google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)


Volt produção



Esses dias alguns dos AUTOentusiastas tiveram uma boa discussão interna envolvendo o Chevrolet Volt e a possibilidade dele ter uma alma. Eu realmente acredito que alguns carros tem alma (veja aqui). Mas confesso que não saí da discussão completamente convencido de que o Volt é um desses. Pelo menos não antes do seu lançamento quando teremos mais elementos para julgar. Minha impressão inicial é de que toda a aura em torno do Volt é mais um grande esforço de marketing, típico da GM, para manter (alguma) chama acesa.

A discussão também envolveu alguns aspectos técnicos sobre o funcionamento do Volt e sobre a falta de emoção de um carro elétrico.

Primeiro ponto: apesar de o Volt possuir um motor a combustão, trata-se de um carro elétrico, uma vez que o motor a combustão (que pode ser a gasolina, diesel, etanol ou flex gasolina-E85, dependendo da necessidade de cada região) funciona como um gerador para carregar as baterias caso elas se esgotem no meio do caminho (o Volt percorre uma distância de apenas 65 quilômetros no modo elétrico). As baterias são carregadas normalmente a partir de corrente elétrica residencial, de 110 ou 220 volts.

Segundo ponto: na minha opinião um carro elétrico pode ser, sim, "fun to drive". Lembro-me de um teste do EV1 onde ele arrancou bem na frente de um Mustang!


No entanto a questão sobre a possível alma do Volt ficou rodeando meus pensamentos. Eu tive a oportunidade de estar na avant-première do Volt no Salão de Detroit de 2007 e portanto já tenho alguma conexão emocional com o carro. Após a discussão, principalmente com o Bill Egan, cheguei em casa e procurei o material do Volt que eu trouxe do salão (que se resume ao folheto que está anexo mais abaixo). Curioso é que este folheto estava guardado dentro do presskit do Novo Camaro Conversível (que também foi apresentado naquele salão). Nesse ponto comecei a querer acreditar que o Volt tem alma. Teria ela surgido do contato com o Camaro?




Volt Concept
 
Resolvi dar uma olhadinha no site da GM para buscar mais informações e descobri um mundo lá dentro. Tem muitos vídeos sobre tudo que a GM tem feito com depoimentos e explicações de várias personalidades e dirigentes da empresa. Os mais bacanas são os que tem a participação do Bob Lutz. Ele demonstra com simplicidade e entusiasmo o que a GM tem feito para sair da crise. Fica claro que a ênfase está em criar produtos desejados. Alguns desses produtos da nova safra pós-Mr. Lutz são: Caddy CTS sedan, coupe e wagon, Corvette ZR1, Chevy Malibu e Saturn Aura, Pontiac Solstice e Saturn Sky, Buick Enclave, GMC Acadia, Saturn Outlook e Chevy Traverse, Nova Silverado, Tahoe, Yukon e Escalade híbridos, Saab Turbo X, Opel Insignia e outros. São todos carros muito atraentes e emocionantes sob algum aspecto que refletem uma GM revigorada em termos de produtos. Isso sem contar os que ainda não chegaram, como o Camaro e o próprio Volt.


Depois de surfar na GM por quase duas horas concluí que o Volt engloba uma estratégia muito bem-definida para resgatar a posição que a GM já ocupou um dia. Acredito que agora o foco está voltado para resgatar o desejo dos consumidores e entusiastas da marca, sendo que a recuperação da liderança de mercado e da percepção positiva do consumidor pode ser alcançada através desse desejo. A GM tem os 100 anos de sua história, com tantos ícones e grandes sucessos, como seu maior diferencial sobre qualquer concorrente e principalmente os japoneses. O grande risco em tudo isso é que a GM se entusisame demais, se perca achando que está na Disneylândia e não resolva os problemas estruturais da empresa. Afinal fazer carros legais é bem mais empolgante do que negociar com os sindicatos, ou do que lidar com investidores. Mas, pelo que vi, a GM aprendeu um pouco sobre humildade e respeito aos concorrentes e está empenhada em sobreviver por pelo menos mais 100 anos.


Geralmente onde existe emoção há alma. Acho que o Volt tem tudo para ter uma grande alma.


Veja no vídeo o Bob Lutz explicando por que o Volt de produção mudou tanto em relação ao concept.

Depois de 50 anos, a Bentley vai aposentar seu potente V8, este um derivado do motor Rolls-Royce que teve origem no Bentley S2 de 6,2 litros, que depois, em 1968, foi aumentado para os atuais 6,75 (ou six and three-quarters, como é conhecido no continente europeu). Junto com ele, o modelo Arnage também será descontinuado.

Para tal evento, será lançada uma série especial de 150 carros, denominada Arnage Final Series, tido como um dos carros mais desnecessários da atualidade. Como podem achar desnecessário um sedã caríssimo, de alto luxo, com potência e torque necessários para girar o mundo ao contrário?? Esses críticos.....


Em 1954, Zora Arkus-Duntov, que ficaria famoso depois como “Mr. Corvette”, estava em seu segundo ano como engenheiro na Divisão Chevrolet e ainda sonhava com a sua carreira como piloto de competição. Nos dois anos anteriores tinha participado da 24 Horas de Le Mans dirigindo Allards de seu velho empregador, Sidney.

Nesse ano, acabou sendo convidado pela Porsche para dirigir um 550 Spyder de 1,1 litro e 72 cv na famosa corrida. Como a GM andava em negociações com a Porsche a respeito de patentes de sincronizadores e suspensões independentes traseiras (a serem usadas no futuro Corvair), Zora acabou indo correr com permissão de Ed Cole, com os custos pagos pela Chevrolet e ainda recebendo os dias como trabalho. O plano era que após a corrida Zora passasse algum tempo na Porsche em Stuttgart-Zuffenhausen.

Pois bem, Zora acabou ganhando a corrida na classe 701-1.100 cm³ (talk about bragging rights), para total alegria sua e da Porsche. Como o russo era extremamente carismático e falava bem alemão, acabou desenvolvendo sólida amizade com o bigodudo e divertido Barão Huschke von Hanstein (gerente de competições da Porsche) e com Ferry Porsche Himself.

Durante a corrida, Zora tinha percebido que o comportamento em curvas do Spyder deteriorava sobremaneira quando o tanque de combustível esvaziava. Lógico, a distribuição de peso se alterava com o tanque dianteiro e motor entreeixos traseiro daquele carro levíssimo.

Zora sugeriu a Helmuth Bott (engenheiro de suspensão) alguns desenhos de barra estabilizadora dianteira para resolver o problema. Nesta época, a Porsche testava carros na rua. Já a GM usava o vasto campo de provas de Milford, que contava inclusive com “skidpad” (para quem não sabe, um círculo de concreto imenso, 200 pés (61 metros) de diâmetro onde se faz curva até o limite de aderência), e tinha zilhões de procedimentos, experiência, e principalmente, métodos de medição e comparações objetivas, vindos na maior parte de Maurice Olley, segundo Zora o homem que mais entendia de suspensão na face da Terra.

Zora apresentou tudo isso a Bott e à Porsche; arrumaram uma pista de aeroporto vazia para simular o skidpad e Zora ajustou barras estabilizadoras dianteiras de vários Porsches lá. Ensinou método, trocou experiências.

Carros transformados da água pro vinho, Zora para sempre no círculo de amizades dos cabeças da Porsche. Zora deu a Bott uma cópia do livro de seu chefe Maurice Olley, "Road Manners", e traduzido, este livro virou bíblia na Porsche. Por anos, Zora se correspondeu e trocou experiências com Bott, Barão e Ferry Porsche.

E todo Porsche, a partir do ano-modelo 1955, teve uma barra estabilizadora lá na frente....

MAO

Para saber mais:

Zora Arkus-Duntov: The Legend Behind Corvette – Jerry Burton