google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)
Vocês com certeza não sabem disso, mas o nosso Egan é completa e irremediavelmente doente. É proprietário de muito mais veículos do que poderia manter, mas sempre consegue de alguma forma não só mantê-los, como também fazê-lo sem dispensar sua dieta diária de junk-food.

Como se não bastasse, passa todo tempo livre que consegue fuçando novas ofertas na net. Toda vez que acha algo interessante, me manda um link, esperando alguma simpatia desta alma também profundamente perturbada.

Na maioria das vezes esses links revolvem em torno ao lixo europeu cheio de carisma que todos amamos e que tanto apetece meu amigo abilolado: Alfas e qualquer coisa inglesa com alguma vocação esportiva.

Mas ontem me mandou algo que me deixou parado catatônico olhando a tela do micro:



Tudo é perfeito neste carro, o estado, o sofazão com a transmissão automática na coluna, o raro e infelizmente de vida curta seis-em-linha com comando no cabeçote da Pontiac. E esta carroceria é para mim uma das mais belas já criadas.

O Tempest com o seis em linha OHC foi uma tentativa da Pontiac de empurrar a filosofia do "Less is more" nos anos 60; o seis em linha fazia o carro suficientemente veloz, e mais leve, econômico e mais importante: mais equilibrado dinamicamente que os pesadíssimos V-8 então em voga.

Foi um completo fracasso por motivos óbvios: nos anos 60, quanto maior o V-8, melhor para as vendas e imagem do carro. O povo queria mesmo um "little GTO" , com um grande motor.

Mas este carro anunciado é de sonhar acordado: perfeito, inteiro, original, lindo de morrer, e por apenas 13.500 dólares... Algum colecionador com mais dinheiro do que eu quer fazer o favor de comprar isso? No ano em que morre a Pontiac, nada mais emblemático que comprar um Tempest OHC.

Sei que vou sonhar com ele por muito tempo ainda.



Para quem quiser ver o anúncio completo, siga este link: http://seattle.craigslist.org/see/cto/1235639567.html

MAO

Quem achava que poderia ser apenas um blefe na época de crise e críticas, pode mudar de opinião a partir de agora. As agências de informação e os sites de notícias automobilísticas começaram a divulgar fotos sobre um grande acontecimento para quem aprecia os produtos e torce pelo sucesso da General Motors.
Já estão sendo montados os Chevrolet Volt em pré-produção, ou seja, corrida-piloto para usar o termo certo. Pelo detalhes visíveis nas imagens, ainda não são carros para venda ao cliente, mas que a coisa toda está caminhando, não temos dúvidas. Isso nos deixa mais felizes, depois de todas as desgraças que lemos nos últimos tempos sobre a grande GM. E serve sempre como lição, para entendermos que crises chegam e provocam mudanças. O grande segredo é saber se antecipar a elas.
Talvez o item tempo seja o menos entendido pela imprensa em geral, e também pela especializada, quando se trata de automóveis. Nada pode ser feito reativamente e sem planejamento, apenas atendendo a críticas de jornalistas ou de público, e esperar sucesso disto. O Volt não nasceu no meio da crise financeira de setembro de 2008, ele é bem anterior.
Portanto, escrevendo genericamente, cuidado com as notícias bombásticas sobre "segredos" que os jornais e revistas divulgam. Muitas vezes, a novidade não é tão atual, não é para o Brasil, ou a confusão de modelos, arquiteturas e marcas de um mesmo grupo deveria fazer a notícia ir para a seção comédia do meio de mídia.
JJ



Ikenga Mk I com o criador, David Gittins, 1967.

O Ikenga é um carro cujo nome ficou gravado em minha mente desde uma foto que vi na revista Manchete, no longínquo 1969. Dizia a pequena notícia que o carro tinha o nome de um lendário monstro africano. Claro que monstros estão entre as preferências máximas dos meninos pequenos, e talvez por isso, não esqueci mais do sonoro nome. Decidi agora procurar algo mais sobre o carro que nunca esqueci, e encontrei essas poucas fotos, além de descobrir que não foi apenas um carro, mas uma sequência de três, todos feitos sobre o mesmo chassis e mecânica. Além disso, Ikenga não é um monstro.

O designer e fotógrafo David Gittens, americano de origem africana, homenageou um deus do povo que fala a língua Igbo, da Nigéria, cujo significado para eles é "a força criativa vital do homem". Seu trabalho foi desenvolvido em Londres, em uma empresa que organizou e batizou de Ikenga GT Motorcars, cujo site está aqui.

Gittins é praticamente desconhecido no atual universo dos carros, mas essas suas obras não poderiam passar sem o registro em nosso blog, que preza pela cultura automobilística antes de tudo. Ele não se dedicava apenas a automóveis, havendo também um girocóptero com o mesmo nome, e outras criações diversas.

O mais notável desses carros era a aparência de carro do futuro, ao menos como se enxergava o futuro na década de 60. Linhas muito simples e aerodinâmicas, notadamente o terceiro protótipo. Os três carros foram feitos a partir de um mesmo McLaren MkI, com mecânica Rover V-8 de 3,5 litros, bloco e cabeçote de liga de alumínio, um motor conhecido por ter origem Buick, e ser aplicado primeiramente nos Rover, e depois nos Land Rover e em muitos esportivos ingleses.

Ao final, a altura dos carros não ultrapassava 39 polegadas, uma a menos que o Ford GT40, o que dá uma idéia de quão compacto era, e a massa de aproximadamente 1.800 libras, ou 820 kg. A execução física ficou a cargo de Charlie Williams, um artesão inglês renomado, que escolheu o alumínio para dar vida aos modelos e desenhos de Gittins.

Para não chamar atenção apenas pelo estilo, os carros adotaram alguns itens de tecnologia que eram muito novos à época. Havia câmera para retrovisão, sistema eletrônico de aviso de proximidade de colisão, e sensores de proximidade por ultra-som para estacionamento. Além disso, faróis de lâmpadas fluorescentes para dirigir na cidade, e um item muito curioso e que nos deixa ávidos por uma foto noturna: o Mk I tinha pintura refletiva na carroceria.

No Mk II foi adotado um volante escamoteável para facilitar entrada e saída do motorista, além de forro de teto fosforescente para iluminar o interior do carro à noite, com uma luminosidade que pode ser chamada de futurística. Após a construção do Mk II, Charlie Williams faleceu de ataque cardíaco, e David Gittens foi auxiliado pelo engenheiro, piloto e designer de carros de Fórmula 2, Roger Nathan, que já fazia parte da equipe.

Dessa forma, conseguiram construir o Ikenga GT Mk III em 1969, chegando a expô-lo nos salões de Paris e Turin, e tendo sido apresentado em um programa de televisão da BBC, o Tomorrow's World.

Após as exibições, o Ikenga foi exposto por um tempo na ilha de Man, no Manx Motor Museum e há informação sobre ter sido leiloado em 1998 em Londres . A atual localização do Ikenga não é conhecida, a aí está uma curiosa pesquisa a ser feita por algum amigo leitor.

Sem dúvida, é muito bom ter pequenas lembranças de infância.

JJ

abaixo, o Mk II, de 1968


















o último, Mk III, de 1969


Ontem, numa rua aqui do bairro onde moro, chovia fino e um motocicilista precisou frear forte devido a um carro que cruzou à sua frente, saindo de uma transversal. A moto dançou de traseira e por muito pouco não houve um acidente. Esse cara usou só freio traseiro, pensei.

Adiante, o sinal fechou e lhe sinalizei que se aproximasse e parasse ao meu lado, o que ele logo entendeu.

Perguntei se no lance do quase ele havia usado só o freio traseiro e ele disse que sim. Então, ali, enquanto o verde não vinha, expliquei-lhe a maior eficiência do freio dianteiro, que ele treinasse num local ermo, e também que só com garupa é que ele poderia usar mais força de frenagem atrás. Antes que o sinal abrisse eu lhe disse que ficaria surpreso com a melhor frenagem da moto.

Foi a minha boa ação do dia. Uma aula teórica na rua.

BS