google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

Sim, sim, não é Autoshow e sim, Salão do Automóvel. E não, não repetirei (muito) aqui o que o MAO disse uns dias atrás, após nossa visita àquele inferninho.

O fato é que ontem, depois de sair do trabalho, não resisti e voltei ao pavilhão, dessa vez acompanhado do sumido Belli, também colunista por aqui. Voltei, and this time with a vengeance. Mesmo decepcionado com as poucas novidades, estandes fracos (para ser polido e não dizer ruins - Hey, GM, Chrysler and Toyota, yeah, I´m looking at you...) e o calor e a bagunça, voltei, pois tinha esquecido, ignorado, ou talvez bebido one too many chope, alguns carros, e vários deles importantes. Não para mim, mas para meu day-job. Justamente o que devia ter feito naquele primeiro dia e não fiz.

Ok, dizendo a verdade, também voltei pelo belo e muito bem equipado estande da Ford Models, onde pude ver que aproveitaram a ligação do nome e expuseram alguns veículos da marca americana.

Mas vamos às constatações, que são algo deveras tristes:

A internet definitivamente está acabando com a graça do "Salão" e todo o conceito por trás dele. Quando eu era garoto (not a long time ago), eu ia ao Salão e sempre via alguma novidade, algo especial, algo que eu lembrava pelo resto do mês (ou do ano!). Lembro de carros nem tão especiais, mas que me marcaram pelo fator novidade. E dessa vez, nada. Quero dizer, nada de novo, já tinha visto tudo na telinha do meu notebook, deitado no conforto da minha cama. Uma pena. Uma tristeza. Mais uma vítima do progresso.

Idiotas espalhados pelo Salão. Sim, Idiotas. Desculpem pela franqueza, mas que raios de pessoa vai ao Salão para tirar uma foto sua, com seu próprio celular, held at an arm´s length (e o braço lá, visível na foto, exposta no Orkut com todo orgulho), "ao lado" de um Ferrari num cercadinho a 10 ou 15 metros de distância? Ou pior, falando baboseiras da pior espécie para as meninas ao lado dos carros? Depois reclamam de que elas estão de mal-humor... tsc tsc... Fora outros tantos comportamentos deploráveis e que geram coisas existentes só em nossa terra...

As meninas realmente são maravilhosas. Todas. Algumas mais, outras menos. Umas para se levar pra casa, outras pra exibir pros amigos, outras para....Melhor deixar pra lá, depois do papo do MAO esse blog anda ficando meio sujo. Mas todas de uma beleza comum, apelando para artifícios nada elegantes e roupas diretamente proporcionais ao budget ou à área do estande das companhias que representam. Sim, sim, muito agradável, mas há lugares menos cheios, com menos marmanjos tirando fotos, mais confortáveis (e alguns bem mais baratos, pra não dizer melhor localizados) para ver cenas semelhantes (por favor, não me entendam mal - não insinuo nada sobre as meninas, mas sim sobre a exploração de tudo isso).

E não vou dizer aqui que não volto lá jamais. Daqui a dois anos tem mais, e mais fila, mais trânsito, mais risadas, e mais jantar bom e merecido na saída.

Ah, e fiquem antenados, amanhã ou depois estreio um pequeno quadrinho, cópia de uma ótima revista que assino. É cópia descarada mesmo: "The AutoEntusiastas trophy of the car we´d most like to drive", concedido a cada evento que visitaremos.



...que a personagem Sally no desenho obra-prima "Carros" era um 911!!! E que menina! O Lightning McQueen só podia mesmo se apaixonar por ela.
Toda vez que a vejo, algo acontece comigo. Mesmo objetivamente, como todo carro, há o que se admirar: aço, borracha, alumínio, vidro, plástico e couro habilmente transformados por incontáveis mãos e incontáveis máquinas em uma máquina de transporte extremamente eficiente. Mas, nesse caso, as mãos alemãs que a criaram o fizeram com cuidado extra; as cabeças que a pensaram o fizeram de forma exepcional.
Mas ela é mais que isso. Ela é mais que uma inerte máquina. Odeio este clichê, mas para mim ela tem contornos humanos.

E os contornos são de uma menina. Uma menina linda e simpática, daquelas que iluminam qualquer lugar; que apesar de não mais tão jovem, é bela na companhia de belas. E quando a vejo, parece que ela se ilumina, que se inquieta. Se inquieta porque, tristemente, a menina é sozinha. Não por falta de companhia; outras máquinas sempre estão por perto; mas por falta de calor humano. Sozinha em seu galpão ao meio de paquidermes, a bela repousa esperando o dia em que novamente possa gritar a plenos pulmões, sentir o vento, sentir o sol e a chuva, enquanto aconchega dentro de si seu amante. Você quer acabar com o sentimento de carência afetiva que emana dela, você quer tirá-la dali e levá-la a uma vida cheia de carinhos diários.

E ela quer ir às vias de fato. Quer desesperadamente. Não tem pudores nem reservas, não tem fidelidade a ninguém; permite que qualquer um que saiba fazê-lo se refastelar. Mas o atual amante não é tão permissivo. Enquanto ele não está por perto, ela se assanha para o meu lado, permite um pouco de contato físico, deixa passar a mão, mexer, fuçar, tudo menos o que interessa.

Alguns saciariam-se só em levá-la às vias de fato. Eu não, eu quero mais. Eu quero ela só para mim. Eu quero fazê-la feliz, quero fazer cafuné toda manhã, quero levar a família para passear.

A menina se chama Porsche 911 72, dourado. E ela me ama. Eu amo ela. Ela mora em um galpão em São Paulo, junto com várias outras raridades. É extremamente bem cuidada, na verdade, mas quando se tem uma família grande, é difícil se ter tempo sozinho com qualquer um dos membros dela. Minha família é pequena e tem vaga sobrando.

Ela parece um ovni no meio de gigantes americanos. Pequena, baixa, leve. Senta-se bem no meio do carro, e o motor, um cacofônico e levíssimo dry-sumped flat-6 refrigerado a ar soa áspero, irascível, nervoso. Dois carburadores triplos aspiram vigorosamente. O couro de seus bancos está macio de uso, perfeito, e os bancos te aconchegam e te convidam a explorá-la. Pedais pivotados no assoalho, chave do lado errado, conta-giros na sua frente em um painel que de tão famoso parece familiar desde o primeiro dia. Rodas Fuchs, forjadas em alumínio. Dois bocais de abastecimento, um para gasolina, o outro de óleo, para o cárter seco. Lugar para meus filhos pequenos atrás ou razoavel bagagem.

Ao volante, tenho certeza que pude ouvir seus clamores. Vem, vem, liga, vamos andar, vamos, acelera, meu bem. Vamos, você nunca mais será o mesmo depois de andarmos de lado, vem, meu amor, me experimenta...

Vadia! É melhor ignorá-la, é melhor ir embora, é melhor acabar com o sofrimento.

Ela vive num mundo diferente do meu. Nosso amor é impossível. Ela é Julieta, eu sou Romeu.

Tivemos um belo campeonato de Fórmula 1, encerrado ontem. Motores BMW, Ferrari, Honda, Mercedes, Renault e Toyota brigando entre si. Imagine-se o que será a F-1 se a idéia de um motor igual para todas as equipes vingar!

Embora haja certa semelhança entre corridas de cavalos e corridas de automóveis - um jóquei monta e um piloto se senta - cavalos têm de ser necessariamente da mesma marca e modelo, mas carros, não. Tem de haver diversidade mecânica, ou não tem graça.

Se a monomarca de motor vier, eu sou um que fora. Prefiro corrida de cavalo - pelo menos há a emoção da aposta.