Carlos Figueras é um típico autoentusiasta argentino. Seu livro "Auto Vivencias - el auto como protagonista", 123 páginas, publicado recentemente, chegou-me em mãos ontem. Soube do livro ao encontrar o Carlos aqui há poucos dias, num evento da FPT Powetrain Technologies em Campo Largo, PR, na Grande Curitiba e fiz questão que me mandasse um.
Ele é diretor de redação da revista Auto Test, associada à Motor Press Ibérica e Motor Press Stuttgart. Portanto, somos colegas, já que trabalho para a revista Carro, que também é associada ao forte grupo editorial alemão que, entre outras dezenas de títulos, publica a famosa Auto Motor und Sport.
Conheço-o desde 1984, quando comecei a viajar aos países vizinhos comandando a equipe de rali da Volkswagen. Logo nos identificamos como apreciadores de automóveis e mantemos contato deste então.
Foi graças a uma conversa com ele que o Brasil ficou sabendo que o Gol exportado para a Argentina nos anos 1990 ia com motor VW AP, enquanto os de mercado brasileiro saíam com motor AE Ford de origem Renault.
A conversa, num jantar no sul da França, foi mais ou menos assim:
-- Bob, como camina este Gol!
-- Como assim, anda, Carlos? O motor AE é muito fraco!
-- No señor, o motor é Volkswagen, conheço-o, gira hacia 7.000 vueltas!
O "segredo" da VW do Brasil, então controlada pela holding Autolatina, estava revelado. De volta ao Brasil, um telefonema para a fábrica confirmou a discriminação, justificada pela insuficiência de produção do motor AP 1600 para o mercados deles e nosso. Assim, a simplória solução foi AP para lá e AE para cá...
-- No señor, o motor é Volkswagen, conheço-o, gira hacia 7.000 vueltas!
O "segredo" da VW do Brasil, então controlada pela holding Autolatina, estava revelado. De volta ao Brasil, um telefonema para a fábrica confirmou a discriminação, justificada pela insuficiência de produção do motor AP 1600 para o mercados deles e nosso. Assim, a simplória solução foi AP para lá e AE para cá...
O Carlos, que tem 64 anos, praticamente menos quatro que eu, conta na introdução que pensou em escrever seu livro há dez anos, mas que só partiu mesmo para o trabalho há menos de dois.
Já comecei a lê-lo e não dá vontade de parar. É o que dá autoentusiasta lendo autoentusiasta! A semelhança de vivências dele e minha, quando crianças, é impressionante.
O meu livro vem aí, mas deixa eu fazer 70 anos primeiro...
BS
É engraçado como a gente sempre sai perdendo neste tipo de decisão para o nosso mercado (AP/AE). Ficamos sempre com o fumo!(AÊÊÊÊHHH!!!) Pelo menos eu tenho certeza que o seu livro vai ser tão bom quanto o do Hermano Figueiras.
ResponderExcluirÉ claro, André, que o fumo fica aqui! Os dirigentes das fábricas já descobriram há muito tempo que aceitamos pagar caro por qualquer coisa, sem questionarmos nada. Quer pior exemplo do que um simples Corolla a 90 contos?
ResponderExcluirBob, espero que seu livro fique pronto o mais rápido possível. Com toda certeza, será muito bom.
Porém, o AE, para a grande maioria dos usuários, era mais que suficiente. Me corrija se eu estiver enganado, mas lembro de ver a informação de que até as 3000 rpm, a potência e torque eram semelhantes ao AP. Inclusive os Escorts básicos, leves e beneficiados pelo motor transversal e melhor aerodinamica, apresentavam desempenho bem parecido com o dos gol 1.6 AP, certo?
Abraço
Lucas
Lucas,
ResponderExcluirÉ possível que até essa rotação tudo fosse muito parecido, mas passou disso a diferença era gritante. Tanto que na pista, no Campeonato de Marcas, os Escort só compensavam a deficiência de potência com rapidez nas curvas.
Mal posso ler o livro do Bob. :)
ResponderExcluirtriste era ouvir aquele chiado de corcel na boléia do quadradinho dos 90´s.
ResponderExcluirLivro? Do Bob?
ResponderExcluirPosso reservar o meu já?
Que venha o livro. Quanto mais páginas, melhor.
ResponderExcluirCaríssimo Bob!!!
ResponderExcluirQuero um exemplar do seu livro... Peraí, deixa eu arrumar um lugar no acima da coleção das 4 Rodas, da Revista Carro, das CarandDriver, das importadas, das antigas... Puxa... lá em cima, lugar de destaque, após eu ler umas dez vezes.
Isso sim será inesquecível. Se dá um gosto imenso ler seus testes, imagino um livro. Meus incentivos para essa escrita.
Vai ser um deleite. Mal posso esperar.
GUSTAVO
Mais essa heim, Bob!
ResponderExcluirAP RULEZ!!! kkkkk... Desculpem-me, nao aguentei...
Ooooohhh saudade da goleta! AP eh claaaro!
Abs
Bob! Devias fazer o mesmo que o hermano Carlos figueras. Escreva tambem um livro para nós...
ResponderExcluirAguardamos ansiosamente o lançamento do seu livro, Bob! E acho que o melhor da Autolatina foram aqueles Escort Ghia e XR-3 com motor e câmbio VW (antes de mudarem a carroceria e usarem aquele câmbio argentino do qual ouví pouquíssimos elogios) com o (então) primoroso acabamento Ford. O melhor de dois mundos - comentário que se estende aos Del Rey 1.8 e aos Versailles Ghia, Santanas com um acabamento de verdade.
ResponderExcluirA todos
ResponderExcluirAgradeço as palavras de incentivo para o livro. Ele virá, aguardem, tenham um pouco de paciência.
mas o AP nos del rey, pampa, escort, logus e verona era estrangulado. 80cv nos 2 primeiros e 86cv nos demais com a unidade 1781cm3 gasolina.
ResponderExcluirO CHT era um motor antigo, mas bastante desenvolvido pela engenharia da Ford, capitaneada pelo grande Luc de Ferran. Por isso, o motor não fazia feio no cofre de Gols e BXs básicos, apresentando consumo e manutenção reduzidos e curva de torque que privilegiava os baixos giros.
ResponderExcluirNo mais, quem desde hoje até 1993 comprou qualquer das versões 1.0 do Gol (com exceção do turbo) por certo estaria melhor servido por um CHT 1.6 devidamente injetado...
O AE era bom para condução dita normal...mas se quisesse algo a mais para ultrapassar forte ou barbarizar um pouco, era bastante fraco, quase estragou com a imagem de carrinho "vivo" que o gol tinha mesmo nas versões mais simples.
ResponderExcluirAguardamos o livro Bob, com certeza será maravilhoso.
Deixarei de lado o caso "Autolatrina" e focarei no importante: Bob Sharp escrevendo um livro.
ResponderExcluirDepois de eu pedir por várias vezes, por escrito e ao vivo, leio essa fantástica notícia.
Bob, que meu incentivo lhe seja útil, eu não posso esperar para ler essa história.
Conte comigo se precisar de alguma coisa.
Um grande abraço.
Mas porque Gol 1.6 AP anda "muito mais" do que 1.6 AE?
ResponderExcluirSei que anda mais, mas é pouca diferença. Afinal, o CHT naquela época tinha 78CV, e o AP tinha o que, 85CV?
7CV a menos fazem um carro deixar de ser muito bom para ser muito ruim? Certeza disso? Não teria algo a ver com escalonamento de marchas também?
Chegando bastante atrasado...
ResponderExcluirO CHT é um bom motor, sobretudo na versão "Formula" usada nos Escorts XR3, que mostra um desempenho um pouco melhor. Aquele barulhinho do dele é bem característico... Meu XR3 já é com o 1.8S, ano 92, e acho que o carro pedia um motor da Ford européia...
Bob,
O motor CHT, visando as versões esportivas do Escort, teria como ser melhorado em termos de rendimento evitando assim a introdução do AP como uma forma rápida e prática de melhorar o desempenho do carro?
Abraço.