O nome desse Audi 5 pode ser estranho – Sportback, traseira esportiva, como se traseira definisse se um carro é esportivo ou não – mas, intepretações marqueteiras à parte, o carro é mais um show da fábrica dos quatro aneis entrelaçados cujo dono é a Volkswagen.
Seu traço mais marcante é dado pelas rodas dianteiras bem à extremidade, algo improvável num tração-dianteira de motor longitudinal. Conhecemos os enormes balanços dianteiros de outros Audi e VW. Como foi resolvido? Fácil, é só pensar no Porsche 908/3, dos anos 1970.
O padrão sempre foi motor central-traseiro acoplado ao transeixo, dentro da seguinte ordem mecânica: motor-embreagem-diferencial-caixa de mudança. Do eixo traseiro para trás ficava a parte da caixa de câmbio do transeixo. Mas não no 908/3.
Neste Porsche de competição a ordem era motor-embreagem-caixa de mudança-diferencial. Perceberam? O eixo ficava lá atrás de tudo.
Parecido no A5 Sportback: em vez de motor-conversor de torque-diferencial-caixa de mudança dos tração-dianteira convencionais, motor-diferencial-conversor de torque-caixa de mudança. Pronto, o eixo dianteiro (motriz) se deslocou para a dianteira.
Fora o jeito "de BMW", a distribuição de massas fica mais equilibrada e o carro não fica tão frentudo (que meu amigo AK detesta...), ou seja, não fica tão subesterçante.
A versão em que andei e que é a "receita Brasil" tem câmbio CVT, (de relações continuamente variáveis entre 2,44:1 e 0,38:1, com diferencial 5,18:1) que na Audi é chamado de Multitronic. No modo manual sequencial há oito marchas virtuais, pontos de parada pré-determinados nas polias de "V" variável. Oito marchas! Ou então usa-se o câmbio no modo automático, com todo o funcionamento típico CVT, giro constante e velocidade crescente.
No resto, Audi típico. Entreeixos bem longo, 2.810 mm, comprimento 4.711 mm (o Omega brasileiro tinha 4.730 mm), 1.854 mm de largura e – como gosto – só 1.391 mm de altura. Peso, razoáveis 1.530 kg e porta-malas de 480 litros – com acesso pela grande porta traseira mostrada na foto.
Motor, um quatro-cilindros 2-litros turbo de injeção direta, 211 cv de 4.300 a 6.000 rpm e torque de 35,6 m·kgf de 1.500 a 4.200 rpm. Zero a cem em 7,4 s e 234 km/h. Consumo combinado europeu 13,9 km/l. Com os 64 litros do tanque vai-se longe, pois na estrada chega a fazer 17,2 km/l. A injeção direta e o controle de levantamento de válvulas Audi são os responsáveis pelo belo resultado. O motor gira suave graças às duas árvores contra-rotativas de balanceamento.
Curva bem, com seus pneus 245/40-18 e ainda tem controle de estabilidade. E manobra bem, apenas 11,5 metros de diâmetro mínimo de curva.
Para mim está ótimo – quanto mais que no modo manual subir marcha é levando alavanca para frente, reduzir para trás, tal e qual os controles remotos de tevê, como dita a lógica. Pelas borboletas atrás do volante, direita sobe, esquerda reduz, este arranjo praticamente universal. Mas prefiro trocar pela alavanca.
Este A5 sedã com jeito de cupê e com ares de perua atrás tem um grande espaço no banco traseiro e custa 189.000 reais. Fácil, quer ver? Dá-se 20% de entrada, R$ 37.800 e 36 prestações de R$ 5.022 se a taxa de juros for de 1% a.m. O problema é o seguro, que deve andar pelos 4% do valor do carro, em torno de R$ 7.500...
BS