Significado é algo complicado de definir. Certamente esta lista não é de carros ruins, todos os abaixo estão bem acima da média. Certamente não diz respeito ao sucesso ou fracasso comercial, todos os citados são casos de sucesso.
Esta lista é sobre admiração, ou falta dela.
Todo mundo respeita um Corolla, alguns até gostam muito dos seus. Mas não tem como se escrever uma ode a ele, é algo banal e sem graça, um meio de transporte eficiente mas efadonho.
E diz respeito também à futilidade. Algo fútil é algo não duradouro, passageiro, irrelevante para os que admiram o automóvel como a expressão máxima de seus criadores. Tudo que é feito de coração, por mais humilde que seja, é nobre.
Os carros abaixo não entram nesta categoria.
1) Alfa 8C "enganazionne":
"La vettura carcamana de Modena e Milano", manjada ópera italiana longa e efadonha, em que uma linda menina é filha bastarda de um casamento inglório entre duas famílias inimigas.
É filha de Enzo com uma filha dos irmãos Maserati, mas leva o sobrenome do pai traído e impotente, Romeo.
2) New Beetle:
3) Novo Mini:
6) Novo Fiat 500:
Vamos deixar algo claro aqui: só existiu um Mini, e ele tinha rodas de 10". Só existiu um Fusca, e ele tinha motor traseiro refrigerado a ar. Só existiu uma "nuova"500, e ela também tinha motor traseiro refrigerado a ar.
Tentar reeditar qualquer um destes clássicos é um exercício inútil por ser impossível. São carros tiveram seu tempo, viveram, morreram, e que descansem em paz.
O que conseguem com isso é exagerar as feições dos carros originais, como faz um caricaturista para tornar o objeto de seu trabalho engraçado e/ou ridículo. São como travestis, exagerando na roupa e maquiagem, para tentar passar por algo que não são.
Não tenho dúvida de que são carros excelentes, como todo veículo moderno é. Mas Sir Alec Issigonis, Dr. Ing h.c. Ferdinand Porsche e Dante Giacosa eram cavalheiros, engenheiros, adultos, pessoas respeitadas e sérias. Uma imitação do trabalho desses engenheiros, feita por moleques de rabo-de-cavalo e óculos escuros modelo "abelha", não poderia sair diferente de uma triste caricatura de um passado mais pragmático.
Imagem não é tudo.
4) Nissan GT-R:
Os Skyline GT-R sempre foram derivados de sedãs comuns, os Skyline. Tinham sempre um seis em linha. Esse não.
Na verdade, está para o 350Z assim como um Turbo está para o 911.
Apesar de fantástico, devia ser chamado pelo seu nome real, para não evocar algo que não bate com a realidade: 380Z Turbo
5) Toyota Corolla. Transporte sem paixão como uma forma de arte.
7) Aston Martin modernos: tudo igual, tudo com o mesmo V-12. Já perdi a conta de modelos idênticos que saem de lá, e tudo é sem sentido. O último que tinha sentido foi o V-8 e Vantage produzidos até 1988. Victor Gauntlett era o cara. Um alemão de bigodinho ridículo como aquele que manda lá hoje nunca vai entender um carro inglês.
8) Audi TT:
Segunda geração de futilidades. Golf com roupa esporte modernosa.
9) Mercedes CLS:
Mercedes sendo fútil. Um E500 é a mesmíssima coisa, mas mais discreto e mais espaçoso.
10) Lamborghini Reventón:
Deixa ver se entendi: coloca uma roupa de caça Stealth no Murciélago e vende ele pelo triplo do preço?
Pelo menos deve ser invisível ao radar, feito o caça, né? Não?
Peraí, então não entendi....
MAO
Que texto maravilhoso.....
ResponderExcluirMini realmente so com rodas 10", os atuais são belos carros, mas não são um mini.
Tenho dois modelos 1/18 de Skyline, e nada os substitui. 350Z é lindo, mas não é um GT-R.
E o Corola, hehehehe
Obrigado, Sergio!
ResponderExcluirMAO
É uma forma de ver a coisa.
ResponderExcluirComo listas de 10 mais são discutíveis até a eternidade...
O GT-R é um grande carro, com engenharia incrível e capacidade de engolir muitos carros com que custam 4 vezes mais.
ResponderExcluirMas não é aquele sedã que dá pra levar a familia à 280km/h, com bagagem e tudo.
Maldito coupé esportivo.
A inclusão do New Beetle, Mini, e Fiat 500 nesta lista, parte de uma premissa completamente equivocada, uma vez que não foram recriados com o objetivo de cumprir o papel que os citados carros tiveram em suas versões originais.
ResponderExcluirGosto do New Beetle, mas concordo que ele não é um Fusca, pelo menos não do mesmo jeito que um 997 "é" um 911. O N.B. é muito mais uma homenagem do que uma continuação, até porque o Fusca sobreviveu tanto tempo que qualquer senso de transferência de identidade se tornou impossível. A tocha não passou naturalmente, foi com o original para o túmulo. No máximo ficou um isqueiro.
ResponderExcluirO Fusca nasceu como um carro diferente no meio de iguais, viveu para ver os outros repetirem sua fórmula até a exaustão, sobreviveu o suficiente para voltar a ser um estranho no meio de quadradas banheiras, e saiu de cena agora que seu conceito volta (de novo) à moda.
A verdade é que a janela para um sucessor se fechou nos anos 70, na época que o conceito de "geração" não existia - os carros eram substituídos, e não sucedidos. Veio o Golf, e o posto de carro-chefe trocou de mãos. Se a fórmula do Fusca tivesse continuado competitiva até os anos 80, teríamos hoje o legítimo "Fusca VII".
O New Beetle tem seus méritos, pois surgiu numa época em que carro retrô não era moda. Consigo respeitar mais o NB do que o 500, pois o NB foi espontâneo, foi uma brincadeira que deu certo, mas é tão Fusca quanto o Cristo Redentor é o Jesus de 2000 anos atrás.
Não dá mesmo para escrever um ode ao NB, pois ele só existe em função do Fusca. Não tem história própria, não tem nenhum protótipo perdido na Lituânia com chassis de Volga - no máximo tem um protótipo perdido em um CD. Se mantivesse a mesma proposta talvez o tempo nos fizesse vê-lo como uma nova geração, mas nem isso ele faz, e por isso fica só como homenagem (ou caricatura, reconheço). Dizem que em 2012 ele vai emprestar a alma e o nome ao Up!, se tornando novamente um popular. Quem sabe assim, cumprindo a missão do artigo genuíno, a estátua não aprenda a falar?
Em tempo: como disse Robocop ao tentar se descrever à sua (ex) esposa, "They made this to honor him. Your husband is dead".
ResponderExcluirUma salva de palmas para seu texto, Rafael. Disse tudo o que eu gostaria de dizer, mas jamais teria capacidade para tanto.
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