A primeira lembrança que eu tenho de um sistema de som automobilístico remonta ao Passat LS 1979 que meu pai teve no começo da década de 80: toca-fitas Pioneer TP 900, amplificador/equalizador Tojo GR 100 de não sei quantas faixas e quatro alto-falantes Arlen. Meu pai era um audiófilo e levava o assunto tão a sério que o sistema de som do Passat era na verdade uma extensão do que havia em nossa sala de estar.E não era pouca coisa: um sem número de discos de vinil, que só giravam em picapes Technics com cápsulas japonesas e agulhas de última geração. Caixas Polyvox, toca-fitas de rolo Akai, equalizadores Cignus e litros de álcool isopropílico, com as almofadinhas próprias para limpar os discos e fitas. Foi uma das primeiras pessoas no Brasil a ter um CD Player Sony, para espanto das visitas, que ficavam sem entender como cabia tanta música em um lado só de um disquinho tão pequeno.
Cresci nessa ambiente, em que ouvir música era mais que um hobby: limpar os discos, curtir suas capas e colocá-los cuidadosamente no prato da picape era quase uma terapia. Apesar da potência dos sistemas de som, nunca vi meu pai ouvindo música em alto volume: o velho me explicava que o que realmente importava era a qualidade do som, o arranjo das caixas, os tipos de alto-falantes e suas respectivas freqüências etc. Cada tipo de música exigia uma afinação diferente do equalizador.


