google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)


Uma das coisas mais legais de trabalhar neste blog é conviver com a turma que o faz. Este convívio pode ser eminentemente virtual, mas ainda assim é dos mais ricos. Um assunto sempre puxa outro, e os posts aparecem como uma conversa bem elaborada entre amigos que dedicam a vida em dissecar esta máquina hoje maldita chamada de automóvel. O leitor poderia imaginar que um dia acabariam os assuntos, mas depois de oito anos de conversas diárias, posso garantir que deste problema nunca vamos sofrer...


Um texto de Carlos Maurício Farjoun

Já faz um tempo que eu estava para escrever esse post, mas queria estar com os números em mãos.
Como vocês já sabem, em São Paulo a inspeção veicular de poluição agora é obrigatória praa todos os carros. Portanto, tive que levar o Vectra para fazer a inspeção, que era no máximo até este mês.de maio. Ano passado ele escapou (2002), mas neste ano, não.
Como segurado da Porto Seguro, fui gentilmente informado de que poderia fazer gratuitamente uma verificação de poluentes na própria Porto para saber se meu carro passaria na inspeção ou se precisaria de manutenção antes. Muito bonito, mas nada bem intencionado... Mais uma vez o conflito de interesses e a ganância do lucro fácil colocam por terra algo que poderia ser uma boa ideia.
Cheguei ao posto da Porto da Av. Rio Branco por volta das 9 horas do dia 6 de maio. Estava vazio. Perguntei se havia fila para fazer a inspeção e me disseram que não, mas pediram para que eu aguardasse. Aguardei por longos 40 minutos, sendo que não havia ninguém na máquina de inspeção. Não entendi na hora por que a demora, mas depois entendi.
Pois bem, logo de cara já veio um carinha me perguntando como estava o ar-condicionado do meu carro. Eu disse que estava gelando bem, que não tinha problemas. Aí ele insistiu na higienização. Foi quando eu falei que troco eu mesmo o filtro a cada 6 meses e que por isso não era necessário higienizar. Ele viu que daquele mato não sairia coelho e desistiu. Mais uma empurroterapia de que eu me livro. E o tempo correndo...
Passados os 40 minutos, o cara finalmente resolve pegar o meu carro. Liga e manobra até à máquina de inspeção, colocando rapidamente o sensor no escapamento e começando a operá-la. Quando ele começa a mexer na máquina, vi que o último carro inspecionado havia sido um Comodoro 2.5 2010 (!). Quando ele colocou os dados do meu carro (bem rapidamente), informei que o ano do carro era 2002, e não 2010. Ele pôs 2002 lá.
Ignorando os avisos de colocar os sensores de rotação e de temperatura, começou a medição. Ele parecia ter pressa. Foi aí que me caiu a ficha!!!
Ele queria fazer o exame com o carro frio, justamente quando a mistura de aquecimento é mais rica! Por isso a pressa toda! Por isso o chá de cadeira de 40 minutos! Me toquei disso quando senti o cheiro de catalisador atrás do carro. Não fez a descontaminação, nada, era só pressa de medir. E mediu, chutando as 2.500 rpm: 
CO a "2500": 0,58% Em ML: 0,36%
HC a "2500": 162 ppm Em ML: 134 ppm
Diluição a "2500": 15,06% Em ML: 15,40% 
Na máquina, deu tudo verdinho e saiu o relatório com o "aprovado". Com cara feia, ele me deu o papel e falou rispidamente "Tá aprovado".
Claro, não era pra aprovar, era para reprovar para eles ganharem serviço. Aprovando, ficava grátis e não dava lucro. Ele antes de colocar o carro lá já tinha me falado que, se não passasse, precisaria ver bicos, velas, cabos etc. (já preparando para empurrar o serviço), mostrando um Polo 2003 que tinha sido reprovado. 
Aí eu entendi o "Comodoro 2.5 2010": Eles colocam como 2010 porque os limites são muito mais estritos (0,3% de CO e 100 ppm de HC), aí dá vermelho na máquina e "reprovado" no relatório. E medem com o carro frio (deixam esfriar) pra terem certeza de que estes limites serão ultrapassados. E daí tome kit limpeza de bico, corpo de válvula, troca de velas, cabos, sensores de injeção etc...Uma salgadinha conta de mais de 500 reais, alimentada pelo medo do incauto de não passar na inspeção. Provavelmente, após essa operação toda, devem medir de novo seguindo os parâmetros corretos e... BINGO, agora passa com louvor! 
Se eu não tivesse avisado o cara para mudar o ano de 2010 (vem como default) para 2002, meu carro não teria passado e seria mais uma vítima do "reprovado". 
Sem mexer nada no carro, fiz a inspeção em 28 de maio e os resultados foram: 
CO a 2500: 0,20% Em ML: 0,01%
HC a 2500: 28 ppm Em ML: 44 ppm
Fator de diluição a 2500: 0,97 Em ML: 0,97 - Equivale a 15,40% Ou seja, medido a quente como se deve, meu carro passaria inclusive nos limites pra inspeção de um carro 0-km. A quente, o truque do ano 2010 não funcionaria com o meu carro, por isso precisavam deixá-lo esfriar.
A coisa funciona assim: como a Porto não quer arcar com o custo disso, ela repassa a inspeção para uma empresa picareta estilo DPaschoal chamada TopStop, em que os mecânicos são os "vendedores" e são comissionados pelo quanto de serviço "vendem" aos clientes. A TopStop entra com todo o maquinário para fazer a inspeção em troca de poder efetuar os serviços "necessários" nos carros inspecionados. Só que como os limites de inspeção são meio frouxos e a grande maioria dos carros passaria, eles desenvolveram esse método de inventar problema para conseguirem coletar serviço. A Porto também tem culpa nisso porque, para poder oferecer o "serviço" sem ter que botar a mão no bolso, coloca uma raposa pra tomar conta do galinheiro.
Por isso, tomem muito cuidado com essas "inspeções gratuitas", é tudo engodo pra vender serviço. Um carro em bom estado passa facilmente na inspeção, os limites são frouxos pacas. No meu ano (2002), o limite é de 1% de CO e 700 ppm de HC, coisa que meu motor com 130.000 km e catalisador original ficou MUITO abaixo, para não passar teria que estar bem zoado mesmo.
CMF
O AUTOentusiastas divulgou aqui em nosso espaço a Carreata da Solidariedade 2010, que ocorre há vários anos no bairro paulistano de Moema. Estivemos presentes novamente, e vimos muitos carros bacanas e porta-malas cheios. As doações foram de bom tamanho, tanto de roupas quanto de alimentos.
Passear com os antigos foi mais uma vez bem divertido, com muita gente nas ruas para apreciar os carros que pouco rodam, mas que são uma atração a cada vez que ganham as ruas. Não que fosse algo de parar totalmente o trânsito, mas os participantes fazem um bom volume e enfeitam as ruas de Moema. Há gente que aparece de todos os lados com uma sacola cheia de doações.

Houve edifícios que já haviam feito um recolhimento prévio, e ao ouvirem o carro de som que seguia na frente, saíram vários moradores para entregar tudo que haviam arrecadado. Sem exagero, eram 5 carros juntos nesse momento, e teve sacolas para todos, muitas sacolas.
A organização foi ótima, com um bom número de pessoas, deslocando-se com motos, motonetas, patinetes motorizados e outros tipos de veículos de grande agilidade. Separavam os carros em grupos pequenos para abranger um maior número de ruas, e tornavam a juntar grupos maiores em um ponto mais à frente. Esse tipo de ideia aumenta a exposição dos carros frente aos moradores, e sem dúvida, rende mais doações.

Quem foi de carro também aproveitou para fazer a separação em casa, e foi grande o número de pessoas que chegaram já com itens para doação. Aliás, muitos disseram que já se tornou hábito esse procedimento de limpar armários todo mês de maio, quando ocorre a carreata.
Para os carros, o trajeto é um bom teste para o sistema de arrefecimento. Como as velocidades são baixas e muitas vezes fica-se parado alguns minutos, somado ao tempo total de mais de uma hora e meia, a carreata é uma validação para radiadores, mangueiras, sensores de temperatura, ventoinhas e correias. E quando se chega ao final, sem que o carro tenha falhado, a satisfação é imensa, e a alegria de saber que seu carro é confiável para passeios mais longos aumenta.

Assim, quem não foi perdeu um programa muito bom, devido aos carros muito legais que lá estavam e à oportunidade de ajudar quem realmente precisa.

O inverno vem logo, e uma nova Carreata da Solidariedade só daqui a um ano. Mas estaremos esperando por ela, prontos para ajudar novamente.


Algumas alegrias são para ser compartilhadas e essa aí em cima é uma delas. Sábado, 25 de outubro de 1980, portanto já se vão praticamente 30 anos.

Copa Fiat 147, motor 1300 a álcool, carburador Weber duplo do 147 Rallye. Andava muito. Cetibrás era uma concessionária Fiat em Betim cujo dono era um italiano boa-gente chamado Giuseppe Cavina. Já vendeu a concessionária faz tempo mas continua por lá até hoje. Volta e meia nos falamos pelo Skype. Na época eu trabalhava na Fiat, de modo que tudo estava mais ou menos em casa.

O autódromo é o que está por desaparecer, o do Rio de Janeiro, em Jacarepaguá. A curva, se não estou enganado, é a Um, depois dos boxes. Pelo visual, uma daquelas frentes frias típicas da primavera, chuva não torrencial mas que dá para molhar tudo e mais alguma coisa.

Como o sábado amanhcesse chovendo, liguei para um borracheiro conhecido e perguntei se ele tinha o Dunlop SP 145SR13. Tinha, que sorte! Passei na loja dele, coloquei os quatro pneus dentro do meu 147 de serviço e fui para o autódromo para a montagem e balanceamento.

Por que o Dunlop SP? Eu já tinha boa experiência com eles como pneus de chuva. Uma delas foi incrível, classificação para a prova SPI 200, em Interlagos, 1973, Opala 4100 Divisão 1. Com esses Dunlops a aderência no molhado era tão grande que na Curva do Sol — traçado antigo — cheiro de borracha invadia o habitáculo, isso apesar da toda a água no asfalto!

A dupla era eu e o José Carlos Ramos, um bom amigo que também era o dono do carro. Ele estava bem de vida, já tinha um Porsche 911 Carrera daquele ano e queria praticar automobilismo, o que teve todo meu incentivo e ensinamento. Nesse dia eu lhe disse, "Zé, você é quem vai classificar o carro". Ele ficou meio receoso, estava chovendo, mas topou o desafio. Resultado: terceiro tempo, com todas as feras do automobilismo da época correndo, mais um exército de Maverick V-8. Ele, claro, ficou exultante. Primeira fila! E eu, orgulhoso do progresso do amigo. Acabamos a corrida, que foi no seco, em quinto, razoável para um grid de mais de 50 carros.

Mas fomos o primeiro Opala, o que nos valeu um troféu em memória do jornalista e piloto gaúcho Pedro Carneiro Pereira, falecido num trágico acidente com Opala divisão 3 em Tarumã, onde perdeu a vida também outro piloto gaúcho, Ivan Iglesias. O troféu, salvo engano, foi oferecido pela concessionária Chevrolet Simpala, de Porto Alegre, que patrocinava o Pedro.

Aquele momento não saía da minha cabeça enquanto os pneus Dunlop SP do Fiat eram montados num borracheiro perto do autódromo. Foi espantoso ver a reação das pessoas (pilotos) no box ao ver aquele Fiat n° 11 receber pneus Dunlop em vez dos habituais Pirelli Cinturato CN36 cinco-estrelas, de composto especial, que a Pirelli produzia especialmente para corrida. Reação de incredulidade de todos, inclusive por serem 145SR13 e não 165/70R13 como os CN36.

Fora que eu havia pedido para colocar amortecedores de série no carro (deixá-lo mais macio por causa da chuva) e um piloto da nossa equipe, o experiente mineiro Toninho da Mata, que estava lá só assistindo,deu uma balançada no carro e diz que não ia funcionar, estava mole demais.

Carro na pista, eu não acreditava. Parecia que não estava chovendo! Os pontos de freada eram os mesmos de pista seca. O "cherinho", uma curva para a esquerda feita de pé embaixo meio no limite no seco, continuava a ser feita sem aliviar acelerador.

De dentro do carro dava para notar certa agitação nos boxes. Eu estava literalmente cantando na chuva — nas curvas e para mim mesmo. Pelo jeito eu devia ter feito a pole.

E fiz, com 1,2 s sobre o segundo colocado, um sujeito rapidíssimo chamado Átila Sipos. Era um abismo em termos de diferença de tempo, dada a competividade da categoria.

No dia seguinte, sol de verão. Mesmo com os pneus CN36, de seco, caí para terceiro na largada, mas o motor começou a perder potência mais e mais e....foi-se a junta do cabeçote.

Mas o dissabor de abandonar não apagou a alegria do dia anterior. E nem a admiração por essa obra-prima de pneu chamado Dunlop SP.

Tentei achar na internet uma fotografia da banda de rodagem dele, que nada tinha de especial, para mostrar a vocês, mas foi em vão. Só achei fotos dos mais novos. Mas passado um par de horas um amigo, o Bruno Kussler Marques, de Uberlândia, achou a foto de um Dunlop SP, que tinha o sugestivo nome de Aquajet, e me mandou. Admirem-no:


Nunca mais tive contato com os pneus Dunlop. Sei que existe o SP Sport 2000 na medida 205/60R15, mas não tenho experiência com eles. Sei também que a Dunlop pertence à Goodyear hoje. Será que os Dunlops ainda têm essa excelência no molhado? Desconfio que têm.

BS
(Atualizado em 14/06/10 às 11h48 com informação sobre a prova SPI 200, lembrado há pouco pelo amigo José Carlos Ramos)