  4. O American Motors Rebel Machine valia uma mensão no post dos nomes mais legais de carros, sem dúvida.

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  5. Vou sonhar essa noite com o Buick Grand National...certeza!

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  6. Augusto Filho30/10/2011, 07:16

    Covardia: uma Ferrari 348!

    Para mim, um carro não precisa (na verdade dificilmente consegue) ser mais bonito que uma 348 vermelha.

    É a perfeição sobre rodas. Em minha cabeça, estão em um patamar divino ela, um Mustang fastback de época e as BMW's da década de 90, como a simples 328 mesmo.

    Gostei da "Bomba de sangue"... rs

    Parabéns pelo post, e muito obrigado por compartilhar esse belo evento conosco!

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  7. Francisco J. Pellegrino,

    na parte 2 teremos alguns Camaros, nenhuma discriminação com esse carro !

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  8. Adlei Brex,

    o MAO fez a lista dele. Na minha haveriam alguns outros nomes, e o Rebel Machine estaria lá, como o Tucker Torpedo.

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  9. Augusto Filho,
    o 348, apesar de não ser novidade nem raridade, já que há alguns por aqui, me chamou muito a atenção. É belíssimo, sem dúvida.
    Grato pelo elogio.

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  10. JJ,

    Excelente post! Adorei o Pantera, acho que pelas rodas diferentes. Mas como você falou o evento inteiro foi fantástico. Bem que poderia ter me convidado.

    Abraço

    PK

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    1. Cê acha que ele é bobo? Ia estragar o passeio. ( não censura não! Tenha censo de humor! Rs)

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  11. Olá Juvenal
    Muito interessante o seu gosto pelos AMC's. Digo isso, pois sou proprietário de um modelo Rambler 1957. Será um grande prazer mostrar o modelo e conversarmos uma pouco sobre carros e a AMC. Vale lembrar que o Rebel nasceu em 57 e é considerado por muitos o primeiro pony car americano,
    Forte Abraço
    José Eduardo

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  12. Maravilhoso. Merece ser divulgado. Não fica a dever em nada para Pebble Beach.

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  13. Espetacular, Juvenal! Que dica. Muito legal mesmo. Ainda mais Free e sem tumulto. Tipo de coisa bôa de fazer. Já está na minha lista. Abs. MAC.

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