google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

Quando se fala de Toyota Corolla entre entusiastas de automóvel, muito pouca coisa boa aparece. É certo que o objetivo dos criadores do Corolla foi sempre criar uma coisa desprovida de paixão, neutra, mas que fosse reconhecida como um produto sólido, durável, e totalmente ajustado à sua função, e tal coisa desagrada a maioria das pessoas que vê mais que um meio de transporte no automóvel.
Mas a maioria das pessoas que falam mal do carro o fazem ou por puro preconceito, ou por desinformação, ou pior ainda: inveja, caso daqueles que gostariam de ter dinheiro para NÃO comprar um Corolla, e comprar outra coisa de mesmo preço. Como a imprensa "especializada" brasileira vai de mal a pior, assim segue o conhecimento das pessoas sobre o assunto.
Apesar disso, muito do que se fala mal do carro tem um fundo de verdade. O Corolla da geração anterior, carro de grande sucesso e que solidificou a imagem da Toyota no Brasil, era extremamente durável, mas nunca me agradou. Achava o motor fraco e sem vontade para andar rápido, o exterior anônimo e sem graça, o interior com uma cara de coisa ultrapassada. E a posição de dirigir me era extremamente desagradável, como em muitos carros japoneses antigos: para ficar a vontade, eram necessários braços longos e pernas curtas. Mas o carro era competente em termos gerais, e a versão perua, a Fielder, era a única opção no mercado em sua faixa, para quem gosta deste tipo de carro. E um Corolla, devido à sua solidez e durabilidade, é quase como ouro: tem um valor e uma imagem inabaláveis.
Vocês podem imaginar então que não encarei com muita animação quando o Paulo Keller declarou que iríamos de Corolla novo para o nosso passeio anual em Lindoia. Não tinha experimentado o novo ainda, mas a opinião geral de meus amigos sobre o novo carro era: "é a mesma coisa! Lesma Lerda!". Tentei argumentar que podíamos ir de Focus, mas como o Juvenal Jorge, que também ia conosco, queria experimentar o Corolla, fui voto vencido.
Conhecendo o novo Corolla
O Paulo apareceu com um Corolla GLi novinho, de 1,8 litro e automático, em cores de muito bom gosto: interior cinza clarinho em vários tons, estofamento de tecido aveludado (e não o mais comum e escorregadio couro), prateado claro por fora, e com rodas de alumínio montadas com excelentes pneus na medida 205/55 R15. Não acho o carro bonito por fora, mas é sempre agradável e leve, sem ofensas ou controvérsias em nenhuma parte dele.
Já o interior é muito bom. De novo, nada sofisticado ou futurista-modernoso como um Civic, por exemplo, mas em minha opinião muito mais agradável que ele. Que diferença do modelo anterior! Claro, arejado, e bem iluminado pelas janelas, o interior é um ótimo lugar para se passar o tempo. Todas as superfícies são cobertas por materiais agradáveis, e o acabamento é impecável.

Os instrumentos são do tipo sempre iluminados, e de uma clareza exemplar. O som original é também de qualidade muito boa, e os três tiozões no Corolla puderam viajar a Lindóia ouvindo os acordes rasgados e entusiasmados de Angus Young em volume alto, mas com uma clareza incrível. Impossível não lembrar do tempo em que tínhamos mais cabelo, eles eram todos pretos, e viajávamos em Opalas, Corcéis e Passats ouvindo as mesmas coisas. Minha filha hoje acha que AC/DC é coisa de velho, assim como eu achava que era a bossa nova que meu pai ouvia. Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais...
Abaixo do som está o módulo de controle de ventilação e ar condicionado. É uma coisa bonita de se ver, mas, como todo ar condicionado automático que já experimentei em toda minha vida, uma lástima. Para mim é claro que não foi inventado ainda um sistema melhor de controle de ventilação/ar condicionado do que três botões rotativos (temperatura, distribuição e velocidade do ventilador) e um botão liga-desliga para o ar condicionado. Estes controles automáticos nos fazem tentar adivinhar qual é a temperatura, os botões são sempre confusos, as regulagens totalmente diferentes de carro para carro, e nunca são intuitivos. É um sistema caro e sofisticado, que exige sensores de temperatura e radiação solar no painel (e as vezes em outras “zonas” do carro), mas que nunca vi funcionar melhor do que os simples três botões. Não é necessário saber a temperatura requerida para o conforto, isso é informação demais. Uma pessoa consegue regular muito mais facilmente a temperatura ideal da cabine mexendo com os três botões sempre que sente uma alteração. É ilusão achar que é possível setar uma temperatura no automático, e nunca mais mexer no aparelho; se mudam as condições externas, você vai ter que regular de novo. Tecnologia a serviço da irrelevância.
Mas nem dá para culpar o fabricante neste caso; a falha aqui é a inútil necessidade que alguns têm de ter algo “melhor”, de mostrar ao cunhado seu belíssimo ar condicionado “tomático” cheio de botõezinhos coloridos e telinhas de cristal líquido.
O espaço interno é bom, nem maior nem menor que a média da categoria. Mesmo tamanho do meu Focus.
Na estrada
Ao me ajustar no banco do motorista veio a melhor surpresa deste passeio: o carro agora regula o volante em altura e distância. Esta mudança aparentemente simples, em conjunto com a regulagem de altura do banco, transforma o carro da água para o vinho: é possível agora encontrar uma posição ergonomicamente perfeita para conduzir, mesmo com meu corpo acima da média de altura da população. O banco aperta-me um pouco mais do que acho necessário (ou agradável) na região lombar, mas no geral, bastante melhora aqui. Sempre falo que o conforto ergonômico ao dirigir é o básico em qualquer automóvel, e o Corolla agora, finalmente, tem esta antiga falha sanada.
A alavanca de mudanças da caixa automática agora é desprovida de botão de trava, porque anda em uma pista com “degraus”, como um Mercedes-Benz. A empunhadura da alavanca é também uma melhora enorme, se comparada ao carro que substitui.
Ao rodar o carro é extremamente confortável de suspensão, contribuindo com a impressão de se estar em um carro de luxo, o que sem dúvida era o objetivo de seus criadores. Mas uma coisa atrapalha para que esta sensação seja perfeita: o motor.
O motor tem fama de econômico e durável, e sobre isto não posso opinar, mas para mim deixa muito a desejar. Precisa girar para produzir alguma aceleração, e não é um motor que goste de girar. A caixa automática é ótima, suave nas trocas como poucas (as trocas com pé embaixo, saindo de pedágio, por exemplo, são incrivelmente rápidas e sem tranco algum), mas o carro pede encarecidamente um motor maior e mais suave, talvez um bom V-6 de pelo menos dois litros e meio, para que a sensação de luxo desejada seja completa. Como está, o motor fica lá lutando com o peso, mostrando-se presente de uma forma intrusiva para um carro deste tipo. A isolação de ruídos está muito boa, mas sente-se e ouve-se o motor. Este carro é confortável e macio como uma cama king-size com lençóis de seda, mas o motor o faz meio cheio de trancos e asperezas indesejáveis, atrapalhando um pouco a experiência.
Não há nada teoricamente errado com este motor, uma unidade de duplo comando para as 16 válvulas e 136 cv a 6.000 rpm, e desconfio até que num carro de menor preço seria até uma coisa muito boa. Mas certamente não combina com a atmosfera de luxo, e com o peso e preço do Corolla.
Quem sabe o novo dois litros melhorou este aspecto? Particularmente me incomoda que este Corolla que dirigi custe aproximadamente 70 mil reais e não tenha pelo menos um V-6 pequeno, quanto mais esse dois-litros de 90 mil... Mas, preço de lado, tenho curiosidade em saber como é esta versão.
Na estrada o comportamento é exemplar para uma suspensão tão macia e confortável, a aderência em curvas fechadas é sensacional, e é quase neutro, sem substerço exagerado. A direção é razoavelmente precisa e leve, embora, de novo, não tão boa como a minha referência desta categoria, o Focus de primeira geração. Mas a velocidades realmente altas, a partir de certo ponto, muda completamente: a direção fica leve e desconectada, a traseira balança um pouco. Nada inseguro ou preocupante, mas perceptível. Desconfio de algum efeito aerodinâmico, pois começa a partir de uma velocidade, exatamente. E não me perguntem qual velocidade é essa; trata-se de uma pergunta tão indiscreta quanto pedir detalhes completos do ato sexual para alguém com uma nova namoradinha. Basta saber que é bem alta, fora da faixa de uso normal da população.
O motor, apesar de intrusivo, confere bom desempenho ao carro, subjetivamente parecido ao do meu novo/velho Focus Rocam flex. Olhando a relação peso-potência, vemos pequena vantagem para o Corolla (9,4 kg/cv contra 10,5 kg/cv do Focus), mas subjetivamente eu diria o contrário.
De novo, alguém poderia dizer que anda pouco pelo preço, mas não é este o ponto. Corollas não são comprados por desempenho, nem capacidade de fazer curvas, apesar de, na verdade, serem perfeitamente aceitáveis em ambas as contas.
Não é um carro que gosta e pede para ser guiado como um carro de corrida, como é o meu Focus. Mas não deixa de ser agradabilíssimo. É apenas diferente, laranjas e bananas... “Agradável” é o adjetivo recorrente neste post, e descreve muito bem o carro. O que antes era esquecível, agora é um carro realmente muito bom, ainda que não perfeito ou entusiasmante. Eu gostei bastante, na verdade, e agora acho uma opção bem viável para o dia-a-dia. Que diferença faz um interior bem executado!
E o carro é o ambiente perfeito para um trio de tiozinhos passarem o tempo ouvindo música fora de moda a um volume alto demais, e conversando besteiras, feito adolescentes que escaparam para a estrada. Mesmo que a adolescência deles tenha acabado na década de 80...
MAO
Fotos: divulgação

Na deliciosa feirinha de carros de Lindóia, olhem o que encontro: um NSU Prinz TT, o carro de onde saiu o motor da Münch Mammut, sobre qual falamos há pouco tempo atrás. Adoro esta feirinha, ela e a feira de pulgas para mim são melhores que a exposição de carros em si, e são os principais motivos para ir até a cidade no lotado feriado do encontro.

O NSU à venda era uma réplica pefeita de um carro de rali dos anos 60, com interior depenado, santantônio, e sem para-choques. Me faz pensar se não é um esquema inteligente para contornar o fato de que as peças originais de acabamento serem dificílimas de achar...


Mas, de qualquer forma, o carrinho está lindo. Minúsculo, com as rodinhas traseiras com cambagem negativa, e aquele pequeno mas disposto quatro em linha OHC transversal refrigerado a ar lá atrás, deve ser uma delícia de dirigir.


E parece um Corvair em miniatura, quase uma versão para crianças...

MAO


Fotos: Juvenal Jorge

Mais algumas imagens interessantes da corrida de Castellet da Le Mans Series. Acima o Spyker da categoria GT tomando volta do Audi diesel.


No caso dos carros GT, notamos que há poucas aberturas (entradas de ar) na carroceria, diferente dos protótipos, todos recortados e estilosos. Isso é normal, pois em um carro GT como o 430 e o 911 da foto, muitas aberturas só geram arrasto, pois a parte interna dos carros GT não é projetada para otimizar fluxo de ar. As aberturas são projetadas de acordo com a necessidade de ar a ser captado, tanto para radiadores, qiamto para refrigeração de freios.
Mas podemos pensar no seguinte: se há poucas aberturas, o carro fica mais com cara de "parede", certo? Sim, de certa forma isto está correto, mas por outro lado, esta "parede" é modelada para que o ar passe por ela da forma mais suave possível, e em locais que não é possível ter uma forma aerodinâmica para reduzir arrasto, os engenheiros criam formas de se aproveitar essas "paredes" para extrair mais downforce, ou aprimorar o escoamento de ar para partes críticas, como retirar o ar quente de trás dos radiadores.
Os protótipos, de alguns anos para cá, passaram a usar o centro do assoalho mais alto, bem visível no Audi R15+ e no Peugeot 908. Assim, o direcionamento do ar por baixo do carro gera um efeito de alteração da sua velocidade, e como o assoalho é todo trabalhado, com aletas, dutos e direcionadores de ar, os engenheiros conseguem aproveitar o máximo da aerodinâmica.
No caso do Audi é mais visível a preocupação com o que agora chamam de "fluxo interno de ar", que seriam as aberturas na carroceria, entre o assoalho e o topo da carroceria. Juntamente com o assoalho, este fluxo é atualmente o grande segredo da boa performance destes carros, pois um projeto bem realizado permite elevar o downforce sem gerar muito arrasto aerodinâmico, o grande vilão da velocidade máxima.
Vemos que a carroceria do 908 não é apenas uma simples cobertura da estrutura mecânica, contínua e fechada. Logo atrás da roda dianteira vemos a divisão do para-lama para o núcleo central do carro. Por esta passagem passa o ar admitido pelo bico do carro, canalizado por ali para trabalhar em conjunto com a aerodinâmica do assoalho e gerar o máximo de downforce possível com o mínimo arrasto colateral.
A terminação da carroceria também é bem elaborada, com praticamente toda a traseira aberta para permitir fluxo de ar da região do cofre do motor, trabalhando em conjunto com o extrator e o aerofólio traseiro. Nota-se que a carroceria não termina suave e contínua, mas sim abruptamente e dobrada para cima. É na verdade um "flap Gurney" em toda sua extensão, que gera perturbação no escoamento do ar e altera as zonas de pressão, e assim é possível também gerar downforce com pouco arrasto.
MB

Ao ler o último post do Paulo Keller eu acabei me lembrando que a Pontiac chegou a gravar alguns comerciais com um tigre para a campanha publicitária do GTO 1965.

Em 1966 o tigre estava de volta, com o slogan "The Tiger Scores Again!". Vale a pena curtir os comerciais, retrato de uma época em que as mulheres preferiam grandes conversíveis.

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