google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)
Ferrari, uma marca que de vez em quando comete deslizes

Depois de deixar clara a minha admiração pela marca de carros mais conhecida no mundo, no texto sobre meus Ferraris preferidos, chega a hora de mostrar que tudo na vida tem o lado bom e o ruim.

Ferraris são como maridos. Por mais que façamos, as esposas sempre pedem algo mais. Se levantar uma parede, poderia ter feito mais plana. Se tiver feito o jantar, poderia ter feito o almoço também. O problema de ser marido é o nível de expectativa que geramos por termos sidos os escolhidos pela mulher amada. 

Ferraris sempre geram expectativa e, ao menos para mim, deveriam ser perfeitos em tudo, sempre, dada a fama e o valor da marca, sem contar a qualidade elevadíssima dos profissionais que os desenvolvem.

Mas maridos e Ferraris são obras humanas, e assim, sujeitos a imperfeições. Ninguém é perfeito em tudo, 100% do tempo. A fábrica de Maranello tem sido, nesse ponto, como qualquer outro fabricante de carros em produção seriada. Varia do sublime ao ridículo com freqüência mais ou menos constante. Como os maridos.

Não vou dizer que Ferraris são como esposas, porque senão logo alguém vai estar dizendo “a” Ferrari, e Ferraris são carros e carro é substantivos masculino na língua portuguesa.  Senão, estaríamos dizendo a Corvette, a Porsche, a Mustang, a Onix, a Golf, a Focus. Além disso, mulheres tendem a ter menos imperfeições do que homens, e não seria justo ligá-las a um carro, máquina imperfeita.

Vamos então à minha lista em ordem aleatória de carros “furados” da maravilhosa marca cujo brasão homenageia Francesco Baracca, o ás italiano da Primeira Guerra Mundial que abateu trinta e quatro aeronaves nesse conflito.

Francesco Baracca e seu Nieuport 11; note o cavalo empinado

Fotos: autor
                                          


Falta pouca coisa para que eu venha a considerar o Toyota Etios 1.3 X um compacto realmente bom, pouca coisa mesmo. Seu pequeno 4-cilindros, de 1.329 cm³, com 4 válvulas por cilindro, é econômico (alcançou nota máxima na categoria no Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular) e seu desempenho é plenamente suficiente para a proposta. São 90 cv a 5.600 rpm (com álcool) para um carro que pesa 945 kg, portanto, sua relação peso-potência é de praticamente 10 kg/cv, o que é considerado bom. Além disso ele é muito elástico. Seu torque máximo de 12,8 m·kgf vem a 3.100 rpm, o que é uma rotação até que baixa. Portanto, na prática, no dia-a-dia, no uso, é um motor que requer poucas mudanças de marcha e desempenha bem. É a mesma característica de comportamento tomada pela Volkswagen para os motores 1,6-l da linha Gol e Fox, por exemplo. 

Aliado a ele há um câmbio muito bem escalonado, de marchas que alguns desavisados chamariam de longas, mas que na real estão corretas. Esse câmbio, por sinal, é exatamente igual ao do modelo 1,5, mesmas relações. Sua 2ª marcha chega a 85 km/h e a 120 km/h, reais, seu giro está em 3.500 rpm em 5ª marcha. Vale notar que o 1,5-l, também quando com álcool, tem só 6,5 cv a mais que este 1,3-l, e na mesma rotação, portanto não há nada de errado em terem o mesmo câmbio, já que os motores, na prática, pouco diferem em rendimento. O 1,5-l também tem só 1,1 m·kgf a mais de torque, e na mesma rotação, 3.100 rpm. 

O resultado dessa boa combinação é um Etios 1.3 X que é ágil e pouco cansativo na cidade, e bom de estrada, já que viaja suave e silencioso quando em velocidades legais. Ah! E, como disse, gasta pouco combustível, o que agrada a quem preza baixo consumo e lhe proporciona boa autonomia, mesmo o tanque tendo só 45 litros de capacidade.

Volante só com regulagem de altura. Boa pega, mas leve demais

Fotos: Alfa Romeo, Divulgação, autor, supercarfrance.com, alfa1750gtv.blogspot.com.br. Ilustração: Matheus Mari


O ano de 1963 testemunhou o nascimento do Alfa Romeo Giulia Sprint GT, que se tornaria uma lenda da história do automóvel clássico. Descendente do Alfa Romeo Giulia berlina (sedã em italiano) de um ano antes, surgiu o incrivelmente belo Giulia 1600 Sprint GT, apresentado oficialmente à imprensa em 9 de setembro no Salão de Frankfurt. Logo depois ganhou o apelido de “scalino” (degrau, em italiano), devido ao não fechamento completo do capô na parte dianteira da carroceria, o que deixava uma estreita fresta, característica dos modelos dos seus primeiros anos de produção.

Um veículo de grande e imediato sucesso, apoiado no melhor que um automóvel pode oferecer para seu público: modernidade mecânica, carroceria de estética refinada e desempenho convincente. 

Fresta na dianteira lhe deu o apelido de "Scalino"

A motorização 1600 tinha acabado de surgir no modelo Giulietta Sprint em 1962, um motor evoluído do 1300 e seu cabeçote de duplo comando com eixos de válvulas inclinados. É fascinante lembrar que a esta disposição do cabeçote, hoje comum e difundida, foi elaborada pela própria Alfa Romeo nos idos de 1914, quando Giuseppe Merosi, responsável técnico da marca na época, consegui aumentar as dimensões das válvulas e melhorar a eficiência da câmara de combustão, aproximando as válvulas de admissão e escapamento formando um ângulo num cabeçote de desenho piramidal. 

Giuseppe Merosi, 1872-1956 (alfistas.es)

foto: Paulo Keller/AE

Tudo começou com um e-mail do Bill Egan. O amigo e ex-colaborador deste blog estava maravilhado com o novo carro na sua garagem eclética: um vermelhíssimo Alfa Romeo Duetto 1300 Junior. Queria que a gente o experimentasse, queria conversar sobre ele, queria mais. Pensou até em voltar a escrever para o blog, algo que o incentivei a fazer veementemente. Um talento desperdiçado é um dos maiores pecados que se pode cometer usando roupas, afinal de contas.

Marcamos um dia então, um domingo de manhã em um posto de gasolina no caminho para minha casa, já fora de São Paulo para facilitar para mim, e tirar o trânsito do encontro. Andando por ali acabamos por encontrar, quase por acidente, uma estradinha maravilhosa: longa, mão dupla, vazia, cheia de curvas legais, e belíssima naquele dia de sol. Encontrar algo tão bom de andar tão perto de São Paulo já valeu o dia.

Um monte de amigos resolveu vir junto, o que tornou o encontro ainda mais legal. O Paulo Keller, renovando sua vontade de trabalhar no blog que ele mesmo fundou, apareceu com seu maquinário retratista para registrar tudo. Mas o que Egan não esperava era a horda de viaturas bávaras que apareceu para mudar totalmente o foco do negócio: eu obviamente fui com minha perua 328i de câmbio manual, porque ela é meu carro de uso diário, meu meio de transporte primário. O Rafael Tedesco também veio com o seu E36 de uso diário, um bem surradinho cupê 325i, também com o raro e desejável câmbio manual. Mas a estrela do passeio prometia ser outra: O M3 de primeira geração (E30) de nosso amigo e ex-colaborador VR.


Foto: Paulo Keller/AE