google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014): GT40
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Uma das grandes qualidades do esporte conhecido como automobilismo é a evolução dos projetos, as histórias e lendas que nascem, seus sucessos e fracassos. Como uma revolução geralmente é menos garantida que uma evolução técnica, a seqüência de projetos aumenta as chances de uma equipe chegar ao sucesso.

Já contamos aqui a saga do herói francês de Le Mans, Jean Rondeau e seus carros, e também a história do GT40 e dos Mirage M1, em especial o carro que foi o primeiro vencedor nas cores da Gulf Oil e também foi o camera-car do filme "Le Mans", de Steve McQueen, aqui.

A história dos Mirage e da J.W. Engineering não parou nos GT40 modificados. Após alguns anos de trabalho nos carros da linha M1 e as mudanças de regulamento que restringiram a cilindrada dos motores, John Wyer focou seus esforços em novos projetos na categoria dos protótipos.



Ferrari e Ford já tiveram seus anos de rivalidade à flor da pele. A história da Ford tentando comprar a Ferrari é o ponto de partida de uma série de eventos que resultaram, entre outras coisas, no fabuloso GT40.

Em busca de uma nova imagem no mercado americano, a empresa do oval azul queria voltar para as competições automobiísticas mundiais, mas não tinha experiência internacional em pistas mistas e de estrada, pois as únicas modalidades nas quais se envolvia eram a Nascar e as provas de arrancada da National Hot Rod Association (NHRA). Vale lembrar que os Cobras de Carroll Shelby não levavam o nome Ford, apesar dos motores e do apoio da fábrica, o que gerava um certo desconforto para o grande fabricante. O jeito era recorrer a uma fonte européia de conhecimento, e entre tantas idéias, uma delas foi comprar a Ferrari e utilizar toda a experiência já adquirida ao longo dos anos pelos italianos. 

Henry Ford II e o comendador Enzo Ferrari não chegaram a um acordo (automobilemag.com)

Henry Ford II e Enzo Ferrari logo se estranharam durante as conversas, pois ambos eram homens de negócios defensores de seus reinados e, claramente, turrões e orgulhosos. A negociação logo virou uma briga e Enzo despachou Ford da sua fábrica, mas isso não iria ficar barato. Ford iria devolver as "ofensas" de Enzo da forma que mais poderia doer no ego do commendatore. Le Mans era a resposta, pois desde 1960 a Ferrari reinava absoluta e era o orgulho da marca de Maranello.


Revisitando álbuns antigos encontrei um feito antes do nascimento do AUTOentusiastas e que estava meio perdido: o do Museu Henry Ford.

Visitei o museu pela segunda vez em janeiro de 2007. Com certeza um dos mais bacanas de todos que conheço. Só essa visita renderia um grande post. Mas isso vai ficar para uma outra oportunidade. Enquanto isso o álbum completo está aí na barra lateral. Divirtam-se.

Arnaldo Keller e Bob Sharp andam no GT40 da Americar, o GTA40. Veja abaixo as impressões de cada um.

ARNALDO KELLER


Sábado de manhã o Bob e eu fomos ao revendedor Chamonix na Av Bandeirantes. Eu queria que o Bob guiasse a recém-lançada réplica do Ford GT40 fabricada pela Americar Veículos, de Santo André, SP.

Uma, porque o Bob estava interessado no carro para uma matéria, e essa reportagem seria com o próximo GT40 que está no forno e prestes a sair, e outra porque adoro andar com o Bob guiando, seja lá com que carro for.

Sua tocada impecável é sempre uma prazerosa aula, ainda mais quando em suas mãos está um carro danado de forte. Alegra-me observá-lo domar com delicadeza e suavidade uma máquina bruta e nervosa.

E como eu já guiara esse GT algumas vezes, na Rodovia Bandeirantes, na pista da Goodyear e em Interlagos – quando testei o carro para a Car and Driver Brasil – eu sabia que o GT40 estava na medida para um bom passeio de arrepiar o cangote.

Motor central-traseiro, um V-8 da Ford Racing. O motor veio dos EUA na caixa, já preparado e prontinho para uso. Cilindrada de 5 litros, bloco do Mustang dos anos 1990, cabeçotes de alumínio, 340 cv de potência. O motor é novo, pois continua a ser fabricado. Carburador Holley quadrijet de 750 cfm, portanto, um 5-litros bem alimentado. Transeixo de 5 marchas. Pouco peso, só 1.150 kg distribuídos em 43% na frente e 57% atrás. Traciona barbaridade.

Estimo o 0 a 100 km/h abaixo dos 5 segundos e velocidade máxima de 280 km/h, ou mais. A 240 km/h eu já o tocara e foi moleza, com muita velocidade a crescer. Carro de macho.

Como eu já estava bem acostumado com o carro, preferi sair guiando para ver se estava tudo em ordem e fomos até o primeiro posto da Rodovia dos Imigrantes, onde paramos para calibrar os pneus.

É sempre assim, a primeira coisa que faço, após verificar os fluidos, é parar pra regular pneus. A experiência ensina. Volta e meia recebo carros com pressões erradas e/ou desparelhadas nos pneus, o que além de criar certo perigo atrapalha a correta avaliação do veículo. Esse estava com elas em ordem, 28 na frente e 32 atrás.

Bob no volante e caímos na estrada. O Bob estava curtindo. Pela cara dele, por aquele som delicioso de motor forte e invocado que tomava a cabine, eu via que ele estava curtindo.

Agora o Bob conta. É a vez dele de levar adiante.


BOB SHARP


Assim que entrei no GT40, veio-me a lembrança de quando dei umas voltas num Lola-Chevrolet T70 no Autódromo do Rio, ali por volta de 1968/1969. O carro era dos irmãos Márcio e Marcelo de Paoli, éramos amigos e eles me ofereceram uma guiada. Era um dia de treino e eu estava andando com o meu DKW com carroceria de painéis de plástico. O motor do Lola também era de 5 litros e o porte do carro, muito próximo do GT40.

Essa réplica é mesmo muito interessante. Chamou-me a atenção a precisão com que as portas fecham, apesar do difícil e original desenho de avançarem sobre o teto, maneira conhecida de tornar o entrar e sair com alguma facilidade em um carro tão baixo. Como muitos sabem, o “40” do nome era a altura do carro em polegadas, que corresponde a 1 metro e 16 milímetros.

A cabine, logicamente, é apertada porém não-claustrofóbica, bem profissional. Não há luxos nem amenidades, pois o carro, assim como o que lhe deu imagem e semelhança, foi feito para andar rápido. E isso ele faz muito bem.

Pegar o tato da dura embreagem e do trambulador do câmbio até que não demorou muito e logo foi possível explorar a aceleração desse verdadeiro esporte protótipo. Com 3,4 kg/cv de relação peso-potência e uma área frontal pequena, devido à pouca altura, o resultado só poderia ser aceleração estonteante. Que prazer ir empilhando marchas e ver a paisagem passar cada vez mais rápido!

O notável neste GT40 é a estabilidade direcional mesmo em alta velocidade. O carro não mexe. Como as boas supermáquinas, 200 km/h para ele é velocidade de passeio. O motor é um primor. Mesmo com algum desenvolvimento, gira baixo uniformemente e levanta com disposição. Puxei uma vez 6.000 rpm mas nem precisa, pois a 5.000 já faz um estrago danado. Impressionante como engole as marchas, não interessa em qual esteja. Mesmo vindo em quinta a 2.000 rpm, a resposta com as quatro bocas abertas é instantânea.

Carros dessa estirpe devem dobrar e frear bem e isso o carro da Americar faz à perfeição. O carro é minimamente subesterçante e o chassi aceita potência no meio da curva sem reclamar, como foi possível sentir nas alças de acesso e de saída. A elevada força-g lateral encanta. Na hora de parar, nada de surpresas, os freios trabalham bem e em total harmonia entre eles.

Não é carro feito para andar no trânsito denso, mas anda, sem problema. E com uma vantagem, ele não impõe respeito, é reverenciado. É como se os outros motoristas pensassem “ali vai um símbolo, não tem muita visibilidade, vou facilitar”, e recebe-se toda sorte de cortesia.

Prova de que o Brasil não é o país só do futebol.