Hoje fui a pé aqui perto, no bairro (Moema), fazer uma compra rápida e fiquei impressionado com o ruído do motor dos ônibus. Não só de escapamento, mas ruído mecânico. É impressionante como vivemos em meio a uma sinfonia de todo tipo de som alto.
O mesmo vale para os caminhões. Exceto alguns mais novos, como são barulhentos! Os caminhões de lixo precisam acelerar para acionar as pás rotativas de carga e o barulho é insuportável, especialmente à noite.
O que dizer dos turbodiesels que provocam o ruído de ar, amplificado de alguma forma, a cada troca de marcha, produzido pela válvula de prioridade?
Quando adolescente, eu fazia muito barulho com as bicicletas motorizadas e depois scooters, até que um dia vizinho de muro, um senhor americano, veio à rua e esbravejou: "Parem com esse barulho desnecessário!" Aquilo bateu fundo no garoto de 15 anos, foi uma grande lição que recebi. Barulho desnecessário: é isso mesmo!
Hoje, passados 51 anos, quando a minha audição deveria estar diminuída pelo efeito dos anos, está ocorrendo o oposto. Não dá mais para aguentar viver em meio a um mundo tão barulhento. Entre as fontes de ruído mais comuns nesta terra descoberta por Cabral, estão:
- volume elevado no áudio em qualquer tipo de festa, jantar ou reunião social, a ponto de tornar difícil conversar. Por que isso? Qual a graça?
- Só uma vez presenciei música em jantar cujo volume de som era adequado, a ponto de eu parabenizar o diretor de maior nível hierárquico naquele momento: lançamento do novo Vectra, em Brasília, outubro de 2005. O resto, todos, sem exceção, são um horror.
- veículos trafegando com os estéreos a pleno, o maior exemplo de imbecilidade misturada com incivilidade que existe. Adicionalmente, estacionar em algum lugar, como defronte a um boteco, abrir o hatch e o som. Dica: para isso adianta chamar a polícia, pois se trata de infração de trânsito. Só não adianta quando é som alto dentro de uma propriedade. Aí é coisa para o Psiu, mas a ação é retardada, não resolve o problema na hora.
- motocicletas com escapamento modificado para...fazer barulho. Tanto mecânica japonesa quanto americana, esta pior. Carros não ficam atrás, embora em número menor, mas há alguns em que proprietário devia pegar 10 anos de cadeia.
- ainda nas motos, os idiotas das 125 e 150-cm³ que ficam desligando a ignição em marcha para produzir estampidos pelo escapamento que mais parecem tiro de 32.
- Faz tempo que não volto do litoral num início de noite de domingo, mas há alguns anos, com a subida da Imigrantes carregada, o buzinaço nos túneis era enlouquecedor. Que turma de bobos-alegres!
- falar em voz alta nos ambientes. No recente funeral do João Gurgel fiquei chocado com o vozerio no saguão contíguo à câmara do velório, no Cemitério Morumby. Parecia festa. Ninguém estava nem aí para mostrar respeito e reverência ao falecido e à família.
- uma das maiores fontes de ruído no trânsito provinha dos Fuscas, que felizmente existem em número bem menor hoje. Não que o carrinho fosse barulhento de fábrica, o que acontecia é que 99,99% dos proprietários mandava remover o elemento de lã-de-vidro dos tubos duplos de escapamento e, não raro, dobravam-nos para cima. Como o som se propaga melhor na vertical do que na horizontal, o efeito para os ouvidos era perverso. Nesse ponto, ainda bem que sumiram.
BS