google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014): CET
Mostrando postagens com marcador CET. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador CET. Mostrar todas as postagens
SP: privilégio ao ônibus, certo, mas isso não se faz sem planejamento. (Foto: PMSP)

O Carlos Mauricio Farjoun publicou aqui dia 11 de abril passado um precioso texto sobre as faixas exclusivas para ônibus da cidade de São Paulo, e isso me estimulou a aproveitar o gancho para acrescentar mais um ponto de vista, o de quem anda de moto quase todo santo dia numa cidade grande como a capital paulista, que é meu caso. Apesar de se tratar de assunto 100% paulistano, que poderá  pouco ou nada interessar a quem não mora nesta metrópole, peço paciência aos forasteiros: no mínimo a leitura lhes servirá para reflexão sobre a loucura da civilização e as conseqüências ruins do excesso de aglomeração.  
 

Motos em SP, problema ou solução? (Foto Infomoto)

As polêmicas faixas exclusivas de ônibus são uma espécie de menina dos olhos da administração petista da capital paulista chefiada por Fernando Haddad. Na teoria o prefeito está coberto de razão, já que estimular o transporte público é o certo. Mas mesmo fazendo "o certo" ele errou, e irá para inferno por conta disso pois, como bem exposto por Farjoun e tantas outras mentes que realmente pensam, fez a coisa certa do jeito errado. Resumindo, não é apenas com um pincel e uma lata de tinta branca que promoverá justiça, quebrando o paradigma do transporte individual encampado pelas administrações anteriores com fé e determinação.



"Tráfego lento, mantenha a direita", sinalização comum nos Estados Unidos

Todos os dias nos deparamos com pessoas de comportamento estranho dirigindo nas ruas. A se considerar as quantidades de carros novos vendidos a cada dia e de novos motoristas que chegam ao comando desses carros, não se pode esperar boa coisa mesmo.

Vejo cotidianamente colegas motoristas que acham que andar na faixa da esquerda no limite de velocidade máximo permitido e não sair de lá é correto.

Ouço isso até mesmo de jornalistas experientes da rádio que trabalha 24 horas por dia falando de trânsito em São Paulo. E já ouvi mais de uma vez, e nem escuto essa rádio todos os dias, e nem durante muito tempo.

Incrível, mas desconhecem o Código de Trânsito Brasileiro, e se julgam mantenedores da lei e da ordem com essa opinião. Na verdade, estão promovendo a desobediência ao CTB.

Foto: Veja São Paulo

A recente noticia de experimentos da CET de Sâo Paulo medindo velocidades médias com intenção de nos multar ainda mais revolta qualquer pessoa que use a massa encefálica. O trabalho em prol dos cofres do município foi feito a partir das informações do sistema LAP – Leitor Automático de Placas, que além de já funcionar em pontos fixos, também pode ser instalado dentro das viaturas como o Fiat Doblò da foto acima. Cuidado com eles.

Há anos convivemos com malditas câmeras operadas por empresas terceirizadas, que ganham dinheiro com a manutenção e também com as multas. São pessoas que não são autoridades eleitas, nem responsáveis pela ordem pública, mas que ganham dinheiro com multas! Existe até uma associação nacional dessas empresas, que sabidamente mudou de nome, de Abramcet – Associação Brasileira de Monitoramento e Controle Eletrônico de Trânsito, para Abetrans – Associação Brasileira das Empresas de Engenharia de Trânsito.

Claro que o interesse em multar cada vez mais é lógico. Mais dinheiro sempre é bom, não é verdade? Essas empresas tem como objetivo ganhar dinheiro, então, nada mais lógico numa sociedade capitalista. Parênteses: se fosse comunista seria a mesma safadeza.



A foto mostra uma agente do CET multando um carro de transporte de valores que estacionou placidamente na faixa reservada aos ônibus diante do Center 3, na avenida Paulista, quase esquina com a rua Augusta, um ponto nevrálgico da capital paulista.

Eram cerca de 16h00 do dia 8 de fevereiro, uma quarta-feira, quando o carro-forte amarelo se plantou ali. Eu vinha passando a pé, rumo à estação do Metrô Consolação, e decidi parar e ver o que ia acontecer de tão absurda que me pareceu a cena. Naquele horário o trânsito já estava bastante pesado. Aliás, quando não está na Avenida Paulista? Uma picape Ranger do CET chegou em pouco tempo, talvez menos de dois minutos. Parou atrás do infrator e ligou as luzes, deu um breve toque de sirene. Eu pensei "agora o cara se manda". Mas o blindado não se moveu um milímetro. 

A picape do CET sim: saiu de trás do trambolho amarelo e estacionou logo à frente, justo onde eu estava. A agente desceu, bloco em punho, e começou a preencher a multa. Não agüentei e a abordei: "Como é isso, você o manda sair e ele não sai?". A "marronzinha" sorri, e diz que é assim todo o dia. Enquanto escreve me conta que os carros-forte param direto e reto na faixa exclusiva do ônibus, tomam multa mas não pagam. "Eu faço meu trabalho, de multar, e o motorista diz que faz o dele, que é parar assim, ordem da empresa. 
Foto: bikeabout.org



Quando criança, gostava de prestar atenção nos adultos que comandavam coisas "interessantes" na visão de um garoto de seis anos. Ficava observando os garis mexendo naquelas alavancas que comandavam a pá hidráulica do caminhão de lixo e morria de vontade de meter a mão ali. Idem quando andava de ônibus, me sentava, sempre que conseguia, no primeiro banco atrás do motorista e ficava observando ele abrir e fechar as portas com aquelas chavinhas mágicas e morria de vontade de fazer isso uma vez.

A única vez que me lembro de ter comandado algum equipamento "de adultos" foi quando, morando em São Paulo (morei só um ano lá), ao aguardar o semáforo fechar para atravessar, acompanhado de minha mãe, fiquei observando o guarda comandar a troca da luz verde para vermelha. Ele então me chamou para apertar os botões, sob sua supervisão. Não precisa dizer que achei aquilo o máximo. Não passava de uma caixinha presa no poste com um botão verde e outro vermelho, mas para um moleque de cinco anos representava muito mais que isso. De fato, ao toque de um dedo, os carros paravam. Dedo poderoso !