google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)
Foto: www.motosclassicas70.com.br 
 


Li, dia desses, a coluna do Cícero Lima no UOL, cujo título era "Motos velhinhas têm carisma, mas pilotá-las hoje é um risco" e que de cara me interessou porque tive exatamente as duas motos "velhinhas" citadas, uma Agrale Dakar 30.0 1987 (foto acima) e uma Honda XL 250 1983, e andei muito com elas sem nunca ter passado por susto maior.

Nunca fiz viagens de moto, logo não posso saber como seria o comportamento em estrada, mas diariamente andava no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, mantendo 100 km/h constantes e não achava que houvesse nada de grave na minha Agrale. De fato, era uma moto um pouco cansativa, pouca potência em baixa e comportas totalmente abertas a partir de umas 5 mil rpm, liberando os respeitáveis 30 cv do motorzinho de 200 cm³ refrigerado a água de uma só vez. O jeito era usar e abusar do pé esquerdo, que sofria um pouco com os engates duros.

Existiam duas relações de coroa e pinhão disponíveis para essa moto, não me lembro bem, mas era algo como 12x38 (3,16:1), a mais longa, igual à da minha moto, e 13x44 (3,38:1). Não satisfeito, misturei as peças e montei uma 13x38 (2,92:1) a fim de alongar a relação final e poder andar mais "solto" pela pista do Aterro, em tempos onde pardal era só um passarinho inofensivo.
Gráfico: gtplanet.net


Muito se fala de segurança ativa e segurança passiva. Mas há uma terceira, meio escondida, da qual não se comenta muito, a segurança preventiva.

A ativa, todo mundo sabe, é a que dá ao motorista condições de manobra que possam evitar um acidente, como bons freios (com ABS para quem faz questão ou precisa) e resposta de direção, os recentes controles de cruzeiro adaptativos, as direções que intervém sem que o motorista perceba, as direções de relação variável, faróis potentes e aqueles sistemas de visão noturna por raios infravermelhos que detectam obstáculos (ou pedestres) a distância que os faróis normalmente não iluminam.

A segurança passiva, muito propalada, é a que minimiza os efeitos dos acidentes, a mais conhecida delas o cinto de segurança, em especial o de três pontos como conhecemos hoje, criado em 1959 pelo engenheiro sueco Nils Bohlin (foto abaixo) quando trabalhava para a Volvo. Atualmente são vários os aspectos de segurança passiva, desde extremidades deformáveis que absorvem a energia dos impactos às células de segurança que se mantêm íntegras numa colisão. Sem falar das bolsas infláveis por todo o carro e, recentemente, até no lado de fora para proteger o pedestre num atropelamento, nesse caso segurança para terceiros.

Nils Bohlin (1920–2002) (foto Wikipedia)

Fotos:autor


O Gol Rallye apareceu há pouco aqui no post do Josias, mas eu quis andar com ele e ver como ficou o comportamento estando quase 30 mm mais alto em relação ao normal. Logo nas primeira curvas feitas no jeito, surpresa: faz curva e muito bem. Olhei a suspensão por baixo e nova surpresa: os braços transversais encontravam-se praticamente na horizontal. Estava explicado.


Uma rápida conversa com a engenharia, aproveitando a coletiva de imprensa do Fox BlueMotion 1-L 3-cilindros, nesta quarta-feira em Campinas, esclareceu. O subchassi e o conjunto motor-transeixo estão 20 mm mais baixos em relação ao monobloco, obtendo-se o efeito desejado.

Ah, se tivesse competido...

Muitos carros são julgados pela sua ficha técnica, números de desempenho, quantidade de unidades vendidas, índices de satisfação dos consumidores e outras formas de medição de eficiência ou qualidade de produtos criados dentro de fábricas.
Esses critérios exatos podem ser muito importantes para a maioria dos carros que a maioria das pessoas compram, assim como para geladeiras e escovas de dentes, mas não para  uma boa porção dos carros que falam à alma e coração dos entusiastas. Óbvio que há entusiastas que compram carros pelas frias fichas técnicas, ou rejeitam outros pelo mesmo motivo, mas acredite, isso tem apenas interesse acadêmico, ou de mesa de bar, depois de um tempo de convívio com a máquina.
O importante mesmo é que o usuário, dono, possuidor ou quem for que esteja com a chave na mão, goste e se sinta bem dentro dele e também fora, olhando o veículo. Aquele tipo de carro que faz você olhar para trás depois que o fecha e vai se afastando. Que seja uma máquina que desperte e mantenha acordados os sentidos físicos e as correntes elétricas mentais da pessoa. Para ficar claro, da pessoa que usa o carro, não das pessoas que comentam o que elas acham dele, já que agradar a todos não deve ser objetivo de quem quer ter um carro que lhe entusiasme. Na verdade, para se sentir tranquilo consigo, essas opiniões de terceiros devem ser sumariamente ignoradas.
Por isso carros com belas características técnicas podem ser deprimentes no uso diário, uma situação que poucas vezes poderia acontecer com entusiastas normais a respeito de Jaguares entusiásticos, que são quase todos diga-se de passagem,  menos alguns poucos modelos ou detalhes de modelos, onde a marca de Coventry pisou na bola. O sedã X-Type, produzido de 2001 a 2009 deve ser o único verdadeiramente desinteressante nesses anos todos de história, um erro magistralmente corrigido com o seu sucessor, o atual XF.