Velocidade. Coragem. Estabilidade. A emoção de levar um carro esporte leve e baixo a seus limites. Cento e sessenta quilômetros por hora.
Hoje em dia parece incrível que tais coisas sejam publicadas, mas em 1964 a Willys-Overland do Brasil fazia questão de dizer exatamente a que vinha seu incrível esportivo de 540 kg.
Me parece mais incrível é que não existam mais esportivos de verdade produzidos no Brasil, pelo menos nos grandes fabricantes. Resta apenas a valente Lobini (sem contar os replicadores). E mais incrível ainda é um carro pesar 540 kg. Coisas de um tempo em que carros eram feitos para desviar de uma barreira sólida, e não enfrentá-la.
Mas, se em mil novecentos e sessenta e quatro 160 km/h era algo possível de se mencionar em propaganda, em 2010 todo mundo acha isso uma velocidade impossivelmente alta e ilegal, que provavelmente desintegrará imediatamente qualquer carro que a tente, e portanto mencioná-la é tabu.
Ó admirável mundo novo...
MAO
É, MAO... eram mesmo outros tempos. Tempos em que a propaganda do Gordini, primo pobre da Berlineta, dizia que o carro "é de briga" com seus "40 hp de emoção".
ResponderExcluirAmpliando esse anúncio, dá pra ver que a potência é indicada como modestíssimos 53 hp. Engraçado: na minha lembrança, o motor da Berlineta tinha 70 hp. Vai ver que tem mais verdade nessa propaganda do que eu imaginava...
Aliás, vale à pena ler o texto inteiro. É poesia pura: quase todas as frases não têm verbo, algumas sào formadas de uma só palavra. E o texto termina com uma definição lapidar: "torpedo para competições".
Pra ficar ainda melhor, só mesmo na locução empostada de um daqueles locutores da antiga Rádio Eldorado, que eu ouvia imaginando que o cara estava de smoking ou pelo menos de terno.
O mundo está mesmo acabando. Não se ensina mais os condutores a dirigir. Os ensinam a passar no teste de transito e o condutor que se vire.
ResponderExcluir160km/h é sim administravel quando bem estruturada é a pista.
Quem dera fossesmos instruidos a realmente dirigir e evitar acidentes ao inves de comprarmos veículos baseados também no critério de segurança como airbag duplo mínimo e ABS. Como se um carro com esses equipamentos fosse 100% seguro.
Que tolice.
MAO, excelente!
ResponderExcluirCurioso o ponto de vista da época: "Grande distância entre-eixos" (2.100 mm, mesma do 356). Um Twingo tem 2.345 mm, e sabemos o tamanho dele.
abs,
É uma lastima não termos mais esportivos no Brasil, de grandes fabricantes. Nunca antes na história desse país se andou tão velozmente, com perebinhas 1.0 a 150km/h conduzidas por motoristas que dirigem com uma mão só às 12h porque é "mais bonito".
ResponderExcluirMas também nunca antes na história desse país tivemos tão maus motoristas e péssimos carros pra apreciadores do verdadeiro prazer de dirigir.
Que voltem os esportivos de fábrica. Quantas versões GSi, GTI, SS, RS, ST, Abarth, R, Si, poderíamos ter?
O Tio da minha noiva tem um Interlagos, o carro dele foi alterado e colocado mecânica VW a ar especialmente feita pelo meu sogro que a vida inteira preparou estes motores, é um VW a ar com 1.800 cc. com comando Eagle alimentado por um Weber 40, o carro teve sua carroceria alargada e foi colocado pneus largos, é indescritivel a sensação de dirigi-lo, é sensacional, sensação que não existe e provavelmente não existirá em nenhum esportivo nacional da atualidade :(
ResponderExcluirValente Lobini?
ResponderExcluirMas onde está o Lobini?
Não se tem notícia de produção, nem novos lançamentos.
Deve ser uma fábrica fantasma!
O contexto de carro esportivo na verdade pode ter muitas variantes; se o carro foi construído para o propósito de performance pura, se é um legítimo GT e não um "civil" travestido e mais potente. Nesse caso, se o critério for muito restrito mesmo, o Lobini é o carro esportivo por definição, e não seria de hoje que esse tipo de carro não é mais fabricado no Brasil.
ResponderExcluirNa verdade, pelas grandes fábricas nacionais - com exceção do modelo acima e do SP2 - nunca existiu um carro esportivo legítimo seriado.
Vamos ser honestos: o Lobini H1 é pouco esportivo pelo dinheiro que cobra.
ResponderExcluirAquele 1.8 Turbo me parece inadequado, apesar de eu desconhecer os motivos que levaram à escolha (certamente a rede autorizada VW).
Hoje com motores Toyota (Lotus) e Honda (Ariel) produzidos no Brasil, já era tempo de testarem algo diferente no modelo.
E resolver aquele estilo kitsch do H1.
O Lobini H1 está em produção, mas basicamente por encomenda.
ResponderExcluirO preço elevado é função do custo de fabricação artesanal e mecânica importada.
abs
Hoje em dia reina a hipocrisia:
ResponderExcluirAutoridades: não liberam velocidades maiores e enchem de radares, mas não fiscalizam de verdade, com o "policial rodoviário" na estrada, com seu inseparável binóculo...
Pessoas: todos criticam alta velocidade, mas digirem rápido e muito mal. A lei do "faça o que eu falo não o que faço".
O mundo tem altos e baixos, adivinhem em que direção estamos rumando? :D
Como usuario permanente de uma estrada considerada de primeiro mundo (Imigrantes)vejo cada barbaridade cometida pelos "pilotos" de possantes 1.0, absolutamente indescritíveis.
ResponderExcluirA uns 2 anos tive oportunidade de descer a serra montado numa Interlagos, recém restaurada, só desfilando, e não tinha quem não olhasse, até fotos tiravam.
Realmente mercado para uma máquina esportiva "mansa" existe, mas dá um trabaaaalho pras fabricas né não?
Pra que?
Paulo Levi,
ResponderExcluirDiz Bob Sharp:
"O Interlagos saía de fábrica com motor de 845 cm³ (58 mm de diâmetro x 80 mm de curso) e 53 hp, potência SAE bruta. Sua potência líquida era 42 cv. Era o mesmo motor do Renault 1093, que curiosamente tinha taxa de compressão de 9,3:1. Era uma taxa bem alta para a época, tanto que só podia funcionar com a gasolina de maior octanagem da época, a gasolina azul de 95 octanas RON, a mesma da comum/comum aditivada de hoje. O motor de "40 hp de emoção" era do Gordini, também de 845 cm³, mas essa potência era bruta; a líquida era 32 cv. O motor de 70 cv era o aumentado para 998 cm³ por meio de cilindros de 63 mm de diâmetro. Era usado mais em competição, embora muitos donos de Gordini, 1093 e Interlagos mandassem modificar os motores para uso de rua."
MAO
O Interlagos é um carro mto show, quem teve a oportunidade de dirigir um sabe o que eu estou falando, sobre os carros esportivos nacionais dos dias de hoje, devemos lembrar do assalto praticado pelas seguradoras, pois basta o carro levar um adesivo "sport" e uma saia plástica lateral que o carro é enquadrado como esportivo e o seguro vai lá para as alturas, desta maneira o carro "esportivo" acaba virando mico de mercado :(
ResponderExcluirEu queria ver o Bitu andando de Interlagos.. eheheh
ResponderExcluirNão sabia que o carro pesava só 500 e poucos kg, impressionante!
Como diz um ex colega de trabalho, o auge da civilização humana já passou, e nem preciso dizer quando foi né?
West
ResponderExcluirSabe esse Puma GTE que você tem (ou tinha) na garagem? Pois é, andar no Interlagos é igualmente claustrofóbico.
Ainda estou esperando aquele presente que você trouxe das terras teutônicas. Mal posso esperar.
FB
MAO (e Bob), obrigado pelos esclarecimentos. Então quer dizer que os alardeados 36 hp do Dauphine deviam estar na casa dos 20 e tantos, na realidade. Mesmo para um motor de 845 cm. cúbicos, é uma potência específica absurdamente baixa, quando se pensa que qualquer 1.0 moderno está na faixa dos 60-70 hp.
ResponderExcluir"Veículos para gente môça". Ui!
ResponderExcluirPaulo Levi,
ResponderExcluirA quatro rodas testou um de 1,0 litro e 70cv: 160 km/h de final.
Verdade na propaganda MESMO...
MAO
Veículo de estética insuperável, e com uma ótima qualidade construtiva da sua carroceria.
ResponderExcluirAlém do 845cc e do 998cc, havia também, pelo menos em catálogo, um motor 904cc (60mm x 80mm).
Como disse o Mao, com seu peso reduzido, mesmo com esses motorzinhos ele não fazia feio.
Na França tiveram a sorte de ter logo depois de seu lançamento um motor e um cambio maiores, e o veículo foi evoluindo, chegou ao topo com os 1600S.
Andar na berlineta a 100km/h, dentro daquela caixa harmonica formada pela seu minusculo habitáculo em fibra, estando um palmo abaixo do centro roda dos caminhões, bem, dá a impressão de estar a uns 300... Bom demais!
Caramba, e na propaganda da Tucson o palhaço diz que o carro é bom porque passa em alagamentos, etc...
ResponderExcluirComo as coisas mudam1
Abraço
Lucas
Tive um 1093 que andava muito bem, mas em seis meses lá se foram a caixa de satélites e os anéis. Mandei colocar o kit 1000 (não sei qual dos dois) e era uma junta de cabeçote por mês, a parede entre os cilindros era fina e a junta tinha que ser estreita. Alguém me arrumou uma junta francesa e ficou bom.
ResponderExcluirUm dia estou andanco na Cidade universitária e vejo pelo retrovisor a roda traseira esquerda saindo e o carro perdendo aceleração, a ponta de eixo saiu com roda e tudo, mas não chegou a cair no chão, a roda ficou meio metro fora do carro. De novo me arrumaram uma ponta de eixo francesa e ficou bom de novo, mas foi a gota dágua, vendi a josta.
Esses carros eram uma porcaria, mas eram divertidos e para a época andavam muito bem quando andavam.
RZ
ResponderExcluirCada vez mais começo a ecreditar que pra trabalhar na indústria automobilística, o caboclo tem que ter um mínimo de sem-vergonhice (principalmente na brasileira), pra não dizer outra coisa.
Sobre o Interlagos, que carrinho maravilhoso.
Que tal isto?
http://ebtech.com.br/projeto-A111S.php
É o meu atual papel de parede!
ResponderExcluirAcho que não preciso dizer mais nada!
Mh
Joel,
ResponderExcluirMuito legal esse projeto da ebtech, o Interlagos merece uma réplica melhorada. Sempre gostei do Interlagos apesar da fragilidade, o feeling do carro vale a pena e gosto muito do design das berlinetes.
Belo depoimento Zullino, as aventuras daquele época hein?
ResponderExcluirMister Fórmula,
ResponderExcluirPassei a maior vergonha da minha vida com uma Berlinete. Fui tirar a cabeça para fora para zoar uns amigos e quem disse que conseguia colocar de volta? Olha que não sou cabeçudo e muito menos orelhudo, mas as "zoreia" ficaram presas, tiveram que colocar duas réguas e me enfiar de volta.
A Berlinete é um carro que exige cuidados no uso para não passar vergonha.
No entanto, as Berlinetes são muito mais resistentes que os Gordinis, principalmente a suspensão dianteira, era muito raro se ver uma Berlinete com as rodas abertas na frente como os Gordinis que rachavam o monobloco. As Berlinetes tinham chassis tubular e isso não acontecia. Se tivessem um motorzinho um pouco maior poderiam ser fabricadas até hoje, pois não iriam deixar nada a desejar em termos de desempenho.
Rss...zullino, são essas coisas que dão personalidade aos carros.
ResponderExcluirMais ou menos como o caboclo que foi estacionar de ré uma Lambo Countach, sentado sobre o vão da porta (esta levantada) e esqueceu da grande altura da mesma apontada para o céu o que ocasionou uma batendo na garagem...o que era para ser uma manobra de estilo acabou em prejuízo.
"Coisas de um tempo em que carros eram feitos para desviar de uma barreira sólida, e não enfrentá-la"
ResponderExcluirQ q vc quer dizer com isso? Q vc prefere voltar ao nível de segurança da década de 50?