google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)



Raramente trabalhos paralelos nas fábricas de automóveis são levados para a linha de produção, e mais raros ainda tornam-se um sucesso. Um dos casos mais interessantes é o contado pelo MAO e o JJ no post sobre o Daytona e o Miura, um trabalho extra dos engennheiros da Lamborghini que acreditaram no sonho de um carro único e especial.

O outro carro que teve uma história parecida, mas que é tido como um fracasso, veio daquela ilha ao norte da França, onde há uma grande concentração de malucos patrióticos automobilísticos. Os anos 1970 e 1980 não foram muito produtivos para a Jaguar, integrante do grupo British Leyland, uma tentativa de salvar algumas fábricas inglesas da crise econômica da época. Nestes tempos, os carros da Jaguar eram muito pouco confiáveis (boa parte da má fama vem desta época) e a imagem da empresa estava abalada se comparada aos tempos de glória dos anos 1950 e 1960. Em 1984, a Jaguar se desprendeu do grupo e ficou vagando sem rumo pelo mercado de ações, até a futura ligação com a Ford anos depois.

No final dos anos 80, a Jaguar era um forte nome no automobilismo, em especial no endurance e em Le Mans, com seus potentes protótipos V-12 feitos em parceria com Tom Walkinshaw da TWR. Como uma proposta conceitual de um novo carro para competições, nascia o projeto XJ220, trabalho feito fora do horário de trabalho liderado pelo engenheiro-chefe Jim Randle. Randle esteve envolvido no final do desenvolvimento do E-Type e depois do cupê XJS e no sedã XJ. A proposta era um carro de alto desempenho que não apenas rivalizasse com os então atuais Ferrari 288GTO (e depois o F40) e o Porsche 959. Tendo como "alvo" o 959, o novo Jaguar deveria ter tração integral.
Fotos: Divulgação JAC


De chinês mesmo, porém, quase nada.  Ao vê-lo, lembra um Opel/Chevrolet. Imponente, com seus 4.590 mm de comprimento e entreeixos de 2.710 mm. Largo e com altura correta, 1.765 e 1.465 mm, respectivamente. Por isso, sua habitabilidade é das melhores, até e especialmente no banco traseiro. Para o motorista, tudo onde deve estar, com um bom volante de 385 mm de diâmetro e com apoio correto para os polegares. Não é exatamente um carro novo, tendo sido lançado no Salão de Pequim de 2008.

Interior bem-acertado

Só não é boa a exagerada distância entre os pedais de freio e acelerador, que faz do punta-tacco um contorcionismo de pé e tornozelo, o oposto do que ocorre no irmão menor J3 hatch e sedã (Turin). Fora isso, perfeito, até o formato da alavanca e funcionamento do câmbio manual de 5 marchas – está prevista versão automática para o final de 2013 – acertadamente sem trava de engate involuntário da ré no mesmo canal da quinta

Esta é de potência, a da velocidade máxima de 188 km/h, rotação (5.680 rpm) ligeiramente abaixo da de potência máxima, que é de 125 cv a 6.000 rpm. A 120 km/h reais o motor gira a 3.600 rpm, dentro da média dos carros 1,6-litro aqui. Poderia ser um pouco menos, mas assim quer o mercado. As relações das marchas são: 1ª 3,615:1; 2ª 2,053:1; 3ª 1,393:1; 4ª 1,031:1 e 5ª 0,837:1. Ré, 3,250:1 e diferencial, 4,294:1.

O motor estado-da-arte exceto pela injeção nos dutos


O AE esteve no Salão de Genebra, que abriu no dia 8 e terminou neste domingo (18). Esta foi a 82ª edição do salão suíço, a primeira tendo sido em 1905, por coincidência o ano de fundação da Society of Automotive Engineers (SAE) no outro lado do Atlântico, em Nova York. O automóvel começava a mostrar a sua força, a que estava vindo. A mostra se realiza no Palais des Expositions et des Congrès, abreviadamente e mais conhecido como Palexpo, que fica a  minutos do aeroporto de Genebra e de onde se tem uma espetacular vista dos Alpes suíços, nessa época do ano com bastante neve nos picos e nas fraldas. Temperaturas baixas, 0 a 2 ºC de manhã, esquentando um pouco ao longo do dia para 8 a 10 ºC.

Vista do salão 6


Muito no salão nos chamou a atenção, fora os carros. Como o mote da Opel (foto de abertura) mostrado no estande,  "Nós vivemos carros". Coisa de pessoas autoentusiastas na fábrica, como é gostoso ver coisas assim. Pena que a centenária Opel, que pertence à General Motors, esteja atravessando o pior período da sua história e seu futuro seja incerto.

Mas no estande da marca do relâmpago estava exposta a evolução da suspensão McPherson:

Mais uma evolução da suspensão McPherson



Harry C. Stutz (1876–1930), assim como o mais famoso e contemporâneo Henry Ford, era um moleque criado na fazenda que tinha aguda paixão por máquinas. Como Ford, ainda antes do século 20 aparecer, já estava construindo automóveis. Mas ao contrário de Ford, que desejava tornar a mobilidade do automóvel um direito de todo mundo, Stutz queria apenas uma coisa: Velocidade.


Desde o primeiro carro com a marca Stutz, competição era o principal objetivo da marca de Indianápolis e em seu início apenas carros de competição eram produzidos. Mas logo Harry Stutz faria talvez sua maior contribuição para a história do automóvel: para fazer algum caixa, resolve vender carros de passeio, e cria um carro que podia ser usado tanto em competições quanto nas ruas, como transporte veloz para duas pessoas apenas. Efetivamente, foi um dos criadores do que hoje convencionamos chamar de carro esporte.

O carro de Stutz era uma coisa realmente interessante: baixo, espartano, leve e com um enorme quatro em linha de 5,9 litros e 65 cv (quando um Ford modelo T tinha apenas 20 cv), e quatro válvulas por cilindro, com duplo comando. Mas não da maneira que você imaginou, no cabeçote, mas no bloco, fazendo a câmara de combustão parecer um T. Chamado de Stutz Bearcat (abaixo), o carro (corrente de 1913 a 1925) povoaria a imaginação de entusiastas mundo afora por muitas décadas adiante. Eu sei que ainda povoa a minha...Harry Stutz comanda sua empresa até 1919, quando vende o controle.