google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014): NSU
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Nélson Rodrigues certa vez disse que “Toda unanimidade é burra”. Embora seja uma frase genial e certamente aplicável a um monte de coisa, não acredito que seja uma verdade absoluta, aplicável a tudo. Porque afinal de contas existem verdades universais que são, bem, universais, aceitas por todos, e não necessariamente burras.

Mas este não é o caso da unanimidade que existe entre entusiastas quando se fala sobre tração dianteira. Parece que a vasta maioria de nós pensa que para realmente ser bom de andar, um carro tem que ter tração nas rodas traseiras, ou pelo menos nas quatro rodas. Os que rezam por esta cartilha até aceitam alguma coisa de tração dianteira, mas acreditam piamente que o nirvana existe somente quando as rodas traseiras impulsionam o veículo.

Não vou aqui elaborar muito neste assunto, porque apesar de ser vasto e tecnicamente interessante de discutir, é também cheio de controvérsias e preconceitos arraigados que sinceramente desejo evitar. Vou apenas dizer que acredito que tudo que é bem feito é bom, seja lá onde a tração e o motor estejam. E que apesar de adorar sobresterço controlado como qualquer um que tenha a cabeça no lugar, prefiro que ele apareça apenas quando provocado de propósito, e que um pouco de substerço no limite, sem exagero, seja a característica normal do carro. Seja lá onde o motor e a tração estejam. Não sou piloto de corrida e quase nunca ando em pista, afinal de contas, e portanto prefiro comportamento benigno e seguro em situações imprevistas. Amassar carro é algo extremamente desagradável, e as vezes dói.


Triumph Spitfire Mk I, 1962 de semieixo oscilante atrás: horror!



A VW pode ter sido fundada por Adolf Hitler, e o Fusca em si pode ter sido projetado por Ferdinand Porsche, mas esta VW nazista, estatal de verdade, que produziria carros do povo distribuídos por órgãos do partido, e que seriam comprados por um esquema de poupança prévia, morreu com o fim do sonho nacional-socialista alemão ao fim da Segunda Guerra Mundial, sem ter nunca entregado nenhum carro a um civil.

Não, a VW que conhecemos em propagandas simpáticas que pregavam o bom senso sobre rodas era fruto da visão de uma outra pessoa: Heinz Nordhoff (abaixo).


Nordhoff fora contratado no pós-guerra pelo Major Ivan Hirst, do exército inglês, para administrar a fábrica da VW. Um sobrevivente daquele conflito, que antes fora executivo da Opel, Nordhoff chegou em Wolfsburg “... pobre como um rato de igreja. Tive que abandonar os resultados de 25 anos de trabalho para os russos em Berlin, e pesava 30 kg a menos que hoje.” Como todo sobrevivente de um conflito deste tipo, Nordhoff não conseguiria conceber uma sociedade perdulária e frívola como a nossa atual. Austeridade era parte integrante de sua realidade.

Sendo assim, construiria a VW num tom que atingiria o coração do mundo naqueles tempos, que construiria o maior fabricante da Europa em poucos anos, e que sedimentaria as fundações de uma empresa que hoje caminha para se tornar o maior fabricante do mundo, maior até que a GM e a Toyota. Nordhoff explicou esta filosofia em 1958:
Sim, senhores, inebriado pelos papos intermináveis com nosso amigo MAO, montei aí uma pequena lista de dez carros, e de um tema não muito respeitado.
Vejam aí os dez melhores carros com motores de 1 litro e entendam que o problema não é o tamanho do motor, mas, sim, o tamanho do espírito apoiado sobre os 4 pneus. Vale notar que a lista está fora de ordem, mas os carros são esses mesmos.


1) Willys Interlagos 998 cm³: Pequeno, leve e belo. Era levado por um motorzinho possuído pelo demônio e com um ronco incrível para algo tão pequeno. Motor de produção, mas levado ao limite e oferecido sem nenhum tipo de garantia pela Willys-Overland do Brasil. E claro, tudo coberto pela linha leve e equilibrada de Michelotti.


2) Mini Cooper 997 cm³: A obra de Issigonis retrabalhada por Cooper. Criou o esportivo mundano, sem classe, para mim e para você. Vestiu o capacete imaginário que pessoas como nós vestem quando dão uma corridinha ao supermercado.


3) "Carreteras" DKW-Vemag 1.089 cm³: O trabalho de Lettry e Crispim fazendo esportivos "de verdade" sofrerem em Interlagos. 2T, mais de 100 cv e o inebriante cheiro de óleo dois-tempos de base vegetal (Castrol R40). Esse cheiro deveria ser vendido em pequenos frascos, Parfum Deux-Temps. Faria sucesso, ao menos entre nós...Carro da foto é o de chassi encurtado em 35 cm, para apenas 2.100 mm. Lettry o apelidou de "Mickey Mouse".


4) DKW-Vemag Carcará 1.089 cm³: Mesmo motor, carroceria de Rino Malzoni num chassizinho de Fórmula Júnior e 212 km/h. O Bob estava lá...


5) Abarth 1000 TC: Nascido Fiat 600, era massageado em um especial de homologação dos diabos. Pra dirigir com a faca nos dentes, taking no prisioners. A pulga atômica, em sua melhor iteração.


6)NSU Prinz 1000 TT: Lindo, leve, belo, um Mini-Corvair alemão. Um 4 cilindrinhos em linha, todo em alumínio, refrigerado a ar, traseiro, transversal. Levantava a roda interna dianteira manobrando na garagem, se duvidar.


7) Mazda Cosmo 1965: Ok, Wankel, o que para alguns é como roubar, colar na prova, ou algo do tipo. Mas deslocava menos de 1 litro em seus dois rotores, 982 cm³ para ser exato, e punha para fora 110 belos cavalos de olhos puxados. E claro, lindo e com personalidade, de um jeito que japas nunca mais fizeram.


8)Renault Twingo 1.0 16v: 999 cm³, 70 cv, menos de 900 kg. Ah, em 2002, carregando dois air-bags para passear, e vários outros luxos modernos, como ar-condicionado, trio elétrico, bancos ajustáveis nas 4 posições... Injustamente ignorado, o Mini moderno ainda trazia o melhor 1-litro de 16V já feito em terras brasileiras. Um companheiro de inúmeras aventuras, e o melhor jeito de assustar motoristas incautos em estradas e onramps.


9) Austin-Healey Sprite MkI, MkII, MkIII: sim, são 3 carros, mas de 948 cm³ a 1.098 cm³, eram tudo que um carro esporte devia ser. Pequeno, leve, vestia o motorista e um passageiro, e era o melhor companheiro do dia-a-dia ao passeio de final de semana. Sonho deste colunista aqui...


10) Honda Insight: Sim, um japa, moderno, fuel-sipping. Mas não está aqui pelo apelo verde, e, sim, pela idéia de ser um cupezinho bonito, aerodinâmico, leve, eficiente. E com um 3 cilindros de 1 litro, assistido por um genial motor elétrico acoplado ao volante do motor, era econômico pacas.
Terça passada levamos o Mini ao Sambódromo, onde haveria um desfile de carros pequenos. Vão aqui algumas fotinhas.
Sim, um Renault 4CV. E com o Ventoux original ali atrás, não um motor de Gordini, ou pior, Corcel.
Rovin, acho que 1957; o carro atrás (e que parece grande) é um Nash Metropolitan, para um efeito de escala. O motorista é um humano de tamanho normal.


Ah, o meu favorito. Um NSU Prinz 1000, e está à venda. Dirigi o carro e me apaixonei. Pena que desisti de vender a Alfa...