Simca (centro) fatura por dentro um DKW (esq.) e Renault Gordinis atrás (foto Luiz Cláudio Nasser) |
Corridas são corridas, criam entorno movimentado, elétrico,
motivado, e nos anos 1960, quando o país sorria, como disse sábia e
analiticamente Nélson Rodrigues, abandonando o complexo de vira-latas, era caso
à parte.
Há que se lembrar, até o finzinho da década 1950, automóvel
era artigo quase inatingível, raro, caro, e corridas com eles só para os playboys de
pais endinheirados, permitindo-se o desfrute de arriscar a integridade daquele
objeto de desejo de esmagador percentual da população pedestre. Corridas de
automóveis quando o único autódromo era o de Interlagos, em São. Paulo,
disputavam-se em circuitos de rua, inseguros por deficiência no planejamento e
execução da segurança. Creio, testemunha de época, ficar na beirada da calçada,
especialmente nas curvas, para ver passagens, pegas, disputas, derrapagens,
quase acidentes e acidentes, na verdade arriscando a vida, fazia parte da
estamina, tanto de quem corria, quanto de quem assistia ao usufruto daquelas
mágicas carruagens de sonho. Pintadas, decoradas, barulhentas, transportando os
devaneios de todos.
No Goiás
No cenário pobre porém entusiasmado dos anos 1960, quando o
Brasil descobria o ente automóvel e o início da democratização de seu usufruto,
no panorama dos veículos aqui produzidos — tempo de recordistas 99% de
nacionalização — haviam núcleos dedicados às diversas marcas. São Paulo, meca
do negócio, destacava-se pela preparação e melhorias de desenvolvimento para
Renault Gordini e DKW-Vemag. Petrópolis, a Cidade Imperial, era base de
desenvolvimento dos FNM 2000 JK — simples, a Fábrica Nacional de Motores,
sua produtora, ficava no plano, a raiz da serra. Simca era assunto
para Porto Alegre, especialmente porque Breno Fornari, projetista mecânico,
corredor, transportou seu talento e conhecimentos na preparação de Fords com
válvulas no bloco, os 8BA, 3.700 cm³, para os Simca Chambord, recentemente
lançados, e com motor assemelhado e quase 2.400 cm³.