google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 QUATRO EM LINHA E DUAS RODAS, PELA PRIMEIRA VEZ - AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

QUATRO EM LINHA E DUAS RODAS, PELA PRIMEIRA VEZ

Com fotos de Paulo Keller e Juvenal Jorge


A marca FN (Fabrique Nationale de Herstal) é muito mais conhecida por suas armas. Afinal de contas, a indústria belga foi fundada em 1899 justamente para produzir armas e munição, e teve uma história gloriosa neste campo durante mais de 100 anos, que inclui o famoso fuzil FAL e a pistola Browning Hi-power, baseada no imortal Colt 1911 A1 de John Browning, mas com munição em calibres “europeus” como o 9 mm e o 7,63 Luger.
A indústria de armamentos, por sua intimidade e pioneirismo com a precisão e alto volume de produção, esteve sempre muito ligada ao início do automóvel e das motocicletas, como já contei aqui quando falei de Henry Leland. Assim, vemos a FN desde o seu começo produzindo bicicletas (tanto a corrente como a cardã), e seu logotipo reflete isso: um fuzil e um pedivela cruzados, dividindo as letras F e N.
As motocicletas não demoraram a aparecer. Mas em 1905, aparecia a maior contribuição da marca belga para a história da motocicleta: o primeiríssimo quatro cilindros em linha.

Desde que a Honda popularizou esta exótica configuração no fim dos anos 60, quatro cilindros em linha em uma moto parecem corriqueiros, mas ainda me lembro de uma época em que ver quatro tubos de escape saindo de um reluzente e aletado motor de motocicleta, feito um cacho de bananas cromado e brilhante, ainda nos fazia parar catatônicos, ao mesmo tempo que um arrepio percorria a espinha e o queixo perdia toda a sua sustentação... Era algo raro, exótico, tão irreal em seu exagero e óbvia potência, que simplesmente nos embasbacava. E o som! Ah, a melodia catártica que emanava daqueles quatro tubos juntados em um! Era algo que fazia o nosso dia, nosso mês e o nosso ano, apesar de durar alguns segundos apenas.
E parar catatônico foi o que fiz quando, percorrendo a deliciosa feirinha de Lindoia no fim de semana passado, encontrei a moto cujas fotos ilustram este post. Uma FN!


Provavelmente um modelo de antes de 1910, estava lá em toda sua glória uma moto que só tinha visto em fotos muito antigas e sem detalhes. O motor , com a admissão sobre o escape, é minúsculo e parece obra de um relojoeiro. O magneto Bosch é enorme, perto do delicado motor. Inicialmente com 365 cm³, a partir de 1906 já tinha 410 e, finalmente em 1910, 498 cm³. A transmissão final é por cardã, e a moto na verdade tecnicamente é um ciclomotor, pois tem uma corrente e pedais de bicicleta para partida e emergências. O garfo dianteiro é cantilever, e a traseira é rígida, sem suspensão.
Algo raro, historicamente significativo e inacreditavelmente belo para qualquer um com alguma afinidade mecânica. E imaginem o barulho que deve sair desses quatro escapamentozinhos...

MAO

7 comentários :

  1. Uma máquina inédita aos meus olhos. Além de nunca ter ouvido falar da marca, nunca havia visto a moto. Desnecessário dizer que armas não são minha praia e jamais serão.
    Pena não termos escutado esse motor.

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  2. É, decididamente os belgas sabem fazer mais do que ótimas cervejas... essa moto é quase uma obra de relojoaria, e imagino que pilotá-la não deve ser nada fácil.

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  3. Amigos , me ajudem , pelo que percebi essa moto não tem cambio, é isso mesmo? o que é aquela alavanca ligada ao cardã proximo da roda traseira? se não tem cambio é o ponto morto, imagine o barulho infernal de 4 cilindros sem escape, se ainda fosse um 4 em 1...não está faltando o escape também?

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  4. Ehehe, se eu montar uma coisa dessas em casa minha mãe me mata. Loko demais.

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  5. MAO, brilliant!
    Quanto pediam nesta moto??

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  6. João,
    Aquela alavanca "ligada" ao cardã é justamente o câmbio.
    Repare que, no guidão, há duas alavancas (próximas ao freio). Uma delas é o acelerador, e a outra é o câmbio.
    Não há embreagem. O desacoplamento do câmbio é feito por uma catraca. Basta soltar totalmente o acelerador que a catraca automaticamente desacopla. Portanto, não existe efeito freio-motor.

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  7. MAO, só você para contar a história de coisas assim. E que história legal.

    Nunca andei numa moto dessas mas já utilizei o FAL, no quartel.

    Abraço

    PK

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