google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)
Lexus LS 400, o modelo de estréia nos Estados Unidos

Poucos dias atrás andei com o Lexus IS 300 cedido ao AUTOentusiastas, do qual o Bob falou bastante, e me ocorreu falar um pouco sobre esta marca pouco conhecida no Brasil.

O primeiro relato local que ouvi de um carro da marca Lexus foi em 1993, há quase vinte anos, portanto pouco depois da reabertura às importações de automóveis no Brasil. A Toyota fabricava aqui somente o utilitário Bandeirantes e tratava de se organizar para trazer Corolla, Camry, entre outros, assim como seus veículos de luxo Lexus.

Na época, no interior de São Paulo, eu conhecera um bem-sucedido concessionário das marcas Volkswagen e Ford, tanto automóveis quanto caminhões, que nos contava, entusiasmado, “esse japonês tem o V-8 mais silencioso e sem vibrações que conheci, você põe um copo com água sobre o motor e ela não se mexe, um Mercedes pela metade do preço!”, exagerava.  Falar a respeito desse concessionário será importante aqui por outro motivo: conhecê-lo marcou minha primeira experiência com pessoas que se diferenciavam nos negócios de vendas de veículos através dos relacionamentos. 

Antes ele tivera uma concessionária Chrysler e se destacou vendendo os seus automóveis e caminhões a clientes que conhecia como ninguém, seus gostos, sua vida, muitos deles encontrava frequentemente no clube de campo e confiavam tanto nele que até compravam Chrysler sem pestanejar! Longe de terem sido uma marca de produtos competitivos, caminhões menos ainda, ele compensava certas deficiências, ou qualidade errática dos produtos, no atendimento, no pós-venda, enfim, podíamos tomar todo este espaço para falar dele e o pouco que sei de sua trajetória, não é nosso objetivo. 

Em curtas palavras, o CRM (Customer Relationship Management, gerenciamento do relacionamento com clientes) parece que teve algumas de suas raízes automobilísticas com ele.
Brinquedo grande,  grande brinquedo! (uniquecarsandparts.com.au)

Já faz dois anos que esse carro é legalmente importável. Duvido, porém, que alguém queira trazer um para o Brasil. Não é apenas algo estranho, um pequeno hatchback com motor central. Ganhou a primeira prova do campeonato mundial de rali em que participou, o Monte Carlo de 1981, simplesmente. Estamos falando de um carro de alto gabarito, feito por uma empresa que havia sido a pioneira na Fórmula 1 da era turbo, com uma equipe de fábrica e motores próprios que ganharam quinze corridas durante a participação iniciada em 1977 e finalizada em 1985.

Em 1979, o modelo RS10 havia entrado para a história como o primeiro carro com turbocompressor a vencer uma prova de Fórmula 1. Todas as outras equipes e fábricas correram atrás da Renault, que já havia colocado no mercado também o R18 Turbo, um sedã médio de  desempenho acima do padrão da categoria e consumos muito baixo. Não era mais possível ganhar corridas sem um motor com turbocompressor. A marca estava no auge da imagem de alta tecnologia.

Criado dentro da Renault Sport, o R5 Turbo foi um pé no chão dentro de um mundo inatingível para a maioria dos mortais, o dos turbos de competição. Era um carro para ser vendido ao público, depois dos sucessos da Fórmula 1 e do projeto em andamento de um carro para Le Mans. Um demonstrador de tecnologia que poderia ser comprado, porém muito mais caro que um simples 5, um carro pacato.

Poucos R5 Turbo foram fabricados, apenas 3.576 em quatro anos. Encontrar um em ótimo estado é missão complexa. Mas pior ainda deve ser tirá-lo do dono, que, medindo-se pelo nível de anormalidade do veículo, deve ser alguém nada normal.

E sem dúvida vai valer cada segundo depois que ele estiver com você.


O automobilismo é um esporte de alto risco, levou consigo grandes nomes como Jim Clark, Rindt, Senna e Dale Earnhardt, entre muitos outros, em diversas categorias. Também acabou com carreiras grandiosas como a de Niki Lauda em Nürburgring e Stirling Moss em Goodwood. Nélson Piquet passou por um grande acidente em Indianápolis, mas conseguiu superar os danos sofridos e voltou a correr, em categorias de turismo e endurance. Mas, há casos em que a lógica é contrariada e a força de vontade vence desafios incríveis, como dizem, movendo montanhas.

Os acidentes podem acabar com vidas e promissoras carreiras, são extremamente duros de serem superados e mesmo que não deixem muitas marcas físicas, as psicológicas são fortes o suficiente para derrubar gigantes.

Se já era dificil acreditar que Piquet poderia voltar a andar normalmente após ter os pés e pernas fraturados, o que dizer de um piloto que perdeu as duas pernas? Pois é, muitos já diriam que era o ponto final, mas a vontade de viver falou mais alto, e foi assim com Alessandro Zanardi.
Fotos: autor


Depois de dirigir no lançamento, nada como andar com um carro no dia a dia, daí esses posts "no uso" que vimos apresentando aqui no AE há algum tempo. Se àquela altura o Lexus IS 300 deixou boa impressão, agora, depois de 10 dias com um, ela só se reforça.

O japonês enfrenta o "exército alemão" de Audi, BMW e Mercedes-Benz muito bem. É claro que não tem o carisma de marcas seculares ou quase (BMW, 1916), mas cumpre com louvor aquilo que pretendeu há apenas 24 anos, quando a marca foi criada pela Toyota disputar mercado com essas três. Por isso, a compra deste e de outros Lexus, em especial no Brasil, terá que ser produto exclusivamente da razão, sem qualquer traço de emoção e por quem não está atrás de status e/ou que não está afim de ostentar, até mesmo por razões de segurança pessoal nesse clima de quase guerra civil que estamos vivendo.

Elegante, discreto e com dois escapamentos de verdade