google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014): Enzo Ferrari
Mostrando postagens com marcador Enzo Ferrari. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Enzo Ferrari. Mostrar todas as postagens



Os grandes astros e celebridades conhecidos mundialmente, em sua maioria, são pessoas “do bem”. Politicamente corretos, defensores dos oprimidos e do meio ambiente, bem relacionados e sempre em alta na mídia e sociedade. Quem não gosta de uma figura dessas?

As vezes, um ou outro ponto fora da curva mudam este cenário. Pessoas que em teoria não deveriam ser apreciadas também ficam famosas e atraem muitos seguidores. Bonnie e Clyde, o famoso casal de bandidos americanos dos anos 1930, são lembrados até hoje.

Quem não simpatiza com o pirata Jack Sparrow? Ele é um bandido, ladrão e saqueador, mas todo mundo gosta dele, mesmo sendo profundamente ilegal.

O Ferrari 250 GTO é um caso de ilegalidade fora dos critérios de aceitação. Não poderia ter sido usada em competição, mas deram um jeito e o fizeram. E assim devemos agradecer, pois senão nunca o veríamos em ação.
Nos anos 1960, os campeonatos de endurance e corridas de curta duração (sprint) eram tão ou mais importantes que a própria F-1, pois os fabricantes estavam começando a ver que o automobilismo refletia em vendas. Tanto os carros de corrida que eram disponibilizados para pilotos e equipes particulares eram mais vendidos, como os de uso civil para o público normal.

Ferrari TR59, carro usado por Phil Hill em 1959, dominantes nas categorias do Mundial de Carros Esporte

Ferrari, uma marca que de vez em quando comete deslizes

Depois de deixar clara a minha admiração pela marca de carros mais conhecida no mundo, no texto sobre meus Ferraris preferidos, chega a hora de mostrar que tudo na vida tem o lado bom e o ruim.

Ferraris são como maridos. Por mais que façamos, as esposas sempre pedem algo mais. Se levantar uma parede, poderia ter feito mais plana. Se tiver feito o jantar, poderia ter feito o almoço também. O problema de ser marido é o nível de expectativa que geramos por termos sidos os escolhidos pela mulher amada. 

Ferraris sempre geram expectativa e, ao menos para mim, deveriam ser perfeitos em tudo, sempre, dada a fama e o valor da marca, sem contar a qualidade elevadíssima dos profissionais que os desenvolvem.

Mas maridos e Ferraris são obras humanas, e assim, sujeitos a imperfeições. Ninguém é perfeito em tudo, 100% do tempo. A fábrica de Maranello tem sido, nesse ponto, como qualquer outro fabricante de carros em produção seriada. Varia do sublime ao ridículo com freqüência mais ou menos constante. Como os maridos.

Não vou dizer que Ferraris são como esposas, porque senão logo alguém vai estar dizendo “a” Ferrari, e Ferraris são carros e carro é substantivos masculino na língua portuguesa.  Senão, estaríamos dizendo a Corvette, a Porsche, a Mustang, a Onix, a Golf, a Focus. Além disso, mulheres tendem a ter menos imperfeições do que homens, e não seria justo ligá-las a um carro, máquina imperfeita.

Vamos então à minha lista em ordem aleatória de carros “furados” da maravilhosa marca cujo brasão homenageia Francesco Baracca, o ás italiano da Primeira Guerra Mundial que abateu trinta e quatro aeronaves nesse conflito.

Francesco Baracca e seu Nieuport 11; note o cavalo empinado

O maior de todos os Ferrari
Recentemente o programa britânico Top Gear mostrou uma matéria sobre o novíssimo Ferrari F12, uma maravilha tecnológica que literalmente voa pelas estradas.

O inolvidável Jeremy Clarkson mostrou detalhes interessantes e que fazem salivar os entusiastas das novidades. Magnífica é a cobertura que se abre no pára-choque dianteiro para aumentar a área de passagem de ar para os freios, comandada pela informação de sensores de temperatura, apenas um exemplo de alta tecnologia empregada no modelo. Há tanta coisa na máquina italiana que nem dá para lembrar. É necessário consultar ficha técnica e mais um descritivo do carro para entender o conteúdo. 

Mas Clarkson, após muito explorar a potência e agilidade do carro, disse que há dois problemas. Uma direção rápida e leve demais, que não dá tranquilidade ao motorista, e excesso de potência. Pela primeira vez na vida ele reclamou de excesso de potência. Foi realmente cômico escutar isso de Clarkson, e mais ainda os comentários de seus colegas de apresentação do viciante programa da BBC.

Como é possível um carro tão magnífico, feito por uma empresa com uma história tão significativa, conceber um produto que gere comentários negativos sobre dois dos sistemas que são dos mais importantes em carros de grande desempenho, direção e trem de força?

E eu, mais uma vez, me vi pensando no F40, meu Ferrari preferido.

Ùnico exemplar azul de fábrica
O F40 veio em uma era em que o mundo já estava ficando muito complicado, e ele mesmo tem ao menos um sistema bem sofisticado, que é sua injeção de combustível.

Mesmo assim, é um carro bem simples comparado ao conteúdo elétrico, hidráulico e eletrônico que se tem hoje em Ferraris e mesmo em muitos carros mais normais, ao ponto de ter apenas um item de conforto, o indispensável ar-condicionado. O carro todo é apenas funcional, sendo considerado mais um veículo de corrida do que de rua. Notando isso, chegamos à origem da marca, que seguramente é a mais conhecida do mundo no que se refere a carros, mais que a Ford com o modelo T, ou a Volkswagen com o Fusca.


Foto:supercars.net

Rebel rebel, you’ve torn your dress
Rebel rebel, your face is a mess
Rebel rebel, how could they know? 

Hot tramp, I love you so!
(David Bowie)

(Rebelde, rebelde, você rasgou seu vestido
Rebelde, rebelde, seu rosto é uma bagunça
Rebelde, rebelde, como eles poderiam saber?
Vagabunda gostosa, eu te amo tanto!)

Era um dia ensolarado no verão de 1964. As montanhas da Riviera francesa brilhavam pacificamente, banhadas por um sol magnífico. Mas o silêncio tranqüilo daquelas montanhas então pouco povoadas era quebrado naquela manhã pelo inconfundível som de um motor de competição. Já de longe podia se reconhecer o som como um Ferrari de 12 cilindros, aquela inconfundível seda rasgando, aquele magnífico "rumore dei dodici cilindri" de que os modeneses falam com tanto orgulho. E não qualquer Ferrari de doze cilindros, um Colombo, o pequeno três litros que praticamente sozinho, com sua força, suavidade e seu inconfundível e divino som, fez a fama da Ferrari. E não qualquer V-12 Colombo, mas uma versão de competição, o volume e o tom visceral do berro não deixando qualquer dúvida a respeito disso.

Mas o carro que trazia consigo esse divino caos e desordem era diferente dos belíssimos e reluzentes Ferrari de passeio com os quais aquelas estradas estavam acostumadas. O carro que devorava aquelas estradinhas deliciosas, banhado pelo sol do sul da França, era tudo menos reluzente. O som e a cor vermelha denunciavam que só podia ter vindo de Maranello, mas o vermelho era quase fosco, sua carroceria cheia de cicatrizes e marcas de batalha. Por fora, nada, nenhum logotipo ou letreiro dizia a marca do carro, e apenas uma bandeira estampada seus pára-lamas dianteiros, com os dizeres "Scuderia Serenissima - Repubblica di Venezia" dava alguma pista de sua origem. E aquela carroceria definitivamente não se parecia com qualquer coisa que tinha saído de Maranello até então, e se pensarmos bem, mesmo desde então.


Foto:supercars.net

O último dos Pegaso, Z103

Na Espanha, uma grande parcela do veículos pesados e militares  são da marca Pegaso, atualmente Iveco, já que a empresa foi absorvida pelo gigante italiano.

Na década de 1950, quando era 100% espanhola, de Barcelona, a empresa quis mostrar sua capacidade e refinamento técnico, e fabricou alguns modelos de carros esportivos que estão entre as raridades interessantíssimas e disputadas por colecionadores abonados. Foram apenas 125 carros no total, antes da empresa retornar aos comerciais e militares, especialidade pura.

A parada dessa produção se deve principalmente à aposentadoria de seu criador, Wilfredo Ricart, um nobre catalão, engenheiro de embates técnicos e pessoais com nada menos que Enzo Ferrari, na época pré-Segunda Guerra Mundial, quando ambos trabalhavam com os carros de corrida da equipe de fábrica da Alfa Romeo. Dizem que Ricart o provocava freqüentemente, e Ferrari não entendia as brincadeiras, piorando uma situação já desconfortável, que culminou com a demissão de Enzo Ferrari, já que Ricart era seu chefe. Assim, grosso modo, devemos a Wilfredo Ricart a criação da fábrica Ferrari.