Semana passada tivemos o lançamento do Fiat Linea. Com ele, são um total de treze modelos no segmento de sedãs médios vendidos no país.
Lançando óticas diferentes, como segmento competitivo na faixa de preço de 60 a 90 mil reais, incluem-se aí mais alguns modelos de outras categorias, como minivans (Picasso, Scénic e Zafira), utilitários esportivos (Mitsubishi TR4, Hyundai Tucson e Kia Sportage), mais picapes médias cabine dupla a gasolina/flex (Ford Ranger e Chevrolet S10), chegando a pouco mais de 20 modelos que disputam compradores com essa disponibilidade econômica, veículos que atendam a variados gostos. Não espichei para além de 90 mil, onde entrariam CR-V e Captiva. Na prática, um comprador de Civic de 70 mil não pensou no CR-V na hora de fazer o cheque. Mas o do CR-V pensou no Civic EXS, no Captiva e no Jetta, todos de preços próximos.
Essa ótica é também bastante usada, pois há um número considerável de compradores potenciais que começam a seleção de seu próximo carro pela faixa de preço. Há também os features e acessórios dessa categoria, ou seja, um consumidor considera também que um veículo de R$ 70 mil não é aceitável sem couro ou sem ABS e airbag e por aí vai.
Com tantos modelos, formaram-se subcategorias, que podem ser divididas em porte ou preço. Astra, Mégane, Linea, Vectra e Focus começam um pouco mais em conta, criando uma faixa de entrada. No meio, Civic e Corolla e, no topo, Jetta e Fusion. Ofertas de equipamentos diferem, tecnologias também.
Para adentrar nessa gama de veículos, a Fiat trabalhou em "espichar" um compacto, o Punto, adicionou a tecnologia do câmbio Dualogic, nova motorização 1,9 e 1,4 turbo, completou com oferta de equipamentos da classe como airbag e ABS e recheou-o com gadgets bastante desejáveis como o GPS integrado ao painel, combinado com Bluetooth, este já ofertado em veículos da família Palio, Idea e Stilo. Destaque ainda para vidros laminados laterais, que amenizam ruídos externos.
Acertaram ao oferecer motores flex para 90% do que esperam vender. Ambicionam 15% dos sedãs.
Mas haverá muitos poréns.
Como produto, um Linea não é páreo para Corolla e Civic. Seu câmbio robotizado pode ser interessante por oferecer o conforto de trocas automáticas, mas tampouco rivaliza com os líderes do segmento em produto, tecnologia e "entrega". A reputação de qualidade dos japoneses não é atingida pelos demais, o que aumenta o desafio da Fiat.
Excetuando o Fusion, todos os demais modelos sedãs têm como base um hatch, que divide plataforma no desenvolvimento e concepção e, tirando os japoneses, todos originados na Europa, do segmento "C", tido como o mais competitivo para os grandes fabricantes de lá: C4/307, Focus, Golf-Jetta, Vectra/Astra, Mégane etc. Esta base de desenvolvimento é aproveitada ao conceber o sedã derivado, "barateando" seus custos de desenvolvimento. Toyota, Honda e Nissan também disputam esse segmento europeu, com seus hatches desses modelos.
Na Europa, a Fiat vem perdendo terreno no segmento "C" onde, mesmo com a renovação de sua aposta com o Bravo, os volumes são ainda uma fração de seus concorrentes diretos. Isto a enfraquece, pois precisa "financiar" o desenvolvimento das plataformas sucessoras com o caixa das atuais. O Linea está sendo fabricado na Turquia e é ofertado na Europa Ocidental em quantidades bem mais modestas, mesmo por que sedãs do segmento "C" são produzidos em escalas menores também.
Podemos olhar o feito da Fiat como o resultado de árduo trabalho de profissionais daqui e do centro de desenvolvimento em Turim. Espichando o Punto, tiraram "leite de pedra", posicionando-o para brigar com gente grande. Lembremos que a VW tentou o mesmo com o Polo sedã e, acabou se contentando com um sub-subsegmento. Todos sabem que o VW Polo sedan tampouco compete com os sedãs médios, mas está aí, tem seu público.
Curioso que VW Polo hatch e Fiat Punto são concorrentes diretos, aqui e na Europa. Será que suas versões sedã também serão?
O que o Linea oferece pode não ser suficiente para atingir os objetivos mercadológicos da Fiat, deixando-o como algo entre Polo e os demais, nem tampouco atender as expectativas dos consumidores de sedãs médios. Apostas lançadas.
A Fiat brasileira tem sido mais bem-sucedida que na Europa, por uma série de fatores, entre eles sua capacidade de entender o consumidor e o mercado melhor que seus concorrentes. Quanto ao sucesso do Linea, o tempo dirá.
Postei um estudo de preços interessante, que me foi enviado por um colega. Apresenta os preços das versões básicas, básicas mais automático e topo. Ajuda a compreender melhor o exposto.
CZ
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