google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

Ao longo dos anos, o mundo se adapta às necessidades das pessoas, é um fato conhecido, por mais estranho que seja. As culturas se modificam de acordo com o rumo dos avanços tecnológicos, além da inspiração de pessoas formadoras de opinião.

Já cansamos de ver exemplos de total inversão de opinião, como na nossa alimentação. Quem já não ouviu dizer que ovo faz mal? Fazia, pois agora faz bem, assim como tantos outros alimentos. O que fazia mal, agora faz bem, graças à pesquisas e testes, e o contrário também é verdade. O que fazia bem para a saúde, agora faz mal, como frutas que são muito ácidas ou carnes brancas que são gordurosas.

O mesmo podemos dizer do automobilismo. Antigamente era o máximo ter o carro todo colorido com as cores de fabricantes de bebidas alcoólicas e cigarros, pois era chique fumar e beber. Agora, é um pecado e quem fizer isso vai estar destruindo a humanidade.



Nasci em 1956 e tão logo completei 18 anos tirei carteira de habilitação. Talvez, ou mesmo provavelmente, o caro leitor nem tivesse então nascido, mas talvez lhe interesse saber o que os autoentusiastas de então faziam para se divertirem com o que havia à mão.

Preparávamos, envenenávamos, mexíamos – era isso o que fazíamos para termos um carro mais divertido.

Certamente o nosso editor-chefe, o Bob Sharp, tem muito mais o que falar a respeito, já que nessa época ele corria profissionalmente e não era dos pilotos que só sentavam e mandavam a lenha – sua curiosidade e inteligência sempre o levaram a buscar a fundo o conhecimento técnico, tanto sobre a arte da pilotagem quanto sobre a arte da mecânica.

Mas vou contar o que posso contar, que é como a coisa funcionava do meu lado, o lado empírico, o amador, com suas burradas e suas acertadas, e veremos aí se estas historinhas incitarão o mestre Bob a contar um pouco de sua rica e interessante vivência.

Foto: trucksplanet.com



Para quem leu lá atrás aquele meu post Ride of a Lifetime, ou se não leu e quiser ainda dá tempo, tem o início da história, bem no espírito do meu último post, Vida de Carro Velho. Assim, ninguém vai reclamar muito da mudança de assunto! E também eu sei, este post é muito mais para ser escrito pelo MAO que pelo AG, mas como o MAO é um cara muito refinado e só anda de carros muito legais e sofisticados, alguém tem que escrever sobre carniças. Então ninguém reclama que eu escrevi apenas de coisas sentimentais sem nenhum número ou informação técnica.

E como o poeta dos carros é o MAO, também não reclamem se não sentirem tanta emoção quanto nos ótimos textos dele. 

Passado um tempo, um bom tempo depois que eu sai e dirigi o D60, passeio este que insiste em não cair naquela zona cinza da memória chamada esquecimento, numa manhã de sábado ensolarada eu tive que ir de novo ao setor H Norte comprar umas peças. Ao chegar, vi o D60 estacionado num canteiro.


O maravilhosamente simples Caterham Super Seven. Proibido no Brasil a partir de 2014. (foto: Caterham)


“Existem argumentos que dizem que não existe progresso real; que uma civilização que mata milhões em guerras sangrentas, que polui o planeta com quantidades cada vez maiores de detritos, que destrói a dignidade dos indivíduos submetendo-os a uma existência mecanizada, não pode ser considerada um avanço em relação à pré-história, e suas mais simples sociedades baseadas na caça, coleta e agricultura. Um argumento atraente para muitos, mas falho. As tribos primitivas permitiam bem menos liberdade individual do que a sociedade moderna. As guerras antigas eram infinitamente menos justificáveis moralmente do que as modernas. A tecnologia que produz detritos pode achar, e está achando, meios de descarte ecologicamente corretos para estes detritos. E as fotos de museus que mostram os homens primitivos às vezes omitem as desgraças de sua vida primitiva – a dor, a doença, a fome, o trabalho duro necessário apenas para sobrevivência. O fato de termos saído desta agonia da mera existência e chegado à vida como vivemos hoje, só pode ser avaliado como um grande e inegável progresso. E o principal agente deste progresso é claramente o avanço da tecnologia humana.”
Robert M. Pirsig, em “Zen e a arte de manutenção de motocicletas”.

Apesar do texto acima apresentar uma verdade inegável, muita gente ainda acha que tecnologia é um mal, e que tudo só piora. Esse tipo de pessoa, conhecida pelo difícil nome de misoneísta, falha em observar as vantagens criadas pelas novas tecnologias em nosso dia-a-dia, concentrando-se apenas nas desvantagens inevitáveis.