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O maravilhosamente simples Caterham Super Seven. Proibido no Brasil a partir de 2014. (foto: Caterham) |
– Robert M. Pirsig, em “Zen e a arte de manutenção de motocicletas”.

A notícia não é nova, mas gostei tanto dela quando a li recentemente no Tech Talk do JLV, que achei que valia a pena falar sobre ela aqui.
No Shell Eco-Marathon deste ano (uma competição de economia de combustível), em meio a aquelas naves espaciais com rodinhas de bicicleta, motor de cinco centímetros cúbicos de deslocamento e dirigidos por garotos de 10 anos de idade, e capazes de fazer, sei lá, um zilhão de km por litro, mas com nenhuma relevância no mundo real, algo inusitado apareceu. Um carro de rua levemente modificado.
E não só um carro, um Caterham Seven, aquele símbolo sagrado do credo entusiasta de desempenho acima de tudo, aquela ferramenta de subversão da ordem que humilha Lamborghinis e Porsches em pistas mundo afora. O que um carro esporte visceral como o Seven faria num lugar destes?
O fato de que o Seven atinge seu desempenho fantástico por meio de peso baixo obviamente faz esse exercício ter todo o sentido. Pensa-se de cara que apenas alongando a transmissão e cuidando melhor da aerodinâmica, o resultado realmente só pode ser ótimo.
O carro que a Caterham criou em parceria com a “Energy Efficient Motorsports” e a Axom Automotive (especialista em fibra de carbono), chamada de 2R, certamente cuidou da aerodinâmica, como se pode ver na foto, mas também fez algo lógico: diminuiu os pneus, usando unidades especiais de baixa resistência ao rolamento. Mas o alongamento da transmissão, pasmem, não ocorreu. Na verdade, segundo a empresa, o carro só recebeu de modificação o que se pode ver, ficando a mecânica (inclusive o motor K-series de 120 cv) totalmente inalterada!
A intenção era atingir 100 milhas por galão (42,5 km/l) mas acabou por chegar na incrível marca de 131 milhas por galão, ou nada menos que 55,688 km/l!!!
E melhor: se a mecânica é inalterada, ela deve ainda, se dirigida com fúria, fazer o 0-100 km/h em menos de seis segundos. E com a aerodinâmica melhorada, talvez até tenha uma velocidade máxima maior que o carro original. Na verdade, talvez até a aceleração tenha melhorado, graças à evidente redução de massa...
Este é meu tipo de carro ecológico!
MAO

Dizem que quase 50% da riqueza do mundo está nas mãos de 1% da polpulação. Então, fazendo uma analogia, sem ter a pretensão de ser preciso, 49% do prazer em dirigir de todos os carros do mundo pode estar com esses sete modelos. Receita para o prazer: acima de 200 cv para movimentar apenas apenas 550 kg (se me considerar como motorista, 650 kg).
Outro dia tive a oportunidade de dirigir um modelo como esses lá em Interlagos. Confesso que a experiência superou muito minhas expectativas. O acelerador leve e sensível me assustou com respostas diretas e empolgantes proporcionadas pela relação peso-potência do modelo. Potência de sobra, transmissão precisa, direção rápida, meu traseiro a poucos centímetros da pista e o vento batendo em todo o meu corpo completaram a experiência alucinante. Pena que durou apenas uma volta na pista. Afinal, eu estava lá para fotografar, e não para me divertir. Na verdade o carro estava sendo testado pelo seu criador e pelo Arnaldo Keller para fazer os últimos acertos de suspensão. Com certeza eu e o Arnaldo vamos voltar a falar e mostrar esse carro aqui no Ae.
Vamos agora aos sete modelos que, apesar de diferentes, seguem o mesmo espírito do Seven.
Os clássicos
1-Caterham
A Caterham, que tem o nome da cidade inglesa onde ficava a fábrica, comprou os direitos de fabricação do Lotus Seven quando este deixou de ser produzido em 1973. Por isso é o único fabricante a utilizar o "7" na grade. É a pura preservação da espécie. Hoje a Caterham oferece diversos modelos e configurações para atender diferentes necessidades de diversão com motores Ford de 1,4 l com 105 cv e 2,3 l (Cosworth) com 260 cv. A designação dos modelos expressa a relação aproximada de potência-peso em hp por tonelada. No caso do modelo da foto, o mais potente, R500 significa que são 500 hp (507 cv) por tonelada.
Sabia mais: Caterham
foto: PistonHeads.com
2-Westfield
A Westfield é o segundo fabricante mais conhecido. Existe desde 1982 e iniciou fazendo réplicas do Lotus XI (11) e logo em seguida do Seven. Porém a Catreham a ameaçou com um processo judicial e a Westfield teve que fazer alterações no projeto para diferenciá-lo do original. A carroceria dos Westfield é feita de plástico reforçado com fibra de vidro enquanto nos Carterham segue a tradição do uso de chapas de alumínio. A Westfield também tem uma interessante versão do Seven com motor 1,3 l de 180 cv da Suzuki Hayabusa. além dos motores Ford 1,6 l e 2,0 l, este último com 203 cv.
Saiba mais: Westfield


3-Donkervoort D8 GT
A empresa holandesa de Joop Donkervoort também vive de réplicas do Seven, desde 1978. No entanto, no ano passado resolveu inovar ao apresentar o novo modelo D8 GT, que usa motor Audi 1,8 l turbo de 210 ou 270 cv. Apesar da cabine fechada e da cara de mau, podemos perceber as origens do Seven. Na minha opinião, a capota deixou o visual bem agressivo e interessante.
Saiba mais: Donkervoort



4-IFR Aspid Supersport
Na Espanha, o nervosismo e o sangue quente ajudaram a criar o Aspid Supersport. Desenvolvido do zero e por completo, o Aspid é um modelo hightech. Começou a ser produzido em 2008 pela pela novata empresa IFR, que iniciou as atividades de engenheria e projeto do carro em 2003. Com carroceria feita em plástico reforçado com fibra de carbono, pesando 750 kg e com um motor 2,0 l Honda VTEC com compressor de 405 cv, ele acelera de 0 a 100 km/k em incríveis 2,88 segundos. Seu preço é o mais salgado do grupo e chega a mais de 150.000 dólares.
Saiba mais: Aspid
O musculoso
5-Elfin Clubman MS8
Saiba mais: Elfin


O Double R, além do desenho bem diferente dos outros 5 modelos acima tem motor traseiro central. O desenho e o projeto foram inspirado no Rocket (que teve a mão do Gordon Murray) do início dos anos 90, porém com bancos lado a lado (no Rocket eram um atrás do outro). Também, assim como o Rocket, lembra os Fórmula 1 do início da década de 60. O Double R utiliza motores Ford 2,0 l , 2,0 l sobrealimentado e 2,3 l Cosworth, com potência variando de 172 a 324 cv.



Mas como existem pessoas insanas nesse mundo, a nova versão do Atom tem um motor V-8 de 2,4 litros com compressor que gera mais de 507 cv, conforme já mencionado pelo Milton Belli no post anterior. Esse motor foi desenvolvido a partir de um motor Yamaha (na verdade dois motores grudados) e também foi usado no Caterham RST-V8, edição limitada que tinha mais de 1.000 cv por tonelada.

Ainda poderíamos incluir nessa divertida categoria de "open wheelers" mais dois modelos: o KTM X-BOW e o Deronda.
E por fim, se chegou até aqui e ainda tiver algum tempo, recomendo esse vídeo do Top Gear em que Clarkson chega êxtase ao dirigir o Atom: "This is driving nirvana!".
Paulo Keller

Exemplos não faltam, mas vamos nos atentar apenas a dois casos. O primeiro é o próprio 7, que até hoje é copiado e vendido por muitos como a Caterham e a Donkervoort. O 7 nasceu do seu antecessor lógico, o 6. Quem diria, não? O Six era basicamente a mesma coisa que o 7, mas não teve o mesmo sucesso de vendas. Conforto? Bobagem. Confortável não é mais rápido, então tire o conforto. O grande lance do carro era a venda como um kit que poderia ser montado pelo comprador, reduzindo seu preço final. Como o carro inteiro pesava quase a mesma coisa que um motor americano da época, junto com o baixo CG, seu desempenho em curvas era excepcional, deixando bem para trás carros mais potentes.
Os anos passaram mas a idéia ficou encrustada na cabeça de alguns ingleses com menos juízo ainda (novamente, sete para ser preciso), e em 2000 foi lançado o Ariel Atom, o mais representativo carro desse segmento, e um dos mais radicais. O Lotus ainda tinha uma carroceria, o Atom nem isso se deram ao trabalho de fazer. Com a estrutura tubular exposta, o Atom era muito leve e a relação peso-potência era melhor que de um Porsche 911 Turbo. É o necessário para acelerar, e forte. Ano passado, o juízo acabou de vez, e colocaram nada menos que um V-8 de 507 cv pendurado no eixo traseiro. Isso quer dizer que o Atom 500 (nome oficial) acelera mais rápido que quase tudo que se possa imaginar, junto até com Bugatti Veyron, e ele não custa um décimo do preço do Veyron. Genial!
Tanto o Lotus 7 como o Ariel Atom mostraram ao mundo que é possível ter um carro muito rápido com custo reduzido. Claro, milagres não acontecem neste meio, então alguma coisa deveria ser sacrificada, e o conforto e refinamento estavam bem no topo da lista. Nada além de um motor, quatro rodas e um volante para se divertir. A sensação de andar em um carro destes, no Atom ainda mais, pelo fato de nem carroceria ter, é de total liberdade. Não apenas liberdade, mas também de poder sentir o ambiente em que se está, pois o chão está logo ali do seu lado, quase ao seu alcance, o vento direto no corpo, e não ter que se preocupar com nada a não ser dirigir. É só não esquecer de verificar a previsão do tempo antes de sair de casa.