Como bem falou meu amigo Arnaldo no post sobre motoristas, quem guia é que pode fazer o carro ser bom ou ruim.
Lendo o texto dele, lembrei de uma passagem que ocorreu no ano de 2007. Interlagos sediava o evento do Quatro Rodas Experience, um já conhecido evento de mais de uma semana de duração onde o público paga para dirigir no autódromo por algumas voltas, com carros a escolher, dependendo do preço do ingresso adquirido.
Neste ano, fui instrutor de pilotagem, ou seja, acompanhava os pagantes durante as voltas pelo traçado, sentado no banco do passageiro e passando instruções sobre o que fazer (e principalmente não fazer) na pista. Uma experiência, digamos, boa para teste de controle emocional.
Os instrutores desse evento passam por cada uma... mas enfim, não é este o objetivo do post. Na hora do almoço do evento, o Arnaldo conseguiu organizar passeios com carros antigos (alguns que estavam expostos nos boxes e outros convidados) pela pista. Em um destes dias, estava eu passeando pelos boxes na hora da saída dos antigos para o passeio, quando vejo um amigo dentro de um Corvette Split-Window vermelho. Fui cumprimentá-lo e a primeira coisa que ouvi dele foi "Entra aí! Estou indo sozinho, pode ir junto".
Não tive dúvidas, arrumei um capacete emprestado ali do lado, com o Arnaldo, que se não me falha a memória, não andou neste dia (já havíamos andado no dia anterior). Entrei no carro, cinto afivelado e vamos para a pista.
Seria a primeira vez que eu andaria em um Corvette C2 na pista. Já imaginei o carro como seria: tática pedal-to-the-metal nas retas, joga a âncora e reza pra fazer a curva. Mal sabia eu o que a experiência em carros deste tipo não era capaz.
Fomos um dos últimos carros a sair dos boxes, acredito que de um total aproximado de vinte carros. Logo na saída, segunda marcha engatada e acelerando no Sol, quando abriu espaço na reta oposta, já ficaram pra trás três carros. Na primeira freada forte (Lago) já veio a surpresa do que o carro, quando bem pilotado, pode fazer. Passamos um XK por fora, com o Vette deslizando suavemente nas quatro rodas, sob total controle. "O volante está com folga, olha só", foi o que ouvi na subida do Laranjinha.
Mais algumas passadas no miolo e na Subida dos Boxes e já faltam poucos carros para chegar no "líder" do grupo. Na última volta, o Carrera RS branco já tinha ficado pra trás fazia tempo, e o Ferrari Dino era o último antes do 'carro-madrinha'. E o Dino ficou vendo o Vette passar voando pelo Laranjinha. Por pouco não passamos também o 911 moderno que era o carro-madrinha.
"Se não for pra andar como se deve, melhor ficar em casa", disse meu amigo, logo quando paramos o carro novamente nos boxes, com um sorriso que não deixava esconder a satisfação de guiar um carro deste como nos velhos tempos. Para mim foi grande experiência, pois nunca havia presenciado uma pilotagem limpa e precisa em um carro deste tipo.
Ah sim, o nome do meu amigo que me levou de carona nestas voltas memoráveis. Bob Sharp.
MB
Curiosidade: de quem é este Corvette C2? Houve filmagem da volta do BS?
ResponderExcluirQual é a especificação deste Corvette (motor, câmbio, freios, etc...)?
Não sei de quem é, o Arnando sabe.
ResponderExcluirÉ original, motor 350pol³, 4 marchas no assoalho, freios originais, tudo original.
Não filmei, só tirei essa péssima foto com o celular.
abs
MB,
ResponderExcluirSe é original, é 327. 350 só no C3.
O Bob é F..a!!!!!
MAO
MAO, isso, 327.
ResponderExcluirNão é a toa que ele foi o único a colocar as mãos na Ferrari F40 para a exclusiva avaliação naquela Quatro Rodas inesquecível (onde a encontro em PDF?)...
ResponderExcluirDeve ser simplesmente um monstro na equação tocada forte/suavidade, eu sempre me inspiro nos seus sábios conselhos em relação a dirigir suave mas sem com isso comprometer uma boa velocidade média, o nick que utilizo é um pouco em homenagem a ele também.
Qualquer um de nós seria um privilegiado em ser o caroneiro dele e bater um papo gostoso.
Vida longa ao Bob!
Só podia ser.
ResponderExcluirHá algum tempo atrás eu acompanhava um blog escrito por jornalistas de uma revista especializada de grande circulação que estava fazendo um teste de 100 dias de utilização de um Fiat Punto. Ali pelo meio do teste eles disseram que o trambulador do carrinho quebrou e colocaram a culpa no teste de aceleração que tinham feito naquela semana. Comentei o post dizendo que, na minha opinião, quebra de trambulador num carro com menos de 10.000km rodados só poderia ser causada por defeito na peça, erro de projeto ou mau uso. O tal jornalista, que tinha um baita jeitão de recém-formado e pouco entendedor da "arte", ficou apoplético e respondeu falando um monte de coisas, que eu não entendia nada de pilotagem, que um teste de aceleração força o equipamento mesmo, que isso é perfeitamente normal. Respondi dizendo que, em minha humilde opinião, num teste de aceleração são feitas umas 10 passagens acelerando fundo e trocando marchas no regime de potência máxima e perdendo o menor tempo possível nas trocas, mas que tudo isso PODE SER FEITO DE FORMA SUAVE E PRECISA, o que nunca colocaria em risco um equipamento bem projetado e construído. Como exemplo de piloto que faria isso com perfeição, citei, dentre gênios como Alain Prost e Emerson Fittipaldi, o nosso grande Bob Sharp. O "jornalista" não respondeu e ainda apagou todos os meus comentários...
ResponderExcluirAbraço!
Quem sabe, sabe! Por certo a C2 estava em ótimas mãos! E realmente, como a tocada do Bob comprova, andar forte não significa judiar da máquina.
ResponderExcluirDe novo Corvette?
ResponderExcluirAnônimo, posso mudar o texto e as fotos pra Kombi, o argumento do post vai ser o mesmo.
ResponderExcluirBora fazer um Bob Sharp experience. Cada um leva o seu carro e ele dá umas voltas fortes por Interlagos, passando as dicas da arte da pilotagem.
ResponderExcluirBob: Omega 4.1 e Chevette 1.6/S aguardando. Eu sei que você não desenharia do meu Chevettinho! hehehe
O Bob sempre fala em suavidade, e depois que comecei e incorporar esse pensamento, mesmo com meu porte nada delicado, melhorei muito minha tocada.
ResponderExcluirGostaria de ver o Bob em um Gol GTI 16v G3, fazendo mais do que o carro pode oferecer, o que já não é pouco. Seria uma boa ele andando no Lavinia, o protótipo da FEI com motor 318.
Fica meu grande abraço a todos os colunistas e que, apesar de estar comentando de forma rara e esparsa, fico o dia todo entrando e saindo do blog esperando novos textos, me delicio com todos.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBelo post, me senti como se estivesse no banco do passageiro ao lado do Bob!
ResponderExcluirNada contra Corvette, mas seria interessantíssimo ver o Bob pilotar uma Kombi em Interlagos!
ResponderExcluirComo disse antes em outro post, tenho Fuscas e Kombis antigos em casa na minha humilde "coleção" e sou apaixonado por eles, e isso não me faz menos entusiasta, pelo fato de não serem carros esportivos.
Parabéns pelo post que deixou a curiosidade aguçada até o último parágrafo para saber quem era o piloto.
Bob rulez!
Abs
AB
Milton, que privilégio, ser co-piloto do grande Bob Sharp. Obrigado por compartilhar sua experiência conosco.
ResponderExcluirBora fazer um Bob Sharp Experience como comentou o amigo Raphael Hagi, aposto que ia se formar fila no box de Interlagos para tal evento.
ResponderExcluirLembro de um Ferrari que foi acidentado neste evento, não lembro o ano. Teve "especialista" que colocou a culpa na MARCA dos pneus... Jisuis amado!!
ResponderExcluirAlexandre, diz a lenda (e quem estava lá na época) que o Bird Clemente fazia powerslide de Kombi em Interlagos.
ResponderExcluirTalvez mestre Bob tenha testemunhado e possa confirmar. :-)
Imagina um Kombi entrando no S do Senna de lado!!! HAHAHHAAH
ResponderExcluirSe rolar o Bob Sharp experience eu dirijo de Porto Alegre até aí.
MB,
ResponderExcluirMuito legal essa experiência. Aqui é duro andar com um C2 na pista. Algo para lembrar sempre.
MAO,
O primeiro C3 com 350 foi o 1969 porque nem o 1968 tinha. Já em 1965 havia um big block 396 como opcão.
Mas para o 1963 eram 3 motores, todos com 327 cid. Todos small block.
O L75 tinha 300hp, o L76 340 hp e o L84 360hp porque era com injeção.
É realmente bastante potência para um small block da época. Basta comparar com os carros Europeus como o XKE que dá para ter uma idéia.
O L76 e o L84 tinham um comando diferente chamado Duntov camshaft por questões óbvias. O de injeção (fuelie) é simplesmente um espetáculo.
O L75 é o mais comum porque foi para uns 8 mil carros, enquanto que o L76 foi instalado em uns 6 mil carros e o fuelie
L84 foi para menos de 3 mil carros.
Qual era o motor desse C2?
Ah sim, apenas em 1965 freios à disco foram disponíveis para o C2 como opcional, em 1966 eram de série.
Muitos proprietários dos early C2 colocaram freios à disco depois.
Esse carro tinha freios à disco ou os originais à tambor?
Grande abraço.
Carlos, não sei qual versão do motor desse carro, não conheço o dono e só vi o carro na hora que andei.
ResponderExcluirTrabalhar no QRX não dá tempo nem de ir ao banheiro... hehehe
Parabéns pelo post, Milton Belli,
ResponderExcluirtambém fiquei no banco do carona ao teu lado até o fim esperando ver o nome do piloto " do banco do motorista"
naquela de " se o capacete emprestado era do Arnaldo, ou é o Bob ou é o Ingo" ...
Fernando : a medição de máxima arrancada é situação de maior chance de danificar o carro parcialmente, quando Bob arrancou a F-40 ele certamente tomou medidas comuns a um piloto de modo a não danificar o carro, mesmo que isso comprometesse em frações o resultado final.
O que o próprio Bob pode confirmar aqui.
MB,
ResponderExcluirQuando comecei a ler o texto, tinha certeza que o motorista seria o Bob. Digo isso porque, certa vez, ele comentou aqui no AE que em autódromos a diversão é descer a bota nas retas e fazer as curvas o mais rápido possível.
Concordo plenamente com isso! Se for para andar num autódromo, que se chegue ao limite do carro e do motorista, senão não tem graça...
Fico imaginando que coisa linda não deve ter sido andar ao lado do Bob em um Corvette 1963 em Interlagos. Dá até para ouvir o ronco bonito do V8 na subida dos boxes! Para ficar ainda melhor, só se fosse no traçado antigo.
Abraço!
Milton, muito bom o texto, uma descrição perfeita e cativante.
ResponderExcluirMas não me surpreendi.
A medida que voce narrava, eu pensava, é o Bob.
Não deu outra.
Parabens.
Romeu.
Amigos...
ResponderExcluirOutro Grande exemplo, assim como o Grande Bob Sharp na ''arte-técnica'' de pilotar com suavidade é..
Luiz Pereira Bueno.
Luiz Pereira Bueno, lembrou bem Lucius, o mais técnico de nossos pilotos!
ResponderExcluirPara o Scheidecker tenho uma pergunta, e é uma pergunta mesmo, não é para fazer polemica, se a gente pensar que o Jaguar tinha uns 270-280 (acho que é por aí, não estou pesquisando na Internet)sobre essa cavalagem toda dos Corvette, não seriam CV SAE, e portanto, não diretamente comparáveis?
A primeira vez que fui ao lado do Bob foi na nossa avaliação do Mini, no ano passado. Realmente, é tudo que eu já sabia: suavidade com a máquina e nada de coices. O homem conhece automóvel a fundo e tem sensibilidade excepcional.
ResponderExcluirLembrou na hora o texto de JLV em uma das primeira edições da Motor 3, intitulado " O bom motorista é o morista macio".
Foi um grande prazer, e confesso que não dava coragem de olhar o velocímetro.
Ótimo texto Belli.
Vou postar um logo mais pra explicar algumas coisas.
ResponderExcluirPara o Bob Experience ofereço um Marea Turbo que é meu chodó... gostaria de ver a tocada do profissional no que já foi o carro mais potente fabricado no Brasil.
ResponderExcluirCaro Juvenal Jorge..
ResponderExcluirSeria possível reproduzir o texto escrito por JLV na antiga Motor 3?. Eu que Infelizmente nasci em uma época onde as publicações deixam e muita a desejar, gostaria muito de ler uma matéria que ajudou a lapidar, e a melhor educar milhares de Autoentusistas que hoje fazem deste blog, o melhor do gênero!
Italo, se eu não fosse tão ciumento com a minha Kombinha, acharia o máximo deixar o Bob atingir a alucinante velocidade de 90 km/h (ela tem as caixas de redução originais) e entrar de lado nas curvas até o limite que os pneus diagonais permitem... rsrsrsrs
ResponderExcluirQuem sabe no futuro eu monte uma outra Split com mecânica moderna e forte!!!!!
Vou confessar a vocês que a primeira vez que o Bob deu uma volta no meu pequeno manco 1300L 1978 surpriendeu MUITO.
ResponderExcluirEle descendo a Rua Ceci numa tocada incrivel, sempre limpa e precisa, mesmo quando no contorno das rotatorias os pessimos diagonais 5-60-15 dobravam e desgarravam um pouco. E mesmo com as FERIAS da minha direçãod
Para mim foi emocionante quando ele me agradeceu por dar a ele a oportunicade de guiar de novo um fusca, que ele me disse que não fazia a mais de dez anos.
Ou seja, seja um Ferrari F40 de 478 cavalos ou um Fusca 1300 de 38 a precisão, limpeza, suavidade e carinho são os mesmos !
Esse é o cara que queria ter nascido filho e considero como Mestre e Pai !
E o coro ecoa... Bob, Bob, Bob... neste caso não é o skatista... hehehe...
ResponderExcluirEae Bob, o que vc achou da idéia do Bob Experience?
Na minha opinião o C2 é "O Corvette", seu design é insuperável!
Na minha opinião, o Bob deveria abrir uma escola de pilotagem, DESDE que ele seja sempre o instrutor. Acho que ia formar fila de espera!
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