



Tenho seguido com atenção as notícias que acompanham o circo da Fórmula 1 este ano.
Depois de um final de temporada eletrizante, se olharmos para 2008 em retrospecto, notamos que a emoção ficou para a última prova, mas a disputa esteve entre as mesmas duas equipes que vêm duelando e alternando-se na liderança, há mais de dez anos. Para 2009, como sabemos, há mudanças importantes no regulamento, que ditaram novas dimensões e posicionamento das asas dianteiras e traseiras, a volta dos pneus slick e o polêmico KERS (opcional) e essas mudanças têm trazido consigo uma alteração na ordem das equipes.
Afinal, quem poderia esperar que do rescaldo do time Honda tivesse surgido a Brawn GP e esta alinhado seus dois carros na primeira fila na qualificação do GP da Austrália? E a pole meio segundo mais rápido que a do ano passado? E a dobradinha na chegada?
Não foi só a Brawn GP. Williams, Brawn GP, Toyota, RedBull, Brawn GP, Toyota, Williams, RedBull e Force India, nesta sequência, ficaram com dez melhores tempos da segunda sessão de treinos livres. O Ferrari de Massa ficou com o décimo primeiro melhor tempo. No grid de largada, dois Ferrari e um BMW misturaram-se a antigos 'coadjuvantes' entre os 10 primeiros.
Muito se especula sobre quais são os fatores que estão permitindo a Brawn GP andar na frente. Pode ser o polêmico difusor (será banido ou copiado?) o maior responsável, mas o que me tem feito vibrar é a oportunidade que as equipes tidas como pequenas estão aproveitando com as mudanças no regulamento. Ver o talento criativo trazer um novo time à ponta, enfim, essa emoção vinha fazendo falta. Estes sim, fizeram da mudança uma oportunidade.
Outra história não menos interessante é quanto ao fabricante do KERS que debutou na Renault já no primeiro GP do ano, sendo que a maior parte das equipes não estão ainda prontas. Lembremos que somente sete carros trouxeram KERS consigo para a primeira prova: dois Ferrari, dois McLaren, dois Renault e um BMW.
Jon Hilton era engenheiro de trem de força da equipe Renault F1, em 2007, quando a FIA confirmou que o KERS estrearia este ano. Doug Cross era o gerente de projeto do mesmo time. Ambos já trabalhavam na pesquisa de energia regenerativa quando foram demitidos da equipe, uma vez que o desenvolvimento dos motores estava congelado e não seria necessário manter mesmo tamanho de efetivo técnico. Decidiram montar a Flybrid, uma empresa de KERS, enquanto discutiam seu futuro num bar.
Seu projeto pode não ser o mais potente, por enquanto 80 cv, para serem despejados adicionalmente às rodas, por menos de 7 segundos, enquanto dizem haver "no forno" equipamentos que trarão quase 280 cv adicionais. A história deste desenvolvimento merece capítulo à parte. Argumenta-se que a quantidade de energia acumulada num carro, em uma volta, cerca 840 quilojoules (kJ), representa energia equivalente a 20 ml de combustível. Pouco, por enquanto. Mas o pacote técnico é leve e confiável e já trouxe performance interessante em disputas com carros desprovidos desse equipamento. Quem estiver interessado, pode acessar os links:
http://www.racecar-engineering.com/articles/f1/182014/f1-kers-flybrid.html
http://www.f1fanatic.co.uk/2007/09/26/kers-technology-revealed/
http://www.flybridsystems.com/F1System.html
Mas onde vou também é que essa empresa nasceu de dois engenheiros recém-demitidos da equipe Renault F1, que hoje fornecem a ela seu sistema. Outra tremenda oportunidade, tirada das mudanças. Que venham mais.







