google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)
Foto: novoguscar.blogspot.com



— Noossa, vô! de primeira você colocou terceira! Pulou a segunda marcha, vô! – ainda molecote de uns doze anos, exclamei.

— Sossega, amorrrr (era assim que ele me chamava, e com sotaque um pouco arrastado, pois era suiço), esse motorr é forrte e assim no plano a gente pode pularr as marrchas.

Pois é, o Itamaraty tinha um 6-cilindros forte mesmo, motor de jipe; pouco giro, pouco potência máxima, porém já bom torque em baixa – e dava pra fazer isso mesmo, pular marchas quando no plano ou em descidinhas. E o vovô Frederico guiava macio e aquela banheira que era o Itamaraty ia suave que era uma beleza. Também, pudera! Outro modo não haveria dele guiar, pois esse foi um sujeito classudo de verdade, elegante e charmoso por natureza; punha o Clark Gable no chinelo, e punha mesmo. Ele simplesmente ficava desconcertado diante da grosseria. Ele não a entendia. Simplesmente não entendia como outros agiam estupidamente, já que ele simplesmente não tinha o gene da grosseria. Os genes que dela tenho certamente dele não vieram.

Fotos: Divulgação Nissan e autor

Não escondo admiração por esta marca do país do sol nascente. Tenho certeza de que começou ao ver um Datsun 240Z correr em Interlagos, no começo de 1970. Não estranhe: Datsun era inicialmente a marca internacional da Nissan, que deixou de existir no começo dos anos 1980 em favor da marca-nome da fabricante.

Todos os Nissans que dirigi – X-Trail, Livina, Sentra, Tiida – se mostraram muito agradáveis e eficientes, sempre deixando transparecer uma engenharia exemplar. Por isso eu tinha curiosidade em saber como seria o March – novamente estratégia desses japoneses, pois o carro era comercializado mundialmente como Micra, March só no mercado japonês desde o lançamento em 1983 e que na primavera do Hemisfério Norte do ano passado chegou à quarta geração.

E agora o March, a nova arrancada da Nissan para aparecer mais no mercado brasileiro, chega do México, da cidade de Aguascalientes (águas quentes), produzido na fábrica inaugurada em 1982. Por isso não recolhe Imposto de Importação e tampouco foi atingido pela recente elevação do Imposto sobre Produtos Industrializados em 30 pontos porcentuais, resultando em preços bastante acessíveis, que vão de R$ 27.990 a R$ 31.990 (1-litro) e de R$ 35.890 a R$ 39.990 (1,6). As versões de maior cilindrada – 1.6S, 1.6SV e 1.6SR, duplo-comando 16V de 111 cv, Nissan mesmo – ainda não estão disponíveis para entrega, o que está previsto para novembro.

Interior agradável e funcional , nada fantasioso ou exótico


Esta é a imagem de um velho folheto escaneado. Está no meio de vários outros que coleciono há tempos.

Como é normal para mim, sempre que ocorre um Salão do Automóvel em São Paulo, ou qualquer outra exposição que eu consiga visitar, procuro ver o que existe nos cantos, nos estandes pequenos e menos trafegados.

Cair em lugar comum e ficar babando em carros que todos sabemos que são fantásticos, é moleza. Menos aprazível é analisar os carros que surgem de construtores pequenos ou iniciantes. Podem não ser bonitos nem bem-feitos, mas muitos mostram o verdadeiro entusiasmo.

Cada vez mais raros, mas nem por isso extintos, estes fabricantes já tiveram sua época de ouro, que acabou quando as importações foram reabertas pelo então presidente Fernando Collor de Mello.

O Lassale Digital é da década de 80, e, além daquele exposto na mostra, nunca ouvi falar de outro.


O mercado automobilístico brasileiro é muito bagunçado. Aqui, ao contrário do que acontece nos EUA e na Europa, não há uma classificação clara dos carros. Sendo assim, os fabricantes deitam e rolam, algumas vezes vendendo carros de categoria inferior a preço de categoria superior.

E o público, que muitas vezes compra o design e o status, morde a isca do marketing e acaba levando gato por lebre, ou seja, leva menos carro por mais preço, justamente por faltar esse tipo de classificação.

Por exemplo, a classe de entrada do nosso mercado tem integrantes como Celta, Gol, Uno, Palio, Clio e Ka. Todos eles têm portes semelhantes e espaços internos semelhantes, portanto, devem custar preços semelhantes. Se aparecer algum muito mais caro, estão querendo cobrar mais pelo mesmo tipo de carro.

Nosso mercado é muito mais alinhado com o europeu do que com o americano, com algumas exceções. Por isso, tentarei encaixar os veículos vendidos no Brasil nas classificações européias, para tentar colocar uma ordem na bagunça que aqui se fez.