google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014): Fiat Uno
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Fotos: carscoop.net, Supercars.net, TopSpeed.com


Um dos carros mais sensacionais da história

O ano de 1991 foi incrível para os entusiastas da marca BMW. Desde 1978 sem colocarem os olhos em um esportivo ou supercarro da marca, a Italdesign, empresa de Giorgetto Giugiaro, mostrou o Nazca, uma criação que só pode ser classificada como fabulosa, ainda hoje. O esportivo anterior havia sido o M1, outro grande projeto.

A Italdesign nunca deu ponto sem nó, e fez um carro totalmente funcional, já que é uma empresa também de engenharia, capaz de conceber veículos e outros tipos de produtos visando a fabricação industrial, desde os primeiros rascunhos dos estilistas até a construção de protótipos totalmente funcionais. Muito mais que apenas  uma casa ou estúdio de estilo.

Esse carro é sem dúvida um dos conceitos mais legais de todos os tempos. Pelas especificações, fotos e filme, ele é incrível, para dizer pouco, e foi sempre bem divulgado pela marca, o que faz mais fácil a vida de quem tem interesse nesse tipo de pesquisa sobre história dos automóveis.

Fotos: Bill Egan e divulgação

O belíssimo Mk2 dos Egan, e logo atrás, o Mille

Na sexta-feira passada, feriado de finados, marcamos um passeio com uma turma de amigos entusiastas, organizada pelo Bill Egan. A idéia era nos encontrarmos às nove da manhã na garagem dele, de onde sairíamos com carros antigos, visitaríamos uma outra coleção de carros antigos aqui de São Paulo, almoçar, e depois voltar ao ponto de saída.

Saí de casa às oito então, para buscar o amigo Rafael Tedesco em casa, e depois ir até à garagem. Estava com um Chevrolet Sonic LTZ azul brilhante, um hatchback pequeno mas luxuoso, moderno, e com todas as amenidades possíveis e imagináveis. O carrinho, ainda novidade nas ruas, fez um bocado de sucesso entre os manicacas reunidos na porta da garagem do Egan. O carro é realmente bonito e chama atenção.

De dentro da Mercedes, pode se ver o Mille e o Jaguar. (Foto: Rafael Tedesco)
O Egan estava, como sempre nessas ocasiões, manobrando os carros para poder tirar lá do fundo do galpão as duas maravilhosas peças da coleção que usaríamos como meios de transporte naquele dia: Um magnífico Jaguar Mk II 3,8-litros de 1961 e um lindíssimo cupê Mercedes-Benz 220SE de 1965. Em momentos como este, sempre dou um passo atrás e lembro como sou um sujeito de sorte de ter tantos amigos generosos como os Egan. Há meros dez anos, estar no meio de carros e pessoas tão legais seria simplesmente impensável. O tanto que a vida muda, e como o faz sem controle nenhum de nossa parte, é uma das coisas que a faz tão bela, e o que nos mantém felizes e esperançosos do futuro.
Foto: Fiat

Se pararmos para pensar, daqui a três anos (31/12/2013) esse carro aí em cima deixará de ser fabricado. Motivo, tornou-se perigoso. O quê? Como assim, perigoso? Será que morreu tanta gente assim, por culpa dele, desde que foi lançado aqui em 1984? Cadê a estatística mostrando o número de acidentes em relação aos Unos produzidos, que já atingiram a marca de três milhões em 26 anos de produção, proporcionalmente mais que o Fusca brasileiro (3,3 milhões) em 30 anos?

Tudo resultado da lei 11.910/09, sancionada pelo presidente da República em março de 2009, que determina que a partir de primeiro de janeiro de 2014 todo automóvel novo, fabricado aqui ou importado, só será licenciado se tiver airbags frontais. A lei foi regulamentada pela resolução 311 do Contran, de 3.4.09. Dura lex sed lex,  a lei é dura mas é a lei, só que neste caso o pé de letra da conhecida citação em latim é esquisito e soa até inapropriada.

Pelo jeito, é. A última atualização foi em agosto passado e a fábrica aproveitou para acrescentar a palavra Economy ao nome do modelo, que já havia recebido de volta o nome Uno. Agora é Uno Mille Economy. E nessa onda de renovação o pacote cara-de-aventureiro Way, antes uma opção, agora é de linha.

Entre as medidas para tornar o modelo de acordo com seu nome, estão: recalibração do motor e redução da rotação de marcha-lenta, adoção de óleo menos viscoso (5W-30), diminuição dos ângulos das rodas e uso de pneus Bridgestone de menor atrito rolamento (não no Way), buchas de suspensão menos complacentes, coletor de escapamento tubular de maior vazão, catalisador de maior volume, molas de vávulas de menor carga e bielas 30% mais leves.

Eu só havia dirigido o Mille, depois de muitos anos, no lançamento da atualização, no Autódromo Internacional Virgílio Távora, em Fortaleza (CE). Como autódromo é para correr e não para avaliar automóvel, pedi à Fiat o novo Uno para conhecê-lo melhor – revisitá-lo seria expressão mais apropriada.

Só surpresas, e boas. Como o Uno está bom! A baixa massa (840 kg) do 4-portas que dirigi faz o motor Fire flex de 999 cm³ e 66 cv (álcool) parecer mais potente do que é. O notável é o torque máximo de 9,2 mkgf ocorrer a apenas 2.500 rpm, menos da metade da rotação de potência máxima (6.000 rpm), algo raro na história do automóvel.

O carro sai da imobilidade sem esforço aparente e anda com total desenvoltura. A aceleração 0-100 km/h e a velocidade máxima informadas pela fábrica, 15,1 s e 153 km/h, o deixam apto a trafegar em qualquer situação de trânsito. A quinta 0,838:1 e o diferencial 4,067:1 resultam em 30,8 km/h/1.000 rpm, o que significa rodar a 120 km/h reais com o motor a 3.900 rpm. Podia ser um pouco menos, não comprometeria a agilidade pelo motor que tem.

O modelo traz no painel, à esquerda do velocímetro, um econômetro que funciona à base da leitura de pulsos das válvulas de injeção. Mesmo com acelerador aberto em baixa rotação, o ponteiro fica na zona verde da escala, a de menor consumo. Nota 10! Mas, francamente, eu preferiria um conta-giros no lugar do econômetro. Bem que poderia ser possível escolher. Ou deixar a leitura por conta de duas luzes, verde e amarela.

A rodagem do Uno está perfeita. Molas e amortecedores no ponto certo e isolamento eficaz das imperfeições do piso. Nem duro nem macio demais. Nota-se claramente o que 25 anos de desenvolvimento fizeram. Só falta colocar um apoio para o pé esquerdo, não custa nada.

A suspensão independente tipo McPherson nas quatro rodas funciona à perfeição e constitui um dos destaques do Uno brasileiro, já que o original italiano adotava eixo de torção. O comportamento em curva é irrepreensível, com subesterço moderado e a curta distância entre eixos (2.361,5 mm) não atrapalha nas curvas de alta velocidade em rodovias.

Dentro, muito espaço, que chega às raias da genialidade. No Brasil só vimos isso no Brasilia, que foi expoente no seu tempo e não chegou a conviver com o Uno. Podem acusar a localização do estepe no compartimento do motor de ser condenável do ponto de vista de absorção de impactos frontais, mas que é prático, é.

Bom de dirigir, bons bancos, comandos leves (o carro tinha direção assistida opcional), seleção de marchas perfeita, tudo contribui para um rodar agradável. O pequeno comprimento de 3.693 mm é apropriado para o trânsito denso e o tanque de 50 litros está bom para o maior consumo do álcool, que a Fiat informa ser de 11,1 e 15,6 km/l cidade/estrada (15,6/22 km/l com gasolina). Pelo que observei esses dias, são números coerentes.

Com a eliminação temporária do IPI, o 4-portas custa R$ 23.367. Com todos os opcionais, R$ 29.299. Estes incluem ar-condicionado, direção assistida, travas elétricas, vidros dianteiros elétricos, cor metálica (R$ 526) e rádio/toca-CD com MP3 e RDS (R$ 272). O duas-portas básico sai por R$ 21.754 e com os mesmos opcionais vai a R$ 27.585. Mas quem quiser o duas-portas básico só com o imprescindível ar-condicionado pagará R$ 25.373. Nada mau para 10.700 dólares, mostrando uma relação custo-benefício imbatível. Mesmo sendo velhinho.

Comenta-se que a carroceria do Uno não tem condições estruturais para se enquadrar nas normas do Contran/ABNT referentes a testes de impacto que vigorarão a partir de 2012 e nem poderá ter airbags instalados. Com isso, estaria decretado seu fim, o que seria uma pena. Torço para que a Fiat encontre uma solução.

Que o Uno continue eterno. Ele pode.

BS