Ayrton, tantos anos depois…
(Foto www.muitomaismusica.com.br)
Conheci Ayrton Senna da Silva quando era foca de jornalismo, meados dos anos 1970, época em que freqüentava Interlagos com uma assiduidade que o tempo em forma de trânsito paulistano amainou. Eu nem ligava muito para a falta dinheiro para ser piloto ou por sequer ter habilidade mínima para convencer um patrocinador: o que interessava era estar ali, participando, vivendo a paixão. Se a falta de dinheiro foi contornada pelo trabalho de “pintar” carros de corrida com adesivos feitos manualmente, o patrocinador que garantiu minha carreira materializou-se de forma inusitada: ao coordenar o box de Otto Carvalhaes e Xandy Negrão na disputa da 1000 Quilômetros de Brasília de 1975 (vencemos na classe A, à frente de Luiz Paternostro e Vinicius Losacco; Bob Sharp venceu na geral, junto com Edgard Mello Filho), Fernando Calmon apresentou a possibilidade de trabalhar em seu programa na TV Tupi, o "Grand Prix", ao final da temporada. E por isso minha precocemente terminada carreira de engenheiro (tranquei matrícula no primeiro ano) e dois anos na faculdade de artes plásticas foram sucedidas pela tradicional Cásper Líbero, pois jornalismo também se aprende na escola.
Uma das minhas primeiras pautas para a revista Autoesporte foi mostrar a picape Galaxie com dois eixos traseiros que Milton da Silva, o “Miltão”, construiu para promover a Univel, sua fábrica de acessórios para automóveis. O carro parecia aquele March de seis rodas: o segundo eixo traseiro era só enfeite, mas impressionava horrores. A partir daí fui me aproximando da família Senna da Silva e posso dizer que eu e o saudoso Cecílio Favoretto fomos os únicos jornalistas convidados para o casamento de Ayrton com a bonita e simpática Lilian, às vésperas do seu embarque para a Europa.



