google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014): Detroit
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Como todo bom autoentusiasta, sempre tive vontade de conhecer vários destinos ao redor do mundo devido à sua importância na história do automóvel. A maioria deles na Europa. Núrburgring, Le Mans, Maranello e muitos outros. Também gostaria de visitar os Salões de Frankfurt, Paris, Genebra e Tóquio. Nos Estados Unidos o principal destino sempre foi Detroit, palco do principal salão americano, onde estive por duas vezes, em 1998 e em 2007.

Quem é leitor da Folha de S. Paulo pôde ler neste domingo uma matéria sobre Detroit, a (ex)capital do automóvel, na última página do caderno Mais. Estranhei o fato da matéria estar nesse caderno. Relembrei minha última visita em 2007 e concordei que não poderia estar no caderno de turismo. A matéria da Folha fala exatamente sobre a decadência de uma das maiores cidades americanas e mostra que existe possibilidade de um renascimento mais vigoroso, a exemplo de sua cidade irmã, Turim, na Itália. Turim, que um dia foi o berço do design italiano e europeu e onde está a sede da Fiat, também sucumbiu às crises nas décadas de 70 e 80, e hoje está se reerguendo.

Acredito que a grande maioria saiba o significado de Detroit para o automóvel, mas algumas informações são interessantes.

A cidade foi fundada em 1701 pelo oficial francês Antoine de la Mothe Cadillac e o seu nome original era Fort Ponchartrain du Detroit. Mais tarde, durante a década de 1760, houve conflitos com ingleses e indígenas do Canadá, que fica na outra margem do rio Detroit. Um tal de Chefe Pontiac fez uma rebelião e tentou tomar o Forte Detroit. Dái que vem o índio nos capôs dos Pontiacs antigos!

Foi em Detroit que Bill Durant, Henry Ford, irmãos Dodge e Walter Chrysler iniciaram as companhias que se tornariam as Big Three, as Três Grandes - não mais tão grandes - GM, Ford e Chrysler. Por isso Detroit também ficou conhecida como a Capital do Automóvel ou Motor City.

No auge de sua glória Detroit teve 1,85 milhões de habitantes, sendo que em 2007 sua população havia caído para pouco mais que 900 mil habitantes. Com as diversas crises no setor, a automatização de fábricas, a instalação de novas fábricas em outras regiões dos Estados Unidos para fugir dos custos e sindicatos são fatores que levaram a cidade à decadência.

Detroit já foi palco da Fórmula 1 por 7 anos, de 1982 a 1988, com vitórias de Nelson Piquet em 1984 e de Ayrton Senna de 1986 a 1988. E a Belle Isle, uma ilha no rio Detroit, também já foi palco de provas da CART, onde o Emerson venceu em 1989 e 1991, e IRL, entre outros campeonatos. Mas atualmente o circuito também não faz mais parte dos calendários mais importantes.

Dei uma olhada nas minhas fotos de 2007, quando visitei o Salão de Detroit, e achei que seria bacana dividi-las com os vocês. O Salão sempre acontece no começo de janeiro, muito frio e com neve algumas vezes. No ano em que estive lá não nevou. Em um dos dias que fui ao enorme salão consegui dar uma escapada e circular um pouco pelo centro e arredores, de carro e também num tipo de metrô elevado chamado People Mover, que percorre um circuito ao redor do centro numa única linha, num único sentido. Minha impressão foi de que realmente o brilho da cidade acabou. Quase não havia pessoas na rua, pouco movimento de carros, enfim, pouca vida. Em 2008, quando a crise imobiliária atingiu seu ápice, lembro de ter visto Detroit várias vezes no noticiário como um dos lugares com a maior quantidade de imóveis vagos. As pessoas simplesmente saíram da cidade e deixaram suas casas abandonadas.

Muito interessantes são os dizeres que estão na bandeira da cidade, em latim: Speramus Meliora; Resurget Cineribus - Nós Esperamos Por Coisas Melhores; Deverá Ascender das Chamas. O prédio sede da GM se chama Renaissance (renascimento) Center, também chamado de Ren Cen.

Espero voltar lá quando tudo já estiver renascido.

Passeio no People Mover - tudo vazio!

 


Rio Detroit, Ren Cen de um lado, Canadá de outro



Entrada do Cobo Hall, onde ocorre o Salão de Detroit

O Ren Cen, sede da GM. Os novos modelos da GM são exibidos no térreo. Repare na arquitetura externa e interna e na cafeteria com telhado de vidro e vista para o rio Detroit. Tomei uma chamada por fotografar a estrutura do teto de vidro. A dica é, na dúvida não pergunte se pode.



Duas Igrejas muito bonitas e a ponte Ambassador, que liga Detroit a Windsor no, Canadá. O final de tarde estava muito agradável. Na outra margem do rio está Windsor.


Reparando na arquitetura pode-se ver vários prédios no estilo Art Déco. A foto no estacionamento é no telhado do Cobo Hall. Lá também tem alguns alagamentos.


Em 2007, em minha última visita a Detroit, a chegada ao centro da cidade ficou marcada por um grande painel de boas-vindas com saudações da Pontiac. O Solstice GXP, com motor turbo, estava sendo lançado e a revitalização dos produtos GM pelo Bob Lutz parecia estar indo bem.

Mas já faz muito tempo que Detroit está em decadência. Com a globalização e a descentralização das empresas acho que fica difícil estabelecer uma "capital" do automóvel. Porém Detroit sempre vai ter seu lugar na história.

Com a triste notícia de hoje, a Pontiac também terá que se contentar com "apenas" mais um lugar na história. Um importante lugar para todo autoentusiasta que se preze. Como parte do plano de recuperação da GM para evitar a falência, a Pontiac, que nasceu em 1926, será descontinuada até o final de 2010.

Parece que a decisão foi bastante difícil e que os executivos da GM e a legião de autoentusiastas americanos sentem algo especial pela marca. Afinal, o auge do sonho americano na década de 60 foi recheado pelo nascimento dos muscle cars pelas mãos de executivos entusiastas (algo difícil de se ver hoje).

Pete Estes (gerente geral), Jim Wangers (executivo de conta da agência de publicidade) e John Z. De Lorean (engenheiro-chefe), todos da Divisão Pontiac no início dos anos 60, macomunaram um plano para burlar a decisão da direção da empresa em encerrar o programa de competições da Pontiac acabando com os carros de alta performance. Eles tiveram a brilhante ideia de colocar um motor V-8 de 389 pol³ (6,4 litros) no Tempest, novo carro compacto (para os padrões americanos) a ser lançado em 1964. Dessa maneira surgiu o Pontiac GTO e a Pontiac se firmou como a divisão de performance da GM.

No início dos anos 70 a crise do petróleo acabou com a brincadeira e matou os muscle cars, ou pelo menos deixou eles no gelo para um retorno recente no início da década de 2000 com o Mustang, 300C SRT8, Charger SRT8, Magnum, Challenger, Camaro e o próprio GTO (australiano), que no ano passado virou G8.

Depois da pior besteira já feita pela Pontiac, o lançamento de um dos carros mais mal- aceitos da história, o Aztek, o Bob Lutz, um dos últimos car guys de Detroit bem que se esforçou para manter a Pontiac viável. Mas mesmo com o lançamento dos modelos Solstice, G6, G8 e o Vibe (um rebadge do Toyota Matrix, derivado do Corolla) não conseguiram segurar a marca.

Mais estranho é que em 2008 a GM vendeu nos EUA aproximadamente 267.000 Pontiacs, pouco menos que a soma dos 137.000 Buicks e 161.000 Cadillacs, sendo que essas duas continuarão na ativa. Está certo que a Cadillac também tem um carisma enorme. Só para informação, as outras marcas com morte já decretada ou que estão a venda são a Saturn que vendeu em 2008 188.000 unidades, a Hummer com 27.500 unidades e a Saab com míseras 21.000 unidades. Junto com a Buick e a Cadillac a GM manterá a Chevrolet que vendeu 1.790.000 unidades e a GMC que vendeu 361.000 unidades.

Dessa maneira, a GM fica com uma marca popular, a Chevrolet, uma marca de luxo e conforto, a Buick, uma marca premium, a Cadillac, e uma marca para uso comercial (trabalho), a GMC. Não sobrou espaço para uma marca com apelo esportivo!

Mas ainda existe uma esperança. Afinal, o que significa descontinuar uma marca? Assim como modelos já sepultados voltaram, a Pontiac também pode retornar algum dia. Quem sabe quando a GM decidir fazer carros elétricos, híbridos ou a célula a combustível com apelo esportivo. Aí o GTO, de Gran Turismo Omologato, se chamaria GTE, de "Gran Turismo Eletrificato"!!!! Mas para isso acontecer o plano da GM tem que dar certo.

Enquanto isso, ficam em nossas lembranças nomes como Tempest, LeMans, Firebird, Trans-Am, Bonneville, Grand Prix, Fiero, The Judge e GTO. Com certeza ainda falaremos muito desses modelos por aqui.

PK

Já que o AG andou falando de Detroit Diesel 2T, posto este link com um videozinho muito legal, um experiente motorista trocando marchas (não-sincronizadas!) num caminhão com esse motor. Aumentem o som!