google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)
Fotos: autor


Antes de falar do Cerato penso que vale a pena um breve relato sobre a Kia, pois acho que poucos têm dimensão do que a marca representa. A sul-coreana Kia nasceu em 1944 como fabricante de quadros de bicicleta mas só passou a produzir carros em 1974. Em 1997 passou a fazer parte do grupo Hyundai quando foi comprada no meio da crise asiática. Era dona da Asia Motors (lembram do Topic e do Towner?) que em meados dos anos 1990 anunciou a construção de uma fábrica no Brasil, em Camaçari (BA), em troca de benefícios fiscais. Os benefícios foram utilizados mas com a falência da empresa em 1999 a fábrica não saiu do papel. Como a Kia era sua dona, para o governo brasileiro ela deveria arcar com a dívida e isso estava impedindo o avanço de uma possível fábrica da Kia no Brasil. Mas em 2013 essa pendência foi resolvida pela justiça, isentando a Kia dessa dívida.

O Grupo Hyundai-Kia é  quarto maior fabricante de veículos automotores do mundo, com produção ultrapassando 7 milhões de unidades em 2012, sendo a Kia responsável por 2,7 milhões, aproximadamente. Isso coloca a Kia na frente de marcas importantes como Renault, Peugeot, Citroën, Mitsubishi, Chrysler e Fiat. E se consideramos toda a sinergia de desenvolvimento tecnológico e estrutura de custos dividida com a Hyundai, dá para se ter uma idéia do poderio da Kia. 

No Brasil, a Kia vinha numa ascendente até alcançar mais de 77 mil unidades emplacadas em 2011 com uma linha bem completa e atualizada, incluindo motores flex. No entanto, a partir de 2012 com a sobretaxação do IPI para veículos importados em 30 pontos porcentuais, os emplacamentos diminuíram drasticamente para 41.510 unidades em 2012 e 29.135 em 2013. Para reverter esse quadro, só fazendo uma fábrica no Brasil, ainda sem uma perspectiva mais clara. Com toda essa taxação adicional a competitividade fica muito comprometida, uma vez que a relação custo-benefício tem um limite estabelecido pelo mercado ou concorrentes.


Lotus Elan (foto betterparts.org)

Não é de hoje que bato nesta tecla. E vou continuar batendo, já que com o passar dos anos mais a evidência grita. Comecemos do começo.

Há pouco fiz um teste No uso de um Citroën C3 automático. “Que belo carrinho” é o que primeiro me vem à boca quando, informalmente, me perguntam sobre ele. O mesmo digo sobre o seu “primo”, o Peugeot 208, e o mesmo sobre o Ford New Fiesta, sobre o Fiat Punto e mais um ou outro dos que temos à venda por aqui. 

São hatches de preços razoáveis, dentro do nosso mercado, e são bons de chão, ou melhor, muito bons de chão. Bons de curva e bons de reta, e estamos falando de hatches que nem “esportivos” pretendem ser; são carros comuns para o dia-a-dia. Vale lembrar que todos esses têm motores que os levam a beirar os 200 km/h, sem deixarem de ser motores de baixa cilindrada e consumo frugal. 

Veja bem, caro leitor, 200 km/h é uma velocidade de respeito. 

Com poucos acertos, como uma suspensão mais baixa e rígida, a Fiat fez o Punto T-jet, que é um verdadeiro corisco. Seu chão é tão bom que nem um motor mais forte, como ele tem, seria necessário para termos um carro com o qual qualquer autoentusiasta teria bons momentos esportivos. O motor 1,8 de 132 cv lhe bastaria.  

Um convite para entrar num Triumph Spitfire (foto storm.oldcarproject.com)

O título, em alemão, significa "Alemanha, um bom exemplo". O texto chegou-me por um amigo, li e gostei, a ponto de desejar compartilhá-lo com os leitores que anseiam por um Brasil decente e justo.

Bob Sharp
Editor-chefe
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"Alemanha, um bom exemplo


Esta semana a chanceler da Alemanha, Angela Merkel — a governante mais poderosa da Europa e uma das líderes mais influentes do mundo — fechou um acordo para que seu partido, a União Democrata-Cristã (CDU) e seu partido irmão União Social-Cristã (CSU), do Estado da Baviera, governasse em coligação com os tradicionais adversários do Partido Social-Democrata (SPD).

Merkel terá uma maioria esmagadora: num Parlamento de 631 deputados, como o Bundestag alemão, terá uma bancada de 503.

E sabem como se procedeu a aliança com os social-democratas?

Merkel NÃO aparelhou o governo com os sindicalistas aliados do SPD para agradar os novos aliados.
Merkel NÃO loteou cargos de confiança no governo entre os partidos da coligação.
Merkel NÃO prometeu destinar “emendas parlamentares” para que os deputados da coligação distribuam verbas em fontes luminosas e ginásios de esportes em suas regiões de origem.
Merkel NÃO decidiu rechear as seríssimas e rigorosas agências reguladoras do governo alemão — em áreas como telecomunicações, transportes terrestres, aviação e energia — com cupinchas dos aliados, nomeados (como ocorre no Brasil) por sua ideologia ou militância, e não por sua competência.
Merkel NÃO resolveu aumentar os atuais 14 Ministérios existentes para abrigar políticos.
Merkel, é claro, NÃO acertou qualquer mensalão para atrair deputados para a base de apoio de seu governo.
Merkel, em suma NÃO FEZ NADA do que se costuma fazer no Brasil há algum tempo, em nome desse monstro invisível chamado “governabilidade”, que justifica todo tipo de atropelo ao bom senso, à meritocracia e à moralidade pública.

O que fez a firme chanceler alemã, há oito anos e três eleições no poder, para fechar uma coligação que vai permitir que governe tranqüilamente por todo seu mandato de quatro anos?

Merkel fez o que se faz nos governos decentes de países sérios— e, como escreveu há algum tempo a revista britânica The Economist, a chanceler vem conduzindo “um governo sério, num país sério onde a palavra sério quer dizer exatamente isto”: discutiu, durante um mês, em que medidas para o bem da Alemanha democratas-cristãos e social-democratas — que divergem em inúmeros pontos — concordam.

Os pontos sobre os quais ambos concordam foram a ponte para o acerto político. Mas, em se tratando de um pais sério, esses pontos foram esmiuçados em um sólido documento de 170 páginas contendo o programa que o governo de coalizão entre dois grupos adversários executará.

As 170 páginas prevêem, com detalhes, como se darão as melhoras no sistema de previdência social, em quais projetos serão aplicados os investimentos adicionais na área de educação e pesquisa científica, o que deve ser feito para aperfeiçoar e ampliar os sistemas de transportes (rodovias, as já fabulosas Autobahnen, e ferrovias), o estabelecimento por lei, a partir de 2015, de  um salário mínimo (8,50 euros — 27 reais — por hora, o que significa algo como 4.320 reais mensais) — não existe salário mínimo legal na Alemanha, só os valores estabelecidos em acordos entre sindicatos de patrões e de trabalhadores — e até os requisitos exigidos para que aos cidadãos alemães seja possibilitado algo até agora inexistente, a dupla cidadania.

Detalhe importante: o documento inclui o compromisso férreo de não se aumentar impostos durante os próximos quatro anos.

Enquanto isso, num grande país (melhor dizer 'país grande') do Hemisfério Sul, que tem 39 ministros e 20 mil cargos de confiança loteados entre cupinchas dos partidos do governo, a corrupção corre solta e sua frágil democracia vislumbra dias próximos de autoritarismo socialista ou quebradeira, o que dá no mesmo."

Ae


O Chevrolet Biscayne das fotos foi alvo de uma restauração de três anos de duração, típica dos americanos, que resulta em carros em condição melhor do que quando saíam de fábrica, conhecidas como over-restoration (sobre-restauração). Muita gente não aprova esse tipo de tratamento, mas antes de condenar a prática, precisamos saber o motivo.

Fazer um Chevrolet aparentemente tão simples e de alta produção ser assim tratado e ficar nessa condição tem um motivo muito especial. É um carro que precisa ser entendido para ser admirado por todos que consideram importantes a história da General Motors e de Zora Arkus-Duntov (1909-1996) em particular. O ex-engenheiro-chefe do Corvette, que chegou a esse cargo por ter sido o responsável pela transformação de um pacato conversível no ícone esportivo americano, é também o mentor desse cupê concebido para uso policial.

O Biscayne, fabricado a partir de 1958, é diferente desse carro de 1959, quando praticamente todas as marcas americanas começaram a fabricar carros mais baixos. O estilo de 1959 é único, o 1960 já sendo diferente novamente.

A traseira é curiosíssima, com a tampa do porta-malas parecendo um par de asas, acima de lanternas de desenho curioso. Um verdadeiro show!