google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)
Semana passada falei aqui a respeito do Chevrolet Caprice de quarta geração (1991-1996) e seu derivado, o Chevrolet Impala SS (1994-1996). Como não poderia deixar de acontecer, o mestre Mahar (como bom chevymaníaco) nos lembrou que David E. Davis (antigo diretor da revista Car and Driver, hoje responsável pela Automobile Magazine) tinha um desses equipado com motor Chevy big block e transmissão manual.

O AG concordou com ele, disse que seria fenomenal ver o full-size com uma alavanca espetada no assoalho, mesmo com o small block. É óbvio que o Mahar não iria sossegar enquanto não encontrasse um exemplar do bichão equipado com a tal transmissão manual. Foi pesquisar no Ebay e acabou encontrando o brinquedão:


Eu torci o nariz: para mim, um carro desses tem que ter transmissão automática. Não é carro para descer a lenha e sim um carro familiar para andar com calma e só "socar a bota" de vez em quando.

Falei pro Mahar que o único full-size com transmissão manual que entraria na minha garagem seria o Bel Air ou Impala do começo dos anos 60, com o famigerado motor big block 409 e quatro marchas no assoalho. É claro que fui espinafrado (e quase defenestrado do grupo), mas acabei me lembrando que havia outro full-size americano de transmissão manual que desde criança faz parte dos meus sonhos.

O carro é um Ford Galaxie Custom 500 1971, estrela do filme norte americano "White Lightning" (no Brasil "Sob o Signo da Vingança"), lançado em 1973 e estrelado por Burt Reynolds, no papel do transportador de uísque ilegal Gator McKlusky. Na prisão, McKlusky descobre que seu irmão fora assassinado por um xerife corrupto do Arkansas.

O FBI (ciente do desejo de vingança de McKlusky) acaba fazendo um acordo com o presidiário: em troca da ajuda para prender o xerife corrupto os federais o colocam em liberdade e ainda o presenteiam com o possante Ford, equipado com um motor big-block de 7 litros e transmissão manual com trambulador Hurst, no assoalho.

O Ford 500 do filme é a antítese dos carros que até então dominavam o cenário cinematográfico da época: não tinha a esportividade do Mustang do tenente Frank Bullitt nem a pose de malvado do Charger guiado pelos malfeitores no mesmo filme. Também não desperta desejos de liberdade como o Dodge Challenger de Kowalski, nem lembra a juventude irresponsável do Ford 1932 de John Milner ou do Chevrolet 1955 de Bob Falfa.

Nada disso: o Ford lembra mais aquele Landau mal cuidado que todos nós já vimos um dia, largado em qualquer rua perto de nossas casas. Um velho sedã americano de 4 portas que poderia muito bem ser o último carro da sua vizinha de 90 anos de idade. Ou mesmo o carro do seu avô, já bem ao norte de sua fase áurea. Não é um carro de imagem, mas de substância, como pode ser visto no trecho do filme abaixo:



O fato é que essas perseguições policiais de fato existiram. Os transportadores de uísque ilegal (moonshine), fabricado em destilarias clandestinas tornaram-se famosos pelas habilidades ao volante, sendo logo chamados de "moonrunners". Em pouco tempo os moonrunners começaram a fazer apostas entre si, para ver quem era mais rápido, acabaram pegando gosto pela brincadeira e as primeiras competições foram organizadas. Não demorou muito e uma nova categoria automobilística seria criada, a Nascar.

"White Lightning" é hoje considerado um cult movie, um clássico dos anos 70 e é reprisado com certa frequência no canal TCM (Turner Classic Movies). Foi o primeiro filme a retratar o estilo de vida dos moonrunners e chegou a ter uma continuação em 1976, "Gator", primeira aparição da dupla composta pelo ator Burt Reynolds e pelo cantor country Jerry Reed, que fizeram ainda mais sucesso com a trilogia de filmes "Agarra-me se puderes".

O que poucos sabem é que o filme inspirou um filme pouco conhecido do público, "Moonrunners", de 1975. Prestem bem atenção na sinopse: a história é narrada pelo cantor country Waylon Jennings, que fala sobre o cotidiano de dois primos, Grady e Bobby Lee Hagg, que transportam uísque ilegal destilado pelo Tio Jesse no condado de Shiloh, governado pelo chefe Jake Rainey, cujo principal subordinado é o xerife Rosco Coltrane.



Roteiro e direção do filme são de autoria de Gy Waldron, baseado em fatos reais da vida de Jerry Rushing, um transportador de uísque ilegal que fazia suas entregas a bordo de um Chrysler 300D 1958 capaz de alcançar 225 km/h. O Chrysler foi batizado de "Traveler", que era o nome do cavalo favorito do General Robert E. Lee.

Para quem já sacou do que se trata, saibam que é isso mesmo: "Moonrunners" foi o precursor do seriado "The Dukes of Hazzard", também obra de Gy Waldron e igualmente narrado por Waylon Jennings. O astro principal do seriado é o "General Lee", um Dodge Charger 1969 inspirado no Chrysler 300D de Jerry Rushing.


Se vocês me perguntarem qual dos carros eu gosto mais, ficarei em dúvida: durante muitos anos fui fâ incondicional do General Lee com o Mopar 440 e transmissão automática com trambulador B&M. Mas é um carro que todo mundo quer ter, ainda mais depois que o seriado virou filme em 2005.

Como sou um cara avesso a unanimidades, vou dar o braço a torcer e concordar com o velho Mahar: viva o câmbio manual, com a alavanca espetada no assoalho. E se algum de vocês encontrar um Ford Galaxie americano 1971 de 4 portas por aí, por favor me avisem. Ele é meu!

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Um de nossos leitores, o André Andrews, perguntou quem é o Mestre Mahar citado no post "Passado e Presente".

Bem, o Mestre Mahar é o José "Mahar" Ribeiro de Rezende. Um ser sensível e romântico que ama o automóvel de uma maneira única. Além desse amor ele tem um conhecimento enciclopédico sobre tudo que tem rodas; automóveis, motos e caminhões, além de aviões e barcos, principalmente dos antigos.

Eu o conheci quando um dos integrantes do AUTOentusiastas o convidou para fazer parte do nosso grupo (fórum) na internet. Logo percebi que se tratava de uma pessoa especial, refinada nas ideias sobre o automóvel, mas ao mesmo tempo simples e generosa. Sempre dividiu seu conhecimento com paciência e muito incentivo ao entusiasmo.

Ele já trabalhou em tudo que é revista de automóveis sendo que a Motor 3 é o motivo de maior orgulho. Numa busca rápida pelo Google dá pra ver que ele contribui para os principais sites de antigomobilismo do Brasil. Atualmente anda escrevendo para as revistas Transporte Mundial, Moto e Oficina Mecânica.

Desde o início do blog AUTOentusiastas nós o convidamos para escrever aqui. Pode ser que ele se sensibilize com a insistência de alguns leitores.

A pedidos, ele nos enviou essa uma pequena grande autobiografia (que já anda pela internet). Ao ler o texto dá pra entender porque eu insisto para que ele escreva aqui nesse blog.


Cabotinice,
Ou eu sou GASOLINÔMANO

Mahar

A única razão válida para fazer isso aqui é talvez inspirar algum garoto a fazer algo diferente no pais do futebol. Mesmo arriscando o rabo ao ser classificado como exibido, gostaria de dizer aos garotos que vêm me perguntar coisas, que é valido e bom ser furiosamente apaixonado por veículos, como sempre fui. É uma coisa de não ver interesse algum em qualquer coisa que não queime gasolina, que não ronque ou faça calor.

Foi assim que comecei em 1960, lá pelos nove anos de idade. Meu pai tinha desde zero um impecável Chevrolet Styleline Sedan 1951, claro que preto e funcionando como um relógio suíço. Tratado a cotonete, em 1960 era o sonho de consumo de nossos irmãos bigodudos da praça. Eram mecânicas menos estressadas, de baixo giro, e mesmo com o conhecido sistema de lubrificação a salpico, onde o óleo é espirrado nos pés de biela, duravam muito. Não era incomum achar uns carros desse com 500.000 km só tendo tido os inevitáveis preenchimentos de metal branco no virabrequim. Mas foram exatamente essas características que me deram um trauma que explica os carros que tenho hoje em dia, o Mahalet e a Baleia Branca. Mais sobre isso adiante.

Sempre gostei de carro antigo. Há mais de 30 anos frequento o Veteran do Rio, desde os tempos da Praça do Miguel Couto. Acho firmemente que desconhecer o passado do automóvel é não ter as ferramentas para entender o presente. Essa fissura de gasolinômano orientou toda a minha vida. Sempre foi automóveis o tempo todo, com erros como ser advogado sem diploma (nunca tive saco pros estágios e OAB).

Quem já viajou comigo sabe que não tem museu, shopping ou restaurantezinho aconchegante na Rive Gauche. É museu, coleção, loja de carros ou peças, coisas de caminhão, clube náutico, autódromo, motocicleta. Tenho um bom amigo, o Sanzio, que foi pra Argentina comigo em 2004. Lá pelo décimo dia perguntou: mas é só motor? Não, a loja do Louis Vuitton e da Lancôme tão aí mesmo... E olha que ele gosta muito do tema, tem moto e vários carros estranhos.

Acho que ficou claro o nível de fissura por isso tudo. Vivi a vida inteira envolvido por essas coisas, inclusive com coisas obscuras. Uma delas é o fato de que o Barão foi pioneiro em imprensa náutica a motor no Brasil. Grande coisa, só copiei o teste técnico da Boating, já que desde priscas eras me toquei de ter de saber falar mais de uma língua pra corresponder ao vicio. Então enquanto todo mundo fugia e aprendia no ginásio só o suficiente pra passar, eu queria ler a Bíblia, a Road & Track, e naturalmente aprendi. Também falando de sexo o tempo todo...

Assim foi com mais francês, italiano e espanhol, o que me permitiu aprender tanta coisa.

Tive muitos carros. Claro que o primeiro foi um Fusquinha. Era um 68, ganho do pai numa barretada de almoço dominical do tipo você nunca vai passar no vestibular. Naquela época podia incluir no exame varias línguas e as matérias do Clássico eram humanistas, do tipo Psicologia, Sociologia e não tinha física, química ou biologia. Além disso, era possível fazer uma redação com muito valor...

Num outro domingo cheguei na frente da família toda e mostrei que não só passei como foi lá em cima na PUC e na UEG. Papai Mahar a contragosto comprou, isso em 1971: um 68 de uma vizinha com 6.000 km rodados, embora a promessa fosse de um carro zero. Mas eu preferia o modelo mais antigo e rodei 300.000 com ele. Viagens de final pra sumpa e muitos lugares, não era o Vital, mas passei a me sentir total. Foi aí que me entreguei aos encantos dos carros sobresterçantes com meus Cinturatos 155-15, minha trombinha, uma alavanca de câmbio de Karmann-Ghia e uns faróis de longo alcance. Um prazer e um conhecimento que a geração atual não tem mais, com seus carros sanitizados do tipo tudo na frente, que não exigem mais arte e sutileza para controlar. Foi uma escola.

Daí tive um JK 2150 1970. Outra escola completa, que ensinou o que era um carro europeu legal, esportivo e veloz, embora complicado e temperamental. Não é à toa que tem na Itália um ditado que diz:

Donne e motori, gioie e dolori.

Queimava junta, ameaçava pegar fogo, deu uma apodrecida rápida em um ano, mas quando funcionava era inesquecível. Seu motor me ensinou que havia uma outra espécie de vida fora dos EUA. Cheguei até a arranjar uma namorada na embaixada da Suíça por causa dele. O primo corria rali de Alfa por lá e tinha peças inacreditáveis. Foi assim que tive uma dupla Weber 40, pistões oversize pra 2.200 cm³, coletor 4x2 e 150 cavalos.

A Alfa que tinha já se foi, mas merece uma menção honrosa. Era uma Giulia Super de 1967. 1.600, dois Weber 40 e 122 cavalos para 900 quilos. Um carro que é a expressão pura do tesão automotivo. Comprei em 1980 do paulista que a comprou de Ubaldo Lolli, o chefe da equipe Alfa Romeo Corse daqui, a Jolly-Gancia do comendador Piero Gancia, famosa nos anos de ouro do automobilismo no Brasil. Parou há muito tempo e agora está com um dono amoroso e abonado para uma restauração. Mas voamos muito por esse país com ela...

O resto foi uma longa sucessão de Opalas 4 e 6 e Belinas, principalmente quando descobri a MOTOCICLETA. Um amigo trouxe do Acre uma Honda 350 72 e aprendi a andar nela junto com o Lula, seu irmão. Daí foram anos de equilíbrio instável, e um longo aprendizado de que não era necessário ter uma tonelada de lata em trono de você para ser feliz. Cheguei a andar entre os dez mais rápidos do Rio nos anos 70.

Tive moto de 73 a 92, quando a hora das contas em uma separação dolorosa impôs que o acervo de motos tivesse que ir embora. Uma Honda 500 Four braba até a alma, mais uma 750F1 e uma Kombi de peças. Foi tudo pelo ralo.



Mas ando de moto até hoje e me divirto, não com o fervor passado. Talvez seja a idade, mas hoje em dia voltei às origens e em 97 comprei um Chevrolet Fleetline coupé de 1951, uma volta em busca do tempo perdido. Com as últimas crises da Fundação, o Chevy se foi para um rapaz de Curitiba, depois de anos restaurando e alguns andando com ele. Seu potente motor 261 me deixou saudade.

O grande amor que se foi chamava-se Omega 3,0 CD 1994. Foi para um amigo depois de fazer várias viagens a Bariloche, para ver a Mil Millas da Argentina. Um rali inesquecível, entre lugares, pessoas e carros de outro mundo.

Mas ficou a Mahavan, um carro legal: Caravan L 1984 2,5 a álcool, cinco marchas. Uma suspensão bem acertada, um bom jogo de Michelins, um motorzinho esperto de 130 cv e ainda voamos pelas estradas. Como diz um amigo, riding with the King.


Sete meses já, e prometi que faria de novo... bom, aí vão algumas, para colorir a mente insone e provocar a mente curiosa:

Não, não é uma garagem perdida no interior da Itália.

Fuselage look, huh?

Sempre adorei o centro de São Paulo. Em cada portaria, em cada fachada, uma surpresa.

Pit Stop para reabastecimento


Yeah, Evil. MOPAR RULEZ!

Nada excepcional nessas duas. Só gosto das cores delas.

Cores, velocidade, um pouco de ação. Eu preciso de uma dose. Rápido, para o Egan-móvel!
A cada dia vemos mais carros com tração nas quatro rodas no trânsito das cidades asfaltadas. Quase sempre, são peixes fora d'água. Esses veículos nasceram e imploram por uma terra molhada, ou uma areia onde possam se divertir um pouco. Como tudo que é proveniente de produção em massa, procura-se atender ao uso mais frequente que o produto terá. Os pneus são um dos itens de mais fácil entendimento, quando falamos disso.
Veja nessa foto, o pneu totalmente inadequado ao barro, com os sulcos preenchidos, transformando-se em "slick", um pneu liso, como os melhores para andar em pista de corrida.
Um pneu desse tipo, aplicado a um carro com tração nas quatro rodas, pode colocar tudo a perder quando se torna necessário utilizar esse sistema, como em estradas de terra em dias de chuva, por exemplo.
Pense nisso quando for comprar pneus, avaliando o uso que será feito do veículo, tenha ele tração em apenas duas rodas ou mais.
Pneu é como sapato. Alguém já viu uma bailarina dançando de botas, ou um alpinista de sapato mocassim ?

JJ