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Em 1954, Zora Arkus-Duntov, que ficaria famoso depois como “Mr. Corvette”, estava em seu segundo ano como engenheiro na Divisão Chevrolet e ainda sonhava com a sua carreira como piloto de competição. Nos dois anos anteriores tinha participado da 24 Horas de Le Mans dirigindo Allards de seu velho empregador, Sidney.
Nesse ano, acabou sendo convidado pela Porsche para dirigir um 550 Spyder de 1,1 litro e 72 cv na famosa corrida. Como a GM andava em negociações com a Porsche a respeito de patentes de sincronizadores e suspensões independentes traseiras (a serem usadas no futuro Corvair), Zora acabou indo correr com permissão de Ed Cole, com os custos pagos pela Chevrolet e ainda recebendo os dias como trabalho. O plano era que após a corrida Zora passasse algum tempo na Porsche em Stuttgart-Zuffenhausen.
Pois bem, Zora acabou ganhando a corrida na classe 701-1.100 cm³ (talk about bragging rights), para total alegria sua e da Porsche. Como o russo era extremamente carismático e falava bem alemão, acabou desenvolvendo sólida amizade com o bigodudo e divertido Barão Huschke von Hanstein (gerente de competições da Porsche) e com Ferry Porsche Himself.
Durante a corrida, Zora tinha percebido que o comportamento em curvas do Spyder deteriorava sobremaneira quando o tanque de combustível esvaziava. Lógico, a distribuição de peso se alterava com o tanque dianteiro e motor entreeixos traseiro daquele carro levíssimo.
Zora sugeriu a Helmuth Bott (engenheiro de suspensão) alguns desenhos de barra estabilizadora dianteira para resolver o problema. Nesta época, a Porsche testava carros na rua. Já a GM usava o vasto campo de provas de Milford, que contava inclusive com “skidpad” (para quem não sabe, um círculo de concreto imenso, 200 pés (61 metros) de diâmetro onde se faz curva até o limite de aderência), e tinha zilhões de procedimentos, experiência, e principalmente, métodos de medição e comparações objetivas, vindos na maior parte de Maurice Olley, segundo Zora o homem que mais entendia de suspensão na face da Terra.
Zora apresentou tudo isso a Bott e à Porsche; arrumaram uma pista de aeroporto vazia para simular o skidpad e Zora ajustou barras estabilizadoras dianteiras de vários Porsches lá. Ensinou método, trocou experiências.
Carros transformados da água pro vinho, Zora para sempre no círculo de amizades dos cabeças da Porsche. Zora deu a Bott uma cópia do livro de seu chefe Maurice Olley, "Road Manners", e traduzido, este livro virou bíblia na Porsche. Por anos, Zora se correspondeu e trocou experiências com Bott, Barão e Ferry Porsche.
E todo Porsche, a partir do ano-modelo 1955, teve uma barra estabilizadora lá na frente....
MAO
Para saber mais:
Zora Arkus-Duntov: The Legend Behind Corvette – Jerry Burton