Que Gordon Murray é um gênio pouca gente duvida. O amigo Belli já falou dele aqui, chamando-o de “Gênio da camisa florida”, e eu mesmo já escrevi algumas páginas sobre ele aqui, quando falei de sua maior criação, o fantástico McLaren F1 (abaixo).

A vida depois do Mclaren F1 deve ter sido difícil para Murray. Afinal de contas, o que fazer depois daquilo? Depois do mais incrível carro de entusiasta já criado, o mais veloz e sensacional bólido que já andou pelas ruas, e ainda por cima vencedor em Le Mans, o que poderia vir?
Mesmo Ron Dennis, o empregador de Murray, ficou meio sem rumo, mesmo porque além de superlativo o F1 não tinha sido o sucesso esperado. A Mclaren e seu engenheiro-chefe acabaram fazendo o Mercedes SLR, um carro magnífico, é claro, mas sem o impacto que teve o F1. Na verdade, a experiência com a Daimler-Benz foi provavelmente a primeira vez em que Murray teve que fazer um projeto para alguém, tendo que respeitar as regras e ditames deste “patrão” e não responder apenas a seus altos padrões próprios. Como já falei de Lefebvre, um gênio só é um gênio se trabalha em liberdade...
Murray estava demasiadamente acostumado a ser livre, e depois do SLR resolveu que permaneceria assim; abandonou Dennis e a McLaren e abriu uma empresa de consultoria própria, a Gordon Murray Design. Logo anunciou que apresentaria um novo carro pequeno, que seria uma revolução tão grande como foi o Mini original em 1959. Modesto sabemos que nosso amigo não é... Mas todo entusiasta que se preza ficou interessado e curioso para saber o que tramava Murray.
A ideia de um Mini moderno é realmente atraente. Esqueçam o carrinho fashion que a BMW vende hoje como MINI, o que o carro de 1959 fez foi, de uma vez só, revolucionar o jeito de se construir carros e o modo como utilizar eficientemente o espaço interno. Se hoje todos andamos com carros de motor transversal dianteiro e tração idem, em carros que dedicam a vasta maioria do seu espaço para ocupantes e bagagem, temos o Mini e seu criador, Sir Alec Issigonis, a agradecer. Um novo Mini de verdade teria que fazer isto novamente, mudar tudo.
Aos poucos, Murray foi soltando detalhes de sua ideia de futuro, usando interessantíssimos dioramas e miniaturas. Vejam abaixo:
Mesmo Ron Dennis, o empregador de Murray, ficou meio sem rumo, mesmo porque além de superlativo o F1 não tinha sido o sucesso esperado. A Mclaren e seu engenheiro-chefe acabaram fazendo o Mercedes SLR, um carro magnífico, é claro, mas sem o impacto que teve o F1. Na verdade, a experiência com a Daimler-Benz foi provavelmente a primeira vez em que Murray teve que fazer um projeto para alguém, tendo que respeitar as regras e ditames deste “patrão” e não responder apenas a seus altos padrões próprios. Como já falei de Lefebvre, um gênio só é um gênio se trabalha em liberdade...
Murray estava demasiadamente acostumado a ser livre, e depois do SLR resolveu que permaneceria assim; abandonou Dennis e a McLaren e abriu uma empresa de consultoria própria, a Gordon Murray Design. Logo anunciou que apresentaria um novo carro pequeno, que seria uma revolução tão grande como foi o Mini original em 1959. Modesto sabemos que nosso amigo não é... Mas todo entusiasta que se preza ficou interessado e curioso para saber o que tramava Murray.
A ideia de um Mini moderno é realmente atraente. Esqueçam o carrinho fashion que a BMW vende hoje como MINI, o que o carro de 1959 fez foi, de uma vez só, revolucionar o jeito de se construir carros e o modo como utilizar eficientemente o espaço interno. Se hoje todos andamos com carros de motor transversal dianteiro e tração idem, em carros que dedicam a vasta maioria do seu espaço para ocupantes e bagagem, temos o Mini e seu criador, Sir Alec Issigonis, a agradecer. Um novo Mini de verdade teria que fazer isto novamente, mudar tudo.
Aos poucos, Murray foi soltando detalhes de sua ideia de futuro, usando interessantíssimos dioramas e miniaturas. Vejam abaixo:

O Mini de Murray será realmente pequeno. A foto acima mostra seu tamanho em relação a alguns carros pequenos atuais.

Baixo peso também é um ponto básico do projeto. O novo Mini do outro lado da balança não é acaso...

Novamente, o Mini atual perde do de Murray; desta vez na complexidade e número de peças.

Obviamente, um carro moderno tem que ser capaz de enfrentar uma barreira imóvel com poucos danos a seus ocupantes. O diorama acima mostra que o novo carro é equivalente neste quesito a um carro médio normal (um Focus 1!!!).

Acima, três carros na vaga de um. Lembranças das Isettas nos anos 50... Abaixo, uma das ideias mais controversas de Murray: numa faixa onde cabe apenas um carro normal, dois de seus estreitos carros podem rodar. Quase como uma moto.

Finalmente, no final do mês passado, o carro foi finalmente revelado. Chamado de T.25, basicamente o carro parte do mesmo princípio que Murray criou para o Mclaren F1, chamado aqui de iCentre: três ocupantes, com o motorista um pouco à frente dos dois passageiros, bem no meio do carro. É uma ideia realmente boa, como o F1 provou, aproximando os três ocupantes e permitindo um ocupante a mais numa largura de carro normal (1.800 mm no F1, pouquíssimo num carro daquele tipo). No seu novo carro, Murray levou este esquema a seu extremo: o carro mede apenas 1.300 mm de largura.

Some-se isto ao comprimento de 2.400 mm (a distância entre eixos do Fusca) e se tem um carro realmente pequeno, mas que pode levar três pessoas e 160 litros de bagagem, ou um passageiro e 720 litros, como se pode ver no esquema abaixo.

Outros detalhes são: suspensão independente nas quatro rodas, baixo CG e um pequeno tricilíndrico de 660 cm³ de cilindrada e 52 cv, montado baixo em posição central-traseira, acoplado a um transeixo de cinco marchas semi-automático. A direção é de pinhão e cremalheira sem assistência, e o carro pesa apenas 575 kg. Os números de desempenho são: 0-100 km/h em 16,5 segundos e uma velocidade final limitada a 145 km/h. O tanque de combustível comporta 30 litros, e a média de consumo em uso misto declarada é de 26 km/l.

Murray diz que a estrutura do carro e seu método construtivo serão revolucionários, permitindo fábricas menores e investimento em ferramental reduzido, mas dá poucos detalhes deste sistema que está em processo de patenteamento. O que pode se concluir com as informações existentes é que é uma estrutura tubular em aço, e grandes peças plásticas, muito provavelmente em termofixo reforçado com alguma fibra.
O acesso ao interior do carro é feito basculando-se para frente a frente inteira. O carro é realmente diferente e estranho à primeira vista, mas realmente interessante. Para os fãs de Murray como eu um detalhe salta aos olhos: o primeiro protótipo é designado XP1, como era o primeiro McLaren F1!

Mas será que será uma revolução como foi a do Mini original?
Pessoalmente acho que Murray foi um pouco longe demais. O Mini foi revolucionário, mas ainda era um carro como qualquer outro. Tinha duas portas, uma de cada lado, e carregava seus cinco passageiros nas posições tradicionais. Não sei se o povo está pronto para uma nave espacial como o carrinho de Murray. E será que este esquema de dois carros por faixa dará certo?
Outra coisa que aconteceu com o Mini foi que, por ser um carrinho normal em miniatura, e bonitinho, acabou por se tornar um acessório de moda, a se tornar um ícone fashion da Londres dos anos 60. E por ser baixo e ultraestável, se transformou também num ícone entre os amantes do automóvel. Issigonis não previu nenhum desses efeitos ao projetar o carro; mas eles com certeza foram importantíssimos para seu sucesso. O Mini da BMW, atual, se baseia apenas nessas duas características, e é um tremendo sucesso, mesmo sem ser revolução alguma.
Não sei se dará certo, mas tenho que aplaudir a tentativa. Como já disse aqui, chega de olhar ao passado e vamos tentar achar o futuro do automóvel. Pessoalmente não acredito muito no sucesso desta tentativa de Murray, nem muito menos na versão elétrica que ele promete em seguida. Mas tenho que dar os parabéns à coragem e iniciativa dele, e torcer para que eu realmente esteja errado. O futuro é o que fazemos dele, e eu não quero para nós um futuro que seja uma caricatura do passado.
Pelo menos, ele está tentando algo. Já é mais do que faz todo o resto da indústria.
MAO
Pessoalmente acho que Murray foi um pouco longe demais. O Mini foi revolucionário, mas ainda era um carro como qualquer outro. Tinha duas portas, uma de cada lado, e carregava seus cinco passageiros nas posições tradicionais. Não sei se o povo está pronto para uma nave espacial como o carrinho de Murray. E será que este esquema de dois carros por faixa dará certo?
Outra coisa que aconteceu com o Mini foi que, por ser um carrinho normal em miniatura, e bonitinho, acabou por se tornar um acessório de moda, a se tornar um ícone fashion da Londres dos anos 60. E por ser baixo e ultraestável, se transformou também num ícone entre os amantes do automóvel. Issigonis não previu nenhum desses efeitos ao projetar o carro; mas eles com certeza foram importantíssimos para seu sucesso. O Mini da BMW, atual, se baseia apenas nessas duas características, e é um tremendo sucesso, mesmo sem ser revolução alguma.
Não sei se dará certo, mas tenho que aplaudir a tentativa. Como já disse aqui, chega de olhar ao passado e vamos tentar achar o futuro do automóvel. Pessoalmente não acredito muito no sucesso desta tentativa de Murray, nem muito menos na versão elétrica que ele promete em seguida. Mas tenho que dar os parabéns à coragem e iniciativa dele, e torcer para que eu realmente esteja errado. O futuro é o que fazemos dele, e eu não quero para nós um futuro que seja uma caricatura do passado.
Pelo menos, ele está tentando algo. Já é mais do que faz todo o resto da indústria.
MAO
