google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)
Fotos: autor
Já à venda na Europa



Era uma vez em 2007. Um carro elétrico, o Think, estava nas minhas mãos. Durante muitos anos eu tinha escutado sobre esse projeto cheio de problemas, na época a marca estava com a Ford. Depois de alguns anos, em 2003, a Ford vendeu o projeto, que voltou para donos na Noruega.

Eu estava muito curioso para saber como poderia ser dirigir este carro que estava na fase de desenvolvimento desde 1991. A
primeira sensação de dirigir um carro sem barulho de motor eu já tinha tido alguns anos antes com um Toyota Prius.  Engatar Drive, colocar o pé no acelerador  e sair na rua sem barulho nenhum. Só que com o Prius o barulho do motor a combustão começou bastante cedo porque o motor elétrico e a bateria eram bastante pequenos.

O Think era movido a eletricidade pura, e eu saí dirigindo. Depois de um quilômetro pensei: Ai, que carro mais ruim, quem vai querer um carro desse? Certo, o carro andava,  mas era barulhento e avaliando qualquer item, o Think era bem pior de que qualquer carro normal que havia para comprar na época. Lembro que pensei: Boa sorte. Mas uma hora qualquer marca normal vai fazer um carro elétrico, que com certeza vai ser melhor de que isso, e assim ninguém vai comprar o Think.

Em 2008 começaram as vendas dos Think, e em 2012 a empresa fechou. Não sei quantos foram produzidos, só sei que foram  mais de 1.000 carros. Vendo hoje anúncios na Noruega, pode-se comprar um Think usado por uns 20 a 30 mil reais. Há também protótipos do ano 2000 para comprar e vários estão com a bateria estragada.


Anúncio recente de um Think na Suécia




Ayrton, tantos anos depois… 






(Foto www.muitomaismusica.com.br)


Conheci Ayrton Senna da Silva quando era foca de jornalismo, meados dos anos 1970, época em que freqüentava Interlagos com uma assiduidade que o tempo em forma de trânsito paulistano amainou. Eu nem ligava muito para a falta dinheiro para ser piloto ou por sequer ter habilidade mínima para convencer um patrocinador: o que interessava era estar ali, participando, vivendo a paixão. Se a falta de dinheiro foi contornada pelo trabalho de “pintar” carros de corrida com adesivos feitos manualmente, o patrocinador que garantiu minha carreira materializou-se de forma inusitada: ao coordenar o box de Otto Carvalhaes e Xandy Negrão na disputa da 1000 Quilômetros de Brasília de 1975 (vencemos na classe A, à frente de Luiz Paternostro e Vinicius Losacco; Bob Sharp venceu na geral, junto com Edgard Mello Filho), Fernando Calmon apresentou a possibilidade de trabalhar em seu programa na TV Tupi, o "Grand Prix", ao final da temporada. E por isso minha precocemente terminada carreira de engenheiro (tranquei matrícula no primeiro ano) e dois anos na faculdade de artes plásticas foram sucedidas pela tradicional Cásper Líbero, pois jornalismo também se aprende na escola.

Uma das minhas primeiras pautas para a revista Autoesporte foi mostrar a picape Galaxie com dois eixos traseiros que Milton da Silva, o “Miltão”, construiu para promover a Univel, sua fábrica de acessórios para automóveis. O carro parecia aquele March de seis rodas: o segundo eixo traseiro era só enfeite, mas impressionava horrores. A partir daí fui me aproximando da família Senna da Silva e posso dizer que eu e o saudoso Cecílio Favoretto fomos os únicos jornalistas convidados para o casamento de Ayrton com a bonita e simpática Lilian, às vésperas do seu embarque para a Europa. 
Da esquerda para a direita: Alain Prost, Emerson Fittipaldi, Rubens Barrichello e Gerhard Berger (foto superspeedway.com.br)

Parecia que ele era imortal, mas infelizmente não era. Um acidente que normalmente não teria maiores conseqüências tirou a vida de Ayrton Senna do Brasil. Nos tirou Ayrton Senna do Brasil.

É incrível que já se tenham passado 20 anos desde aquela trágica manhã (para nós) de domingo 1º de maio de 1994. A Nação entrou no maior luto da sua História. Carros trafegando mais lentamente que o habitual, nenhuma buzina se ouviu entre o acidente no GP de San Marino e o funeral quatro dias depois. Reverência total a um herói nacional e um sentimento de perda igual ao de quando um ente querido nos deixa.

Na foto de abertura, quatro companheiros de Senna nas pistas fizeram o que nunca imaginariam ou desejassem fazer, ajudar a carregar seu caixão para a última morada.
Fotos: autor



O meu andar é erótico
Com movimentos atômicos
Sou um amante robótico
Com direito a replay

Eu sempre me considerei um fã dos carros da marca francesa Citroën. Como já contei aqui, a marca tem uma longa tradição de pensamento independente que sempre admirei. Sim, depois que se tornou parte menor da Peugeot, esse pensamento independente foi podado, ajustado e reduzido a um tamanho mais agradável a seus novos donos. Mas ainda assim existe uma vontade, um desejo de ser diferente que é claramente visível a todos. Algo muito louvável, principalmente hoje em dia, onde a originalidade fica mais rara, pela simples razão de que a evolução do estado da arte automobilístico torna tudo similar.

Me peguei pensando nisso ao dirigir um dos mais interessantes carros da marca hoje em dia: o DS3. Por uma dessas agradáveis coincidências da vida, pouco depois de comprar meu primeiro Citroën (um Berlingo verde), acabei fazendo um passeio com um DS3 novinho, numa estradinha belíssima, truncada, mas de pouquíssimo tráfego.  Para você que acabou de voltar de uma viagem de dez anos a Urano, e portanto não sabe o que é um Citroën DS3, sugiro ler os posts do Bob a respeito, clicando aqui e aqui.

Mas o que significa a sigla DS3? O prefixo DS, herdado do mais revolucionário veículo dessa empresa acostumada a revoluções (o DS19/20/21/23 de 1955 a 1975), é uma recente novidade na marca, uma sub-linha diferenciada e mais cara que a linha “normal” da marca, esta facilmente identificada pelo prefixo “C”. Existe então um Citroën C3, um quatro portas familiar normal, e um Citroën DS3, um duas-portas de acabamento superior, decoração esmerada, e mais potente. Uma idéia original, sem dúvida alguma, mesmo que a pífia utilização do prefixo DS tente uma ligação que não existe com um carro do passado. O DS original era um carro do futuro, visto de 1955, e os DS de hoje são apenas carros do presente, sem nenhuma pretensão de mudar em nada o estado da arte do automóvel atual.

Mas de qualquer forma, como já disse, é uma boa idéia para os de nosso credo. Sim, preferia a criação de um novo nome no lugar do uso profano de um ícone sagrado como o DS, mas, tudo bem. Se é para trazer alguma pimenta ao árido panorama dos carros produzidos em massa, que assim seja.