google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)



Bob Sharp e Paulo Keller fazem uma dupla avaliação do Chevrolet Agile LTZ com muitas fotos e vídeo com o Bob Sharp.

Sendo um fotógrafo autoentusiasta, o Leo Sposito prontamente atendeu nosso convite para uma exposição de suas fotos aqui no blog. Através do seu olhar, técnica e equipamentos, além de uma apurada técnica de edição, ele produz imagens incríveis. Ele mesmo construiu seu rig, um equipamento especial para fazer fotos de carros em movimento. Já tem destaque na comunidade virtual e recentemente fez trabalhos para as revistas Driver e Full Power. Faz ensaios especiais, sob encomenda, para autoentusiastas que querem imortalizar seus carros.  

Abaixo está uma exposição de 20 fotos com um breve comentário do próprio Leo sobre cada uma delas.

MEU 206
Foi meu primeiro carro, e minha primeira foto de carro. O Photoshop me ajudou na falta de coragem de rebaixá-lo de verdade. Tenho saudades "visuais" do carro, mas nenhuma saudade "mecânica" dele.



Todos os anos em Laguna Seca (Califórnia) é realizado um dos maiores eventos de carros antigos de corrida do mundo, juntamente com Goodwood na Inglaterra. Ano passado acompanhamos o evento de perto, é sensacional e faz qualquer entusiasta passar por um exame cardíaco instantâneo.

Este ano, alguns carros chamaram a atenção por não serem tão comuns nestes eventos, ou mesmo por serem projetos diferentes, ou apenas porque gostamos deles. O primeiro grupo, que é a homenagem anual, foi para o piloto/projetista/dono de equipe americano Dan Gurney, que vemos na primeira foto deste texto.

O Flavio Gomes é o primeiro convidado para a semana do aniversário de dois anos do AUTOentusiastas. Veterano na internet é um dos blogueiros autoentusiastas (entre outras coisas) de maior sucesso. Gentilmente nos enviou um texto sobre sua paixão.


Eles fazem sorrir
Por Flavio Gomes

Não queira ter uma relação com seu carrão cheio de botões, reboque cromado para não puxar nada, flex powers, trios elétricos, fly by wire, e ABS igual à que eu tenho com os meus. Você vai perder.

Meus carros têm nome, eu converso com eles e entendo o que se passa no seu coração. Ninguém olha para você nesse esquife filmado com vidros escuros como o breu. Para mim, todos olham e acenam.

Se o seu carrão pifar no meio da rua, ou numa estrada no fim do mundo, ninguém vai parar para te ajudar. E se alguém se aproximar, você vai achar que é ladrão. Se um dos meus estancar no meio da avenida mais movimentada de São Paulo , vem um monte de gente para empurrar. E é o pai de um que teve um igual ao meu, o tio do outro que dirigia um táxi idêntico, a avó de um terceiro que ainda tem o seu guardado na garagem que só usa para ir à feira, e se eu não souber o que fazer para ele pegar de novo, alguém saberá.

Meu kit de sobrevivência nas ruas é barato. Um joguinho de ferramentas, desses que se compram em camelôs, com uma chave de fenda, um alicate, algumas chaves de boca. Um frasco com gasolina para jogar no carburador de vez em quando, um galão de água para refrescar o radiador. Oh, que coisa mais primitiva, dirá você.

OK. Tenha uma pane no seu carrão eletrônico para ver o que acontece. Nem tente abrir o capô. Você não sabe o que tem lá dentro. Cuidado, ele pode te engolir. Torça para o celular estar com o sinal pleno e chame um guincho, a seguradora, o papa. Sente e espere. Seu carrão só vai funcionar de novo quando conectarem um laptop nele. E prepare o talão de cheques.

Meus carros, não. Têm carburadores, distribuidores, diafragmas, bobinas e velas, tudo à vista. Sei quando o piripaque é na bomba de gasolina. Sei quando é sujeira da gasolina. Sei assoprar um giclê. Sei onde fica o giclê. Aliás, sei o que é giclê. Procure algo parecido na sua injeção eletrônica.

Seu carro é um emérito desconhecido, sem história ou currículo. Os meus têm 40 anos ou mais, já passaram por muita coisa nessa vida, e quando saíram de uma concessionária, décadas atrás, estacionaram na garagem de alguém em forma de sonho realizado. Carro fazia parte da família, antigamente.

Ah, mas o meu tem ar-condicionado, disqueteira e controle de tração, dirá você. Sim, mas você nunca terá o prazer de dirigir de vidros abertos e cotovelo para fora da janela, meu rádio toca as mesmas músicas, e não me faça rir com o seu controle de tração. Quantas vezes ele foi necessário?

Além do mais, existe um negócio chamado prazer. Prazer de ter algo que lhe é caro e precioso, mesmo que não valha muita coisa. Carros iguais ao seu todo mundo tem. Vejo aos milhares todos os dias, e nenhum deles tem a cara do dono. Os meus têm. E quando eles quebram, eu mesmo conserto. E eles me agradecem andando de novo, fazendo com que as pessoas sorriam quando passam, fazendo barulho e soltando fumaça.

Não há nada como um automóvel que faça alguém sorrir.


Nota: esse texto foi feito originalmente para a Revista Quatro Rodas Clássicos e cedido pelo autor para publicação no AUTOentusiastas.