Foto: oglobo.oglobo.com/Fernando Quevedo
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O Citroën C4 VTR de Diogo Monteiro Frota dos Santos, 24 anos: mais uma vida perdida por nada |
Há alguns dias o AE recebeu e-mail de um senhor que se apresentou como coronel da reserva da PM do Rio de Janeiro. A correspondência eletrônica trazia um texto que me sensibilizou. Depois de uma troca de e-mails que se seguiu, resolvi publicá-lo, com a devida autorização do autor. O título do texto, que usei como o deste post, fala de jovens, imaturidade e acidentes. Como faz tempo que me preocupa a perda de vidas humanas por motivo tão idiota como um acidente de automóvel, assino embaixo do que o coronel Milton diz.
Espero que seja de muita valia para os leitores e leitoras e seus filhos ou mesmo netos.
Bob Sharp
Editor
A morte previsível a 200 km/h e a imaturidade
Por Milton Corrêa da Costa*
Os mais jovens, que constituem preciosa mão de obra produtiva, deslumbrados pelos encantos da mocidade e da impulsividade natural da juventude, têm sido constantes vítimas da violência no trânsito brasileiro. O maior exemplo dessa incontrolável tragédia pode ser lembrada num gravíssimo acidente, ocorrido no Rio de Janeiro, tempos atrás, que chamou a atenção pela previsibilidade de uma tragédia anunciada, face à constante imprudência com que se comportava ao volante a própria vítima, que resultou morta na madrugada de um final de semana, na Zona Sul da cidade.
O estudante Diogo Monteiro Frota dos Santos, que acabara de completar 24 anos no dia anterior, dirigindo em alta velocidade durante a madrugada (era membro, no Orkut, da comunidade "JÁ ULTRAPASSEI OS 200 KM POR HORA!"), perdeu o controle da direção numa curva e bateu violentamente com o carro que conduzia contra o muro de um colégio existente numa importante via local (foto acima). Diogo fazia parte também da comunidade "MapaRadar", especializada em descobrir radares, além de ser seguidor do Twitter Lei Seca, que alerta motoristas para pontos de fiscalização da referida lei. Não há notícias, no entanto, de que Diogo tenha sido submetido a exame de embriaguez post-mortem.
A triste realidade, porém, é que há um perigoso "coquetel mortífero" ceifando a vida de jovens motoristas, em boa parte dos acidentes de trânsito em rodovias e vias urbanas, principalmente nos finais de semana: pistas livres das madrugadas, excesso de velocidade, manobras arriscadas, uso de bebida alcoólica e energéticos, sono, cansaço. Constata-se que o jovem, ainda em processo de formação de personalidade, apresenta características próprias do estágio de auto-afirmação social: impulsividade, desafio ao perigo e espírito competitivo exacerbado. Transportadas tais características para o volante de um carro isso confere ao jovem, em período de formação, a possibilidade de demonstração de poder que muitas vezes pode ser fatal.