Nélson Rodrigues certa vez disse que “Toda unanimidade
é burra”. Embora seja uma frase genial e certamente aplicável a um monte de
coisa, não acredito que seja uma verdade absoluta, aplicável a tudo. Porque
afinal de contas existem verdades universais que são, bem, universais, aceitas
por todos, e não necessariamente burras.
Mas este não é o caso da unanimidade que existe entre
entusiastas quando se fala sobre tração dianteira. Parece que a vasta maioria
de nós pensa que para realmente ser bom de andar, um carro tem que ter tração
nas rodas traseiras, ou pelo menos nas quatro rodas. Os que rezam por esta
cartilha até aceitam alguma coisa de tração dianteira, mas acreditam piamente
que o nirvana existe somente quando as rodas traseiras impulsionam o veículo.
Não vou aqui elaborar muito neste assunto, porque
apesar de ser vasto e tecnicamente interessante de discutir, é também cheio de
controvérsias e preconceitos arraigados que sinceramente desejo evitar. Vou
apenas dizer que acredito que tudo que é bem feito é bom, seja lá onde a tração
e o motor estejam. E que apesar de adorar sobresterço controlado como qualquer
um que tenha a cabeça no lugar, prefiro que ele apareça apenas quando provocado
de propósito, e que um pouco de substerço no limite, sem exagero, seja a característica
normal do carro. Seja lá onde o motor e a tração estejam. Não sou piloto de
corrida e quase nunca ando em pista, afinal de contas, e portanto prefiro
comportamento benigno e seguro em situações imprevistas. Amassar carro é algo
extremamente desagradável, e as vezes dói.
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Triumph Spitfire Mk I, 1962 de semieixo oscilante atrás: horror! |