
Em outra ocasião, que não essa da Quatro Rodas Experience, eu o guiei em Interlagos e o freio deu fading no fim da Reta Oposta, na freada para a Curva do Lago. Nessa freada, começou freando bem, mas em seguida empastou. Como sei que não se deve abusar de carros antigos, principalmente se ele não for seu, eu não vinha no talo, e como essa curva é bem largona, tudo bem, sem sustos.
O Sting Ray 63 é um carro fantástico, motor torcudo que mal sente a Subida dos Boxes, suas saídas de curva são de escorrer baba da boca, seu equilíbrio nas curvas é tranquilizador. Os galhos são os freios duvidosos e a direção excessivamente desmultiplicada. Ambos defeitos de fácil correção. Os freios estavam bons, mas originais. Hoje, com um novo sistema, coisa que deve haver nos EUA, ele fica jóia.
Quanto à direção, troca-se a caixa e boa. O galho da direção é que ela é tão desmultiplicada -- por não ter assistência hidráulica ele tem que ser assim para não ficar muito pesada -- que você não tem como corrigir escapadas de traseira, o que é moleza acontecer tal a potência que esse V-8 de uns 50 mkgf.despeja logo em baixa. Então, quando você corrige pra cá já era pra ter consertado de lá. Fica aquela lambança. Quanto à dupla dinâmica Bob/Milton ter passado o Dino, tudo bem, passou, porque eu estava tocando o Dino e os únicos carros que me passaram foram essa dupla aí e um Mustang de 450 cv, e passaram batido na Subida dos Boxes, porque no Miolo não levaram não, porque eu com aquele Dino estava o capeta, mas eu me policiava porque prometi ao dono que não passaria das 5.000 rpm, quando a faixa vermelha do V-6 começava nas 7.000 e alguma coisa.
Se me dessem autorização para usar essas 2 mil rpm aí esses dois iam ver o que era bom pra tosse. Fiz uma matéria para a Car and Driver Brasil que foi um comparativo desse mesmo Sting Ray citado com um Jaguar E-type, em Interlagos. O Jaguar papou. O Corvette tem mais motor, mas o Jaguar tem mais conjunto. Com o Corvette você sua a camisa pra andar forte, já com o Jaguar eu poderia correr uma Mil Milhas pilotando sozinho, tal a docilidade, tal o controle, tal a ergonomia, e é justamente aí nessas horas que a gente sente a diferença de um carro que foi acertado por um excelente piloto, como o Ferrari 308 que foi acertado pelo Lauda, como o Honda NSX que foi acertado pelo Senna.
Depois não sabem por que esses dois carros são tão gostosos de guiar, simplesmente por que a excelência do fator humano é insubstituível e não há computador que saiba fazer isso. É como uma mulher ser projetada por um computador, tudo bem, pode ficar linda, mas gostosa é outra coisa. Tenho algumas fotos desse teste da C and D -- fotos do primo Paulo Keller -- e um filminho que minha filha fez nesse dia, quando saí com ela numa recriação de um Jaguar C-type que apareceu lá de alegre e logo o catei pra guiar. Perdoem por minha filha ter filmado muito a minha cara enrugada, em vez de filmar mais a pista, mas vale a ventania e o som do motor Jaguar de 6-cil, 4,2-litros, com uns 300 cv (o original tem 265 cv, mas esse tá mexidinho).
Reclamem da filmagem com a minha filha, a Guga. O namorado dela, o Rodolfo, é esse italianão azedo aí saindo do E-type comigo, um cara manso, mas bom de pancadaria. o Rodolfo só é ruim de se rumo e nessas estávamos parados na área de escape do Laranja e dei uma bobeira na hora deles irem embora de Uno os vi saindo na contramão da pista, indo pra Curva do Lago, como se ia antigamente, os bonitinhos. Gritei feito uma onça no cio para os avisar. Escutaram, graças a Deus, e fizeram a volta! Haja paciência com essa moçada!