
“É a história de homens de rara capacidade e criatividade que, através de gerações, consagraram a sua essência à busca do elusivo ideal de perfeição. O fato de que a máquina foi o meio usado não faz seu trabalho menos nobre do que qualquer outra manifestação de arte ou ciência. E, para algumas pessoas, este meio é eminentemente nobre: nas três dimensões que normalmente limitam a maioria das obras de criatividade humana, esta adiciona a dimensão do movimento, o que faz dela uma aproximação da vida em si. Indo muito além da qualidade escultural, o trabalho deles transcende os valores de julgamento humanistas. Neste caso o desempenho é medida absoluta do que foi atingido, e o valor do esforço criativo de cada homem é aparente para todos.”
O trecho acima é do grande Griffith Borgeson, extraído de seu livro “The Classic Twin-Cam Engine”, em que conta as origens do motor de duplo comando de válvulas no cabeçote. Mas uso ele aqui porque cai como uma luva para introduzir a história que conto hoje: a das motocicletas MV Agusta de quatro cilindros em linha.
É uma história irresistível. Um nobre italiano, cuja família fez fortuna fazendo aviões e helicópteros, usa grande parte desta fortuna criando deliciosamente complexas, avançadas e belíssimas motocicletas de competição. Com elas, domina totalmente as competições de moto GP por praticamente 20 anos, com ajuda de um time de pilotos que poderiam ter saído de um filme de Hollywood, heróis com habilidade lendária e coragem sem limite. Bólidos vermelhos que, com seu berro estridente a mais de 9.000 rpm, marcam profundamente gerações de espectadores, e mudam a face do motociclismo para sempre.
