Continuando o assunto levantado pelo André Dantas, semana passada peguei carona com um colega que tem um Honda Civic. Fomos para o estacionamento debaixo de temperaturas de -3 °C e o carro pegou instantaneamente, como manda o figurino.
Os vidros estavam um pouco embaçados devido à umidade e imediatamente após sairmos do estacionamento ele direcionou o fluxo de ar interno para o parabrisa, ainda com o carro bem frio. Para qualquer não-entusiasta, isso seria um ato qualquer e a expectativa seria de que o vidro desembaçasse instantaneamente, o que realmente aconteceu
Um entusiasta como o que vos escreve não aceita as coisas assim. Imediatamente após ele direcionar o ar para o parabrisa, escutei o "cleq" da embreagem do ar-condicionado e uma leve oscilação da marcha-lenta. Pensei comigo, o ar-condicionado deve ter ligado... Porém, ao observar a luz indicadora do A/C, notei esta apagada.
Para tirar a dúvida, girei o controle de volta para outra posição e, dito e feito, o A/C parou. Comentei isso com meu colega que não é nada entusiasta e ele me respondeu: "E dai? O que espero é que o carro desembace..."
Eu não sou fã deste tipo de automação. Gosto de eu controlar quando o A/C deve ou não funcionar e quando eu vou ou não gastar mais combustível. Porém, para a enorme massa de consumidores, o que eles querem é que o vidro desembace rapidamente... mesmo que isso signifique rodar o tempo todo com o A/C ligado gastando muito mais combustível e não ter que pensar em "complicadas" seleções de temperatura, velocidade do ar e direcionamento do fluxo de ar para atingir o mesmo objetivo.
E assim caminha a evolução dos carros... pouco a pouco em direção aos eletrodomésticos.
Certas automações eu também acho desnecessárias. Até agora as mais sem sentido que tive oportunidade de vivenciar foram os fáróis e limpadores de pára-brisa automáticos. Neste último caso pior ainda quando o sistema retira a função intermitente e a deixa a critério da automação, prefiro o ajuste manual do intevalo. Pior é que esta é a tendência, com pessoas dando a alma para ter estes recursos em seus carros apenas para mostrar ao vizinho, com o marketing das fábricas trabalhando forte.
ResponderExcluirDigamos que se dependesse de vc todos estariamos dirigindo carros como Toyota Bandeirante e Fiat Uno, super avancados e confortaveis. Nada como um bom "entusiasta" para atravancar o progresso da industria.
ResponderExcluirCaro leitor anônimo, acredito que você não compreendeu o cerne da questão.
ResponderExcluirNosso questionamento nunca foi pregar o retrocesso tecnológico, mas sim o desvio do avanço tecnológico.
Ao invés da tecnologia ser um degrau para que as pessoas vençam desafios maiores, ela é adaptada para substituir alguns segundos de raciocínio do usuário.
O Ford T possuía uma alavanca manual de avanço de ignição. O sistema Delco, com avanços centrífugo e à vácuo automáticos de ignição significou um salto positivo para a história do automóvel.
A automação era nuito mais eficiente que qualquer ser humano pudesse ser, e era uma fonte a menos de distração para o motorista, isto sem falar nas outras melhorias que os motores puderam se servir nos anos seguintes.
Já um microondas com funções pré-estabelecidas é um passo atrás para a tecnologia.
Ele não adicionou nada à máquina que não pudesse ser feita pelas funções básicas, a não ser o "ligue e esqueça".
Quem garante que as funções pré-estabelecidas são as melhores para cada um? Mas as pessoas não querem pensar e as usam mesmo assim, e nem tentam fazer algumas variações para verificarem se há resultados melhores que aquele.
Outro passo para trás deste ponto é a de máquinas onde as funções básicas foram totalmente abolidas em troca de funções pré-programadas.
É o caso muitas câmeras degitais amadoras. Ou aceita-se a regulagem que a máquina faz sozinha, ou não se bate a foto.
Nunca antes a tecnologia foi tão desvirtuada como agora, em nome da "facilidade de uso".
Daqui a mais alguns anos, usar um automóvel será tão entusiástico como hoje se "pilota" um forno de microondas. Aperta um botão, e espera uma campainha informando que seu desejo foi atendido.
Uma automação bastante inconveniente é o limpador de parabrisa que aciona automaticamente com o esguicho. Se ocorrer da água no reservatório se esgotar, o limpador arrasta toda a sujeira e risca o vidro.
ResponderExcluirAlguns aceleradores eletrônicos também são bastante incômodos: em trocas de marcha mais rápidas, ele mantém a aceleração quando o pé direito é removido rapidamente do pedal, fazendo o giro subir desengrenado e desgastando a embreagem na volta do pedal esquerdo.
É a típica muleta que acaba prejudicando bons motoristas, nivelando tudo por baixo...
[]s!
quanto mais automação menos testosterona
ResponderExcluirControvérsia interessante.
ResponderExcluirSou a favor da automação, quando esta implica em otimizar o desempenho do sistema e, com isto, facilitar a vida do usuário.
Caso do esguicho com limpador é um deles. Se o sujeito esqueceu água, ponha água. O sistema funciona com água.
Sou favorável também ao sistema reportado do AC. Em dezembro de 2004, alugara um Ford Taurus em Chicago. AC manual, saíramos de uma reunião as 21:00 @ -16C. Desconhecendo na época os sistemas, coloqueim em max Defrost e, com carro frio, insuflei tanto ar gelado para dentro do carro, que meu cliente implorava: pare o carro e deixe-me descer. Aqui dentro está mais frio que lá fora. Ele tinha total razão.
Hoje, os AC automáticos, você seleciona a temperatura e ele decide quando pode aumentar o fluxo de ar. Se estiver muito frio, vai esperar o motor aquecer. Se tiver aquela resistência elétrica, melhor ainda. Se está muito calor, ele espera até o evaporador esfriar o ar, para aumentar o fluxo de ar. Assim como deve ser.