Toda vez que alguém critica o design de um Jaguar criado enquanto Sir William Lyons dirigia a empresa (até 1972), tenho a mania de responder, meio brincando, meio falando sério, que não é permitido a nós, meros mortais, criticar o desenho de um Jaguar. O resto do carro pode, mas o desenho não. Somos todos tão inferiores a Sir William nesse sentido que qualquer crítica faz o mesmo efeito que sopro de gato asmático no furacão Katrina: irrelevante. Em alguns assuntos, é melhor nos recolhermos a nossa insignificância.
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O SS1 Airline, um dos primeiros carros de Lyons |
Isto porque julgar o desenho de um carro é o que Lyons sabia fazer melhor, e o que trouxe ele a fama e glória, e que transformou uma fabriqueta de sidecars numa marca reverenciada mundo afora. Sir William nunca desenhou nada. Apenas mantinha uma equipe de funcionários pequena que batia chapas para ele, e criava direto em escala 1:1, carrocerias inteiras em metal. Hoje o processo de desenho de qualquer carro é longo e enfadonho, e passa de desenhos a mão para modelos em escala, para arquivos matemáticos e mais modelos em escala, depois para modelos em barro escala real, depois mais arquivos eletrônicos modificações, usinagem de barro, avaliações, mais arquivos, mais comitês, mais discussão... Um monte de gente dá pitacos e discute demais, quando Lyons apenas olhava e decidia. Em tamanho natural, direto em metal, e quando estava pronto, estava pronto e pronto. Nada criado por comitês intermináveis pode ser comparado a qualquer criação de Lyons.