google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014): rodas
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Foto: autor


Faz 10 meses que falei sobre aperto de roda e no texto comentei, como curiosidade apenas, que havia casos de porcas de roda com roscas diferentes de um lado e de outro do carro, prática relativamente comum até o final dos anos 1960. Gerou-se a maior discussão, não por haver tal diferença, mas em qual lado do carro a rosca era invertida, a chamada rosca esquerda.

Um leitor, o Alexandre Zamariolli, chegou a me mandar o texto de um manual de Rolls-Royce Corniche que divergia do que eu afirmava. Tanto que admiti meu erro e corrigi o que eu havia escrito.


Há muitos anos, um grande amigo me telefonou dizendo que ia correr na Mil Milhas numa equipe da fábrica em que trabalhava. Parabenizei-o bastante pelo entusiasmo que demonstrou e disse-lhe para ficar atento ao aperto de roda, pois muitas vezes a empolgação dos mecânicos da oficina da fábrica, num ambiente novo para eles, se esquecem de apertar as rodas. "O que é isso, Bob? Claro que isso não vai acontecer, mas obrigado assim mesmo pelo conselho", comentou o amigo, que pelo tom de voz pareceu-me um tanto indignado com a recomendação.

Passados uns dias, telefonou-me.  Contou que no primeiro treino saiu do box e na Curva 2, no traçado original de Interlagos, e a roda dianteira esquerda se foi! Entrou no retão controlando o carro sem problema, pois era a roda interna, mas já na reta foi a vez da roda dianteira direita ir embora...Claro, sem maiores consequências que o feio e raspado visual sob o carro.

Chamo isso de "Síndrome da campainha do almoço", em que na oficina o mecânico coloca as rodas, encosta os parafusos, quando toca a campainha ou sirene avisando que é hora do almoço. Ele interrompe o que estava fazendo e vai almoçar. Na volta, se esquece de dar o aperto devido. Pronto, mais uma roda que irá se soltar.


Um certo fabricante de automóveis brasileiro, há algum tempo atrás, resolveu lançar uma versão de alto desempenho de seu hatchback de entrada. Quando chegou a hora de escolher o conjunto pneu-roda, resolveu deixar a teoria de lado: como já havia três tamanhos disponíveis para aquela família de veículos, resolveu fazer testes objetivos para balizar a escolha do melhor.

As medidas disponíveis de pneus eram: 175/70 R13, 185/60 R14 e 195/50 R15. Ao contrário do que diria a sabedoria popular, os resultados deste testes foram muito esclarecedores.

Primeiro, foi descoberto que o limite de aderência em curva era equivalente entre os três conjuntos pneu-roda. E mais que isso: o comportamento quando se passava do limite de aderência era melhor no 175/70 R13. Explica-se: o pneu de perfil mais alto deslizava mais progressivamente, rolando um pouco mais antes de atingir o limite, mas avisando melhor suas intenções ao piloto. Além disso, "escorregava" mais lenta e progressivamente.

Já o maior conjunto, o 195/50 R15, de súbito perdia toda a aderência, sendo mais "duro", e era o menos controlável. O pneu de aro 14 ficava na metade do caminho entre os dois extremos.

A melhor escolha era clara: o menor conjunto. Mas como o carro acabou adotando freios maiores que o básico, acabou-se por usar o 185/60 R14 para que houvesse espaço para os discos maiores.

Fast foward
para o ano de 2009, e vemos o nosso Bob maravilhado com os dotes dinâmicos do Polo Bluemotion. Muitos estranharam, por ser o veículo dotado de pneus e rodas "pequenos demais". Mas o Bob, que não é bobo, explica a todos que pneu menor significa menos massa não-suspensa, menos inércia ao frear, melhor relação com a massa suspensa em carros do tamanho do Polo. e aderência mais que suficiente para o tamanho e desempenho do carro, mesmo com pneus de baixa resistência à rolagem, conforme a proposta de extrema economia que propõe esta versão especial.

Como podemos ver, falando-se em pneus e rodas, na maioria das vezes algo menor significa mais e melhor.

Vejam também o caso do carro de meu amigo PH, o Morcego Negro: foi comprado equipado com pneus Michelin 195/65 R15, montados em rodas de Diplomata 92, uma modificação muito comum. Mas logo ele as trocou por rodas palito de magnésio antigas, com aro 14", que apesar de causar espasmos de horror em alguns colegas engenheiros (que já validaram muitas rodas em durabilidade na indústria) pela sua óbvia margem de segurança inexistente com relação a quebras, eram levíssimas.Neste caso eu sou xiíta: aceito algo que pode quebrar por ser leve demais, e nunca aceitaria algo mais pesado "só" para ter uma margem de segurança. Mesmo em rodas. talvez especialmente em rodas, porque sei o efeito benéfico de reduzir massa não-suspensa.

Mas voltando ao velho Opala, ele se tranformou da água para o vinho: de pesado e vagaroso nos movimentos, se tornou leve ao se mover como um bailarino do municipal. Perfeito, só o offset ficou um pouco errado. Por isso tinha dito a ele que era melhor ele arrumar rodas de aço 14 originais do Opala para o Morcegão. Mas aí chegamos em outro ponto que estraga a análise objetiva, quando se fala em roda e pneu: as palito eram lindas de morrer e as de aço, bem...


Eu posso dizer que, com a idade, isto não me afeta mais; acabo de trocar as rodas de alumínio (aftermarket, Binno) que vieram em meu velho Maxima pelas originais de aço, pretas e sem calota. Minha esposa me xingou; achou o carro horrível. Mas eu sei que ganhei 1 kg por roda (pesei elas na balança de banheiro) e agora tenho certeza que a furação é perfeitamente casada com os parafuros de fixação; com a furação "universal" das rodas de alumínio, bem...vamos dizer que não é tão universal assim, a não ser que o Japão esteja fora do universo. O que bem pode ser verdade.

E por que estou contando tudo isto para vocês? Bem, porque queria que vocês meditassem um pouco sobre isto. Um bom engenheiro sabe que só existem dois motivos reais para se aumentar o diâmetro da roda : diminuir a velocidade periférica do pneu quando se atinge altas velocidades, e para criar espaço para discos de freio maiores. Agora olhem a foto abaixo, e tentem enxergar o pobre discozinho de freio:


Chega a ser ridículo. Hoje em dia, parece que queremos reverter um século de evolução do automóvel, e voltar a diâmetros de aro iguais aos utilizados no Ford modelo T. Depois do T e seus contemporâneos, que precisavam destes enormes aros para transpor as precárias estradas da época, as rodas diminuiram de diâmetro e os carros ficaram mais baixos, até que nos anos 70, com a maldita crise do petróleo e a paranoia de segurança nas estradas, os pneus e rodas começaram a crescer o diâmetro de novo, e os carros a ficaram mais altos, culminando em abortos ambulantes modernos como o CrossFox e a Idea Adventure.


O resultado é que os designers, que são mais ligados a modas que a qualquer outra coisa, começaram a desenhar carros sempre com rodas gigantescas sem espaço entre elas e os para-lamas. Como consequência, um carro pequeno moderno equipado com rodas de 14 polegadas parece ridículo, como um peru num pires de cafezinho. E lembrem-se: Opalas e Dodges usavam aro de 14 polegadas, e eram totalmente proporcionais. Há algo de muito errado aí.

O argumento de meus amigos designers é de que o empacotamento de um carro moderno exige pessoas mais em pé, com mais espaço, e portanto laterais mais altas, que arruinam as proporções do carro, obrigando os pneus maiores. Mas eu sempre os desafio a livrar-se dessas muletas e se policiarem; a usar de suas habilidades profissionais para resolver este problema e não fugir dele criando rodas que não casam com o veículo.

Mas é uma discussão inútil; a moda hoje é o que importa para vender veículos, e eles seguem a maldita cegamente. Quem contesta acaba taxado de velho, chato, maluco. O cliente quer, o cliente!!!

Ora, para mim estes clientes são todos uns idiotas. Não sei de vocês, mas se um idiota me pede algo idiota, que vá passear. Na verdade, o cliente não sabe de nada, é levado pela onda do momento. Ele quer o que todos querem, e o que todos querem vira o que se deve fazer.

Mas eu, como sou mesmo velho chato e maluco, conclamo vocês a não seguirem o rebanho feito vaquinhas rumo ao abate; a tentarem se livrar da ditadura da beleza estética fabricada em estúdios; a abraçar a beleza funcional de algo perfeito para o que se destina. A ter um carro não para mostrar aos outros, mas para lhe satisfazer ao volante. É este o Santo Graal, é isto que você realmente quer. Trust me.

MAO



O Aston Martin V12 Vantage foi apresentado por esses dias para a imprensa. Esse carro foi lançado com um V-8 e agora foi promovido a um nível mais complicado do que antes.

Provocando nosso amigo MAO, a Aston não morreu, mas concordando com ele está tudo mesmo muito parecido. Confunde até quem gosta da marca e acompanha as notícias de lançamentos e atualizações nos modelos.

Mas o que me chocou é a roda desse "novo" modelo. Opinião puramente pessoal, que coisa ridícula. Como pode uma marca perder tanto a habilidade de fazer algo agradável, e estragar um carro maravilhoso com uma porcaria dessas? Parece apenas uma roda comprada em loja de acessórios, não algo de responsabilidade de designer de fábrica. Como o David Richards deixou alguém desenhar isso e colocar em produção? Isso me fez procurar uma foto do Vanquish original, que tem uma das mais belas rodas que eu conheço. Veja as duas fotos e tire sua conclusão.

O carro em vista lateral (foto de cima) é o novo Vantage V-12, o de baixo é o velho Vanquish.