google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

Plymouth Valiant 1971


Vickers Valiant














O texto de alguns dias atrás gerou o que eu imaginava que aconteceria: nossos leitores mandando mais nomes que batizaram carros e aviões. Obrigado pelas dicas. O link para a parte 1 desse assunto está no final.

Como disse antes, selecionei apenas carros e aviões, nada de caminhões, motos, ônibus, patinetes, jet-ski, aeromodelos ou similares para o assunto não ficar interminável. Nomes de algumas empresas que são os mesmos de modelos de outras também estão de fora, assim como nomes compostos, como o Convair Delta Dart, por exemplo, que tem o Delta do Lancia e o Dart do Dodge juntos. Evitei os nomes de versões de alguns carros, como o Saab 9-3 Viggen, que tem o nome do avião da mesma empresa.

Alguns dos que estão a seguir eram muito fácil de lembrar, mas eu passei batido.

O Vickers Valiant (valente) é o primeiro bombardeiro britânico da linhagem conhecida como V-Bombers. Os outros são o Victor e o Vulcan. Todos tinham quatro motores turbojatos, e o Valiant era o mais convencional em projeto aerodinâmico. Na foto acima, eles aparecem na pintura branca chamada de anti-flash white, usada para minimizar o aquecimento em caso de estar próximo a uma explosão nuclear. Ingleses, americanos e soviéticos utilizaram esse esquema de pintura durante boa parte da Guerra Fria em seus bombardeiros pesados e médios.

Foto: toptenz.net

Trinta e seis anos atrás...

Este post saiu de uma brincadeira em um momento da mais absoluta falta do que fazer. Um belo dia, por não ter nada melhor para fazer, comecei a brincar com a Calculadora Cidadão do Banco Central, uma página que, entre outras coisas, faz correção de valores baseando-se na inflação. E, num ápice de falta do que fazer, veio uma curiosidade de saber qual o momento em que 1 cruzeiro (moeda que vigorou entre 1970 e 1986, tempo da minha infância e adolescência) teve o mesmo valor que hoje tem 1 real. Encontrei, usando o índice IGP-DI, que este momento foi entre agosto e setembro de 1976.

Cr$ 0,10
Uma cautela deve ser tomada na correção de valores por longos períodos: As imprecisões e manipulações dos índices de inflação podem se amplificar muito e distorcer enormemente os resultados finais. Porém, lembrando que em minha infância uma Bala Juquinha custava 10 centavos (eu juntava 10 cruzeiros para comprar 100 balas – sonhos de consumo de criança) e que uma bala pode ser encontrada nos bares por valor semelhante atualmente, não devia estar muito longe mesmo.


Achada a época, bateu outra curiosidade, esta entusiástica: Como era o mercado de automóveis naquela época? O fato de não precisar converter valores (1 cruzeiro = 1 real) aguçou mais ainda esta sensação: Fui olhar no Acervo Digital da Quatro Rodas como estavam as coisas em agosto e setembro de 1976, quando eu ainda tinha oito anos (é, entreguei a idade nessa...) e, apesar de ainda não entender patavina de mercado, já gostava muito de carros.


Como parece que motor 1-litro, rotação, potência, torque estão na ordem do dia, vamos falar um pouco sobre isso.

Cinco anos e pouco atrás utilizei uma motocicleta Honda CBX Twister 250 a título de avaliação tanto do modelo quanto de como andar de moto em si nos dias atuais, o que rendeu uma coluna no Best Cars Web Site. Andando calma e normalmente por São Paulo, cada vez que olhava para conta-giros o motor nunca estava abaixo de 8.000 rpm, para ir a 10 mil era só dar um pouco de acelerador. Por isso acho estranho – ou seria achar graça? – quando alguém vem e diz que motor de 1 litro "tem que andar alta rotação", como se isso fosse algum demérito. Tenho até um grande amigo que não gosta de fazer o motor girar mais que 2.000 rpm.

Honda Twister, uma bela motocicleta 250 cujo motor girava alto e suave, muito agradével

Existe um medo, cuja origem não atino, de rotação. Pode ser mero atavismo, do mesmo tipo de "carro bom tem de subir a serra em prise" –. essa última palavra, para quem não sabe, significa "tomada" em francês, simplificação de prise directe, tomada direta, ou seja, a última marcha dos câmbios sem última marcha de relação abaixo de zero, que nessa caso é multiplicação em vez de redução. Nesse tipo de câmbio a última marcha não depende de um par de engrenagens atuando, entra movimento do motor por um lado e sai pelo outro, direto para o cardã.
Foto: wn.com
Motor do Renault R27 de Fórmula 1 no dinamômetro


Faz um bom tempo que penso em escrever a respeito da questão-título deste post  Por quê? Para desmistificar o conceito de que ouço falar muito, o de que "torque é para arrancada, potência é para velocidade", algo totalmente sem nexo. Eu devia isso ao leitor.

Ocorre que nesse "bom tempo", que são anos, tornei-me amigo virtual – ainda estamos por nos conhecer pessoalemente, complicado porque ele mora no interior paulista – de uma pessoa cujo nome que os leitores certamente conhecem no AE, já que é leitor assíduo e está sempre fazendo comentários oportunos e lúcidos. Da mesma forma que ele fazia quando eu estava no Best Cars Web Site e lá escrevia a coluna semanal "Do banco do motorista". Seu nome, Daniel Shimomoto de Araújo.

Numa troca recente de e-mails, ele me falou de um texto que havia escrito sobre a questão de torque e potência. Mandou-me anteontem, li e gostei. É um pouco longo, "à Andre Dantas", o nosso especialista em assuntos complexos, mas é um tema tão interessante que o leitor irá devorá-lo. O Daniel explica por que torque é apenas um dado e por que o que interessa é potência, tirando as palavras da minha boca.

Boa leitura!

Bob Sharp
Editor
AUTOentusiastas

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POTÊNCIA, POTÊNCIA DISPONÍVEL E TORQUE: BUSCANDO A COMPREENSÃO DESSES CONCEITOS
Por Daniel S. de Araújo

Pegue qualquer revista de automóvel que a comparação é inevitável: O articulista sempre vai falar do motor de um automóvel enfatizando o valor de torque por ele produzido.

Potência,daí, é “secundário”, pois na visão destes profissionais (e difundida vai-se tornando-se senso comum), o que importa mesmo é o torque máximo do motor e em que rotação ou faixa. A coisa consegue ser pior em casos de comparativos. Já vi motores receberem notas maiores ou menores em função do torque apresentado e, o mais incrível, numa visão totalmente dissociada da potência, o que representa um dos maiores absurdos da física.

E com isso, avaliações e conceitos errôneos vêm sendo perpetuados nas rodinhas de conversa com os amigos, auxiliado pelas publicações “especializadas” e cadernos de automóveis de jornais e, sabendo de tudo isso, recebendo um excelente “incentivo” (desserviço?) dos departamentos de publicidade dos fabricantes – curiosamente, só nos de automóveis, pois os de caminhões enfatizam potência....