google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014): Pontiac GTO
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Fotos não creditadas: divulgação


 
No final de abril de 2009, bem no meio de um público e humilhante processo de falência, a General Motors Corporation se viu obrigada a matar uma série de marcas. Foi triste acabar com a Saturn e a Hummer, sem dúvida, como é sempre matar algo em que pessoas se dedicaram e trabalharam para acontecer por muito tempo. Mas, no frigir dos ovos, não fizeram falta alguma. A veneranda Oldsmobile já tinha desaparecido em 2004, basicamente uma marca sem lugar e significado no novo século. Posicionada bem no meio da famosa escadinha de marcas do conglomerado americano (Chevrolet-Pontiac-Oldsmobile-Buick-Cadillac, em crescente ordem de preço e prestígio), perdera-se em um mundo em que a própria escadinha perdera sentido. Hoje, você ainda precisa de uma marca de prestígio, uma Audi para a sua VW, uma Lexus para sua Toyota, para fazer os consumidores gastarem dinheiro de verdade num carro. Mas todo resto pode ser vendido em uma só marca, sem problema algum. O tempo da escadinha acabara.

Mas se a morte da Oldsmobile, e depois a da Saturn e a Hummer, foram pouco lamentadas, o mesmo não aconteceu com outra que morreu naquele fim de abril de 2009, em meio à falência, há quase exatos cinco anos: a Pontiac. Esta foi e ainda é lamentada. E a lista de hoje é minha humilde homenagem a ela.

O irônico é que, tal qual a Oldsmobile em 2004, no final dos anos 1950 praticamente todo mundo achava que a Pontiac ia desaparecer. Com carros bem menos interessantes que a sua então pujante irmã Chevrolet, pouca gente via motivo para comprar um carro da marca do índio. A Chevrolet estava em seu auge e a Pontiac, no ponto mais baixo de sua história.

Foi salva por um personagem hoje quase mitológico na indústria: o então jovem John Zachary DeLorean (abaixo). Vindo da Packard, onde criou a famosa caixa de câmbio automática “Twin-Ultramatic” pouco antes da empresa ser vendida à Studebaker (e fadada a desaparecer logo em seguida), foi contratado pelos caçadores de talento de Semon “Bunkie” Knudsen, então o chefe da Pontiac e louco para alavancar sua carreira revivendo a moribunda marca.

Um jovem John Z. De Lorean e seus Pontiacs




Há alguns dias, comprei uma miniatura da marca Hot Wheels do Pontiac GTO 1964. Difícil de encontrar, bem pintado, pesado, lindo. Um golpe de sorte realmente. Começou então, a fase de pesquisa sobre o carro, e a admiração pelo modelinho, com a certeza de que esse é mesmo de um carro especial.

O GTO é um carro com história importantíssima. Mais que isso, ele fez história, ao ser facilmente citado como o primeiro dos carros musculosos, aqueles que eram definidos por serem os menores de uma linha de produtos, com o motor mais potente disponível.

Apesar de existirem controvérsias, pois houveram antes outros carros com essa fórmula,  o GTO está na história do automóvel como sendo o muscle car  mais conhecido como sendo “o primeiro”, muito provavelmente pela grande divulgação que ocorreu, tanto pela GM, quanto pelas pessoas que tiveram o privilégio de nele andar.

Nasceu de um Pontiac Tempest com um pacote de opções para usar o mais potente motor da linha GM que poderia nele ser montado, o V-8 com 389 polegadas cúbicas, ou 6,4 litros. Gerava 329 cv a 4.800 rpm, alimentado por um carburador de quatro corpos, que todos conhecemos por quadrijet, mais conhecido dos americanos como four-barrel ou, abreviadamente, 4-bbl.


Em 2007, em minha última visita a Detroit, a chegada ao centro da cidade ficou marcada por um grande painel de boas-vindas com saudações da Pontiac. O Solstice GXP, com motor turbo, estava sendo lançado e a revitalização dos produtos GM pelo Bob Lutz parecia estar indo bem.

Mas já faz muito tempo que Detroit está em decadência. Com a globalização e a descentralização das empresas acho que fica difícil estabelecer uma "capital" do automóvel. Porém Detroit sempre vai ter seu lugar na história.

Com a triste notícia de hoje, a Pontiac também terá que se contentar com "apenas" mais um lugar na história. Um importante lugar para todo autoentusiasta que se preze. Como parte do plano de recuperação da GM para evitar a falência, a Pontiac, que nasceu em 1926, será descontinuada até o final de 2010.

Parece que a decisão foi bastante difícil e que os executivos da GM e a legião de autoentusiastas americanos sentem algo especial pela marca. Afinal, o auge do sonho americano na década de 60 foi recheado pelo nascimento dos muscle cars pelas mãos de executivos entusiastas (algo difícil de se ver hoje).

Pete Estes (gerente geral), Jim Wangers (executivo de conta da agência de publicidade) e John Z. De Lorean (engenheiro-chefe), todos da Divisão Pontiac no início dos anos 60, macomunaram um plano para burlar a decisão da direção da empresa em encerrar o programa de competições da Pontiac acabando com os carros de alta performance. Eles tiveram a brilhante ideia de colocar um motor V-8 de 389 pol³ (6,4 litros) no Tempest, novo carro compacto (para os padrões americanos) a ser lançado em 1964. Dessa maneira surgiu o Pontiac GTO e a Pontiac se firmou como a divisão de performance da GM.

No início dos anos 70 a crise do petróleo acabou com a brincadeira e matou os muscle cars, ou pelo menos deixou eles no gelo para um retorno recente no início da década de 2000 com o Mustang, 300C SRT8, Charger SRT8, Magnum, Challenger, Camaro e o próprio GTO (australiano), que no ano passado virou G8.

Depois da pior besteira já feita pela Pontiac, o lançamento de um dos carros mais mal- aceitos da história, o Aztek, o Bob Lutz, um dos últimos car guys de Detroit bem que se esforçou para manter a Pontiac viável. Mas mesmo com o lançamento dos modelos Solstice, G6, G8 e o Vibe (um rebadge do Toyota Matrix, derivado do Corolla) não conseguiram segurar a marca.

Mais estranho é que em 2008 a GM vendeu nos EUA aproximadamente 267.000 Pontiacs, pouco menos que a soma dos 137.000 Buicks e 161.000 Cadillacs, sendo que essas duas continuarão na ativa. Está certo que a Cadillac também tem um carisma enorme. Só para informação, as outras marcas com morte já decretada ou que estão a venda são a Saturn que vendeu em 2008 188.000 unidades, a Hummer com 27.500 unidades e a Saab com míseras 21.000 unidades. Junto com a Buick e a Cadillac a GM manterá a Chevrolet que vendeu 1.790.000 unidades e a GMC que vendeu 361.000 unidades.

Dessa maneira, a GM fica com uma marca popular, a Chevrolet, uma marca de luxo e conforto, a Buick, uma marca premium, a Cadillac, e uma marca para uso comercial (trabalho), a GMC. Não sobrou espaço para uma marca com apelo esportivo!

Mas ainda existe uma esperança. Afinal, o que significa descontinuar uma marca? Assim como modelos já sepultados voltaram, a Pontiac também pode retornar algum dia. Quem sabe quando a GM decidir fazer carros elétricos, híbridos ou a célula a combustível com apelo esportivo. Aí o GTO, de Gran Turismo Omologato, se chamaria GTE, de "Gran Turismo Eletrificato"!!!! Mas para isso acontecer o plano da GM tem que dar certo.

Enquanto isso, ficam em nossas lembranças nomes como Tempest, LeMans, Firebird, Trans-Am, Bonneville, Grand Prix, Fiero, The Judge e GTO. Com certeza ainda falaremos muito desses modelos por aqui.

PK